segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

um sonho verde e rosa [parte 1]

Foi tão mágico que adiei a escrita desse texto, com medo de não encontrar adjetivos suficientes pra descrever. Ao mesmo tempo em que cada detalhe foi pensado, escolhido a dedo, planejado, sonhado, tudo aconteceu naturalmente: sem poses, sem protocolos, sem frescuras. 





Lembro da sensação de estar no carro, vendo a chuva cair e o semáforo fechar e a hora correr. Foi aí que comecei a ficar nervosa. O frio ia tomando o estômago e o vestido apertado não ajudava muito na missão de manter a respiração lenta e profunda. Decidi colocar uma música da nossa playlist. Escolhi Partilhar, depois Medo Bobo, depois O Peso do Meu Coração... aos poucos, a chuva foi passando e o nervoso também...

Quando cheguei em frente à igreja - a mesma em que cresci - diante da mesma escadaria onde tivemos nossa primeira conversa ao vivo, nosso primeiro encontro... Os sentimentos afloraram e me segurei pra não chorar ali mesmo. Vi nossos amigos de gravatas e vestidos verdes, tão lindos, vi meus pais, vi seu pai (o que quase me fez chorar de emoção por imaginar sua surpresa!) e vi você! Nervoso, não parava quieto... andava de lá pra cá. Te achei lindo e quis abrir o vidro, mas lembrei que a noiva é uma espécie de surpresa...

Fiquei observando essa cena, com carinho. Dali a pouco as músicas começaram e as pessoas começaram a entrar. Foi preciso apenas duas notas de "Dia Branco" pra meus olhos se encherem d'água (calma, Jaqueline, se concentra!). Que lindo foi ver as entradas ali, da 'coxia'...

Quando chegou minha vez de sair do carro... Foi uma sensação bacana ver meu pai antes de encontrar qualquer pessoa. O homem que me criou e me ensinou quase tudo e que é um exemplo e uma referência pra mim, ali, me estendendo a mão. Ele parecia tão feliz e estava tão lindo de terno...!  

Entrar na igreja foi uma emoção à parte. Eram tantos sorrisos que quase não conseguia me concentrar nos olhos chorosos lá do altar. As pessoas todas estavam ali reunidas: gente que, em outras circunstâncias, não estariam no mesmo evento. Família de perto e de longe, amigos do trabalho, amigos da dança, amigos da arte, amigos de infância. Meus e do Gui. Uma miscelânea de gente querida, de gente fina, elegante e sincera! 

Entrei e vi as flores, as fitas, os arranjos e sorri um pouco mais rasgado. Recebia carinho em cada passo...

Vi Guilherme secar os olhos, carregar um lenço em uma das mãos. Abraçou meu pai - e jamais imaginaria até viver o quanto esse momento é simbólico: pela confiança, pelo respeito, pela aceitação de alguém novo na família.

Ele me olhava com aqueles olhos de mergulhar - azuis da cor do céu, nesse dia - e eu quase que não conseguia olhar para o padre e me concentrar no que era dito (queria apenas ficar admirando aquele belo exemplar de homem, naquele belíssimo terno azul, barba feita e emoção à flor da pele. 

A gravata dele estava torta e fiquei pensando se seria de bom tom interromper a cerimônia pra ter uma boa desculpa para levar ambas as mãos ao seu colarinho e ajeitá-la, sorrindo sem levantar o olhar - foi o que fiz assim que o pároco nos colocou frente a frente. Fiz e fiz rindo por dentro, de imaginar a cena da ótica do público. 

E eu, que curto mesmo é ficar empoleirada naqueles braços, fui me achegando pra perto e mais perto dele, pra ver de pertinho e, quem sabe, sentir seu perfume. 



Foi uma cerimônia simples, sem floreios, que acabou logo, com abraços e fotos. Em algum momento me perguntei se alguém estava ouvindo o que o padre falava, pois o microfone parecia desligado (cadê o retorno no palco, produção?). Eu e o Guilherme  nos olhávamos e sorríamos e foi muito fofo. 

Na saída, coloridas bolas de sabão nos esperavam, com todas as pessoas de verde e coisa e tal. Erguemos as mãos num interno "aeee caraioooo" e rimos! 

Minha maior lembrança desse dia (tirando os pulmões esmagados no espartilho) foi a quantia de risadas... As pessoas gritaram e aplaudiram e sorriram!  Descemos as escadas, como era o combinado, atravessando o corredor de bolotas de sabão. 

E aí, nesse momento, aconteceu a parte mais divertida até então. Marido olhou pra mim e disse: "E aí, vamos?"  e eu disse "vamos!"

Eis que ele arranca o buquê da minha mão e o entrega pra primeira pessoa à vista, a Fabiana, dizendo: "Segura aqui, que essa parte nem você sabe que vai acontecer!" 






Ela pegou o buquê sem entender nada. Da mesma forma, catei a barra do meu vestido e o noivo me segurou pelo braço. E corremos! Fugimos! Dos protocolos, das regrinhas, das frescuras...! E fomos de encontro com o que realmente importava pra nós, pra simplicidade do que é real... Gargalhávamos sem dó ao entrar no Empório Plano Bê, onde Coca Cola e Stella Artois nos esperavam. Brindamos! Sei que nem bebi toda a cerveja, mas aquele gole, aquele primeiro gole, foi de uma alegria sem fim. Pela tontice, pela brincadeira, pela sede que o frio na barriga deu e que a cerveja gelada veio matar...! 

É o que sempre digo: "se não te permite a idiotice, não case!" 

O Empório também fez parte do nosso primeiro encontro e, honestamente, adorei fazer o primeiro brinde por lá. Estava tão entretida que nem vi o fotógrafo registrando o momento. Na real, não estava nem um pouco preocupada com fotos... Estava só vivendo o momento! Feliz como nunca...! 



E antes de ir pra comemoração desse momento lindo, conseguimos essa foto, com a qual tanto sonhei. A foto que me fez decidir ir de véu e grinalda. Uma das realizações desse dia... Com certeza, uma lembrança eterna da magia que foi esse dia...






Fotos: Fabio Bueno, Marcel Batroff e Josiele Bueno