segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Cozinhar é meio como amar

Não estou inspirada. Então, se não quer ler masi um texto sem graça e super sem criatividade, vai dar uma volta, porque é o que tem pra hoje. Não estou de mau humor, definitivamente. Mas não absolutamente iluminada.

Eis, senhoras e senhores, a semana do Natal, a data tão esperada.

De sábado (eu vou lembrar pra sempre do Espina dançando comigo e a Norma haha) pra domingo (em que a loja abriu) dormi quase quatro horas, num sofá de dois lugares. Foi péssimo, acordei com dor nas costas e chateada. Não descansei nada, estava ligeiramente bêbada (é brinks) quando levantei e fui trabalhar. Felizmente, não precisei atender ninguém. Lá pelas dez e meia, escapei da loja pra providenciar um almoço decente com cara, gosto e porcentagem de gordura digna de um domingo.

Cozinhar é meio como amar. Acima de tudo, é necessário saber que nenhum desses verbos se aprende facilmente, nem são adquiridos ao nascer: é necessário que se viva e que se estude e que se tente muito, pra aí sim, conseguir um ou outro resultado mediano.

Pra mim, cozinhar é meio como amar. É preciso prender os cabelos e lavar bem as mãos - encher-se de coragem, vontade e um bocadinho de desejo, de água na boca. É preciso pensar, refletir, escolher. A seleção é importante: dependendo dos ingredientes disponíveis, a receita, o sabor, a delícia, o doce ou o amargo, será diferente.

Depois, faz-se necessário livrar-se das impurezas, dos defeitos das frutas e legumes e verduras. É preciso picar, afiar bem a faca e arrancar tudo fora. O ciúme, o rancor, o desrespeito, o individualismo, a maldade. Nessa operação, no entanto, é preciso cuidado. Muitas vezes, acabamos, ao tentar, arrancando parte de nós mesmos - dedos ou corações às vezes saem machucados.

É preciso criatividade e jogo de cintura: pra um bom amor ou um bom almoço. Transformar o macarrão que sobrou de ontem, umas batatas, salada e carne num almoço delicioso como o feito por uma avó, é algo surpreendente, como transformar um amor que sobrou de ontem e já perdeu um pouco o sabor e a temperatura, em algo prezeiroso, de fazer salivar e querer repetir. É difícil, mas dá pra fazer.

Eu gosto de cozinhar porque, acima de tudo, gosto de ficar sozinha com meus botões - essas vontades incontroláveis de atividades domésticas, como cozinhar, limpar, arrumar,... são próprias de dias pouco iluminados - mas também porque gosto, simplesmente, de agradar as pessoas.

Assei umas batatas grandes, cortadas ao meio, cobertas por margarina. Elas douraram e ganharam um sabor suave. Coloquei-as todas bonitinhas num prato de cerâmica e ralei queijo por cima, depois reguei com um pouco de azeite de oliva extravirgem e, pra finalizar, sal, orégano e azeitonas.

A carne, fraldinha ou qualquer coisa assim, temperada com (muito) sal grosso, foi assada no forno, embrulhada com papel alumínio, durante umas duas horas e meia e estava derretendo. Mérito do meu pai.

A salada foi delicadamente preparada com aquela faca afiada, cenouras e tomates cortados em rodelinhas, bem fininhas. Alface.

Macarrão de ontem, nunca deve ser esquentado no microondas, fica a dica. Fica com gosto de papel, horrível. Esquente numa panela, no fogão, mexendo sem parar, pra não grudar. Frite calabresa e misture. Coloque azeitonas picadas pra dar uma graça. Quando estiver no recipiente que será posto à mesa, rale bastante queijo sobre o macarrão e deixe que ele derreta, apaixonadamente.

Procure fazer tudo sozinho e em silêncio, talvez na companhia de um rádio e alguns passos de dança.

Se morasse sozinha e minha mãe não fosse ver, cozinharia bebendo aquela garrafa de vinho e, ontem, teria almoçado sozinha.

Beeijos, Jaqueline.

4 comentários:

Unknown disse...

hahahhaha!

Muito bom seu texto, cretina!
Muito bom mesmo. Me serve em grande parte.
Só tenho uma pergunta:

Você cozinha do msm jeito que ama, ou o contrário?

hahahahha!

Seu texto me deixou uma outra dúvida:

Onde eu sou pior, no amor ou na cozinha?
hahahahha!
prefiro acreditar q me desentendo com as panelas ;)

seu textos estão cada vez melhor!
parabéns!
bjão!
S2

Eliel Carvalho disse...

Simplesmente divino... Quando um autor chega ao mais interior de seus leitores ele consegue tirar dele as mais sinceras emoções.

Meus parabéns e continue cozinhando, o amor deve ser sempre assim bem regados de azeite, doce como o chocolate e de vez enquando temperado com uma boa pimenta.

Beijos minha grande amiga

Rosi Ribeiro disse...

Sei que deveria ter sido ao contrário, mas este é o primeiro texto seu que li. E sim, isso é vergonhoso!
Mas em cada palavra que eu li consegui ver aquela Jack que divagava com seus próprios pensamentos (de tantos que eram)e mesmo assim conseguia encantar (deslumbrar e confundir) todos os que estavam a sua volta.
Amei Jack, parabéns!!
E prometo que vou ler tudo que você postou e comentar!xx
p.s. Não é promessa de fim de ano, que nunca é cumprida,essa verdade ok?
bjos
Rose

Rodrigo disse...

Muito bom, faz pensar...

Acho q preciso me dedicar mais as duas atividades...

Comprar um fogão seria um começo, mas o vinho já tenho!

Ps. Achei q ia ter alguma menção ao Sazon!