terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Que 2015 não seja 2014

Num mundo onde impera a descrença, fica cada vez mais difícil acreditar em 'resoluções de ano novo' ou em esperanças e paz que se instaurem, assim, de repente. Mas eu lembro bem do que Sartre disse. Somos os únicos responsáveis: pela alegria e pela tristeza. Não tem absolutamente nenhum fator externo nem nenhuma outra pessoa no mundo que possa resolver nossa vida pra nós - ou destruí-la. Essas coisas só acontecem a partir do momento em que permitimos que aconteça e, assim, continuamos sendo os únicos responsáveis. 

Então, como não ansiar por um ano novo, com novas oportunidades, novas histórias, se sabemos que temos o poder de fazer isso acontecer?

Ok, de fato, todo ano é igual. São segundas sonolentas e terças monótonas, quartas e quintas ansiosas, sextas cansadas, sábados corridos e domingos entediantes. Tudo bem que ano que vem vai ter aniversário, páscoa, feriados prolongados, muita Netflix e outro Natal. Mas quem disse que você precisa tomar o mesmo café na mesma xícara sentado do mesmo lado da mesa todos os dias? Hum? Quem disse que você precisa trabalhar no mesmo lugar, falar com as mesmas pessoas, comer as mesmas coisas toda vez que vai no shopping e fica em dúvida perante aquela enorme gama de opções?

Ninguém.

Uhum, pois é.

São viagens diferentes, cursos diferentes, músicas diferentes. São sons, sites, signos. Filmes, livros, cores, piadas. São novas cervejas. Novos capuccinos. Novos sabores de sorvete. Novas exposições. Museus. Coreografias. Há tanto pra conhecer, tanto pra ver, tantos lugares pra ir... que seria um gigantesco desperdício fazer um ano igual ao outro.

Não podemos nos contentar em ver as mesmas coisas sempre. Em estar todas as vezes nos mesmos lugares. Em ler sempre os mesmos autores.

Quero que 2015 seja diferente. Sempre queremos anos melhores, mais completos. Eu só quero aprender coisas novas - pela dor ou pelo amor, que a gente sabe que vem as duas, sempre. Quero a novidade, a mudança, a transformação. Quero o progresso, quero o esforço, quero a conquista. Quero a leveza de dias e horas calmas e felizes. Quero tocar alaúde com os quadris. Quero alçar voo pra mais um pedacinho do mundo, do Brasil.  Quero mergulhar de cabeça no que traz alegria e serenidade. Abraçar com força oportunidades que deixei passar em 2014...

Quero que 2015 seja outro. Que não seja 2014. Que seja mais suave. Com noites de sono mais tranquilas e manhãs mais calmas. Que os objetos parem de criar asas e que as pessoas poupem suas cordas vocais umas com as outras (a menos que a gritaria seja de tanto rir, bebendo com as amigas - a gente sempre grita).

Que possamos nos proteger da aspereza da alma alheia e inventar motivos pra sorrir.

Enquanto isso, vamos aguardar o Natal.



sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Psicopatologia

Significado de Ansiedade

s.f. Desconforto físico e psíquico; excesso de agonia; aflição.Figurado. Desejo intenso e impetuoso: com ansiedade esperava por seu médico.Figurado. Ausência de tranquilidade; que demonstra ou possui medo e/ou receio: demonstrava ansiedade e precisava sair imediatamente dali.Psicopatologia. Condição emocional de sofrimento, definido pela expectativa de um acontecimento inesperado e perigoso, à frente da qual o indivíduo se acha indefeso.(Etm. do latim: anxietas.atis)



Depois de duas noites sem dormir, preciso dizer. Pra quem acha que minha psicopatologia não é justificada, lá vai. Quando se é jornalista, fotógrafa, bailarina, aluna, filha, babá, namorada, promotora de eventos e viagens, motorista e tal fica meio impossível não surtar. São muitos detalhes.

Hoje tem sarau. Então ontem foi mais ou menos assim: tenso.

Você tem que pensar na música que vai dançar. Na roupa que vai usar. No alfinete que sumiu e que você precisa pra saia não cair. Do grampo que você precisa pra prender a franja. Da pulseira brilhante. Da roupá da outra coreografia. Onde tá mesmo aquela sacola cor de rosa bonita, pra eu por as coisas? Porque eu não vou levar meus trajes divônicos em sacolinha de supermercado né. Ah meu Deus, a maquiagem. Eu passo protetor solar antes da maquiagem? Faço a maquiagem no almoço e deixo ela derreter durante a tarde e a noite só retoco ou deixo pra fazer a noite quando chegar no evento? Ah meu Deus, preciso lavar o cabelo. Agora tem que secar. Parece que não ta bom. Meu cabelo parece oleoso? Acho que tá esquisito. Vou passar chapinha. Ah Jesus. Não fiz os patês. E esse liquidificador que não funciona? Ah, tanto faz. Hum ficou gostoso. Gente, vocês gostam de patê de azeitona? Ficou bom hein. Olha o Whats, olha o patê, mexe o patê, mexe no celular. Põe música. Acho que vou mudar minha música. Devia ensaiar mais meu solo. Como chama minha música mesmo? Ela sumiu do celular.. Ahn... Ensaio o solo ou faço o patê? Faço o patê. Amanhã tenho que comprar alfinete. Será que passo esmalte? Hum. Melhor levar a sapatilha, vai que o chão tá muito gelado. Levo só a saia roxa ou levo a amarela também? Então amanhã não posso esquecer de pegar as sacolar, por no porta mala e lembrar de falar pra Thaís não esquecer de por no porta mala da Ju. AH JESUS, NÃO GRAVEI OS CDS. Re, onde você mora? Me passa o endereço pra eu programar o GPS. Isso. Gravei os cds. Merda, esqueci da música do pandeiro. Gravo outro cd. De boa. Será que vai chover? Se chover, ferrou, não tenho guarda chuva. E pior; vou ter que refazer a maquiagem. 

Aí domingo tem show de bailarinas sensacionais na Khan el Khalili, em São Paulo.

Bom, convites: ok. Será que é bom imprimir o comprovante? É, melhor. VAI QUE a moça não separou meus convites... (imagina a cena toda pro caso da moça não ter separado os convites). Melhor imprimir. Preciso pegar o endereço e programar o GPS. Aí já vejo com a Ju quanto dá de gasolina pra cada uma. Comprei saia nova, mandei ajustar e ficou apertadíssima, mas vou com ela mesmo assim. Não, acho que vou de calça. Mas se tiver calor vou me ferrar. Bom. Preciso ver com a moça quem vai levar a roupa de dança que comprei. Preciso sacar o dinheiro pra pagar a moça e o pedágio. Preciso começar a me arrumar às 16h. Não, às 15h é melhor. Será que a Nur vai me reconhecer? Claro que não, ela tem mil fãs e eu sou só a doida do Facebook que sonha coisas bobas. E a Ju? Ai, será que ela vai lembrar da gente? Fomos no work, no Núcleo... Ainn... será que ela vai dançar derbake ou clássica? Será que conseguimos tirar fotos com elas depois? Humm... 

Aí quarta/quinta é Natal.

Será que meus pais vão estar de boa? Será que vai ter chilique? Podíamos comer pizza... Mas se eu falar isso já viu: maior falatório. Blá blá blá, mimimi... Bom. Vou pra casa do Celso então. Ele disse que não vai ter ceia. Isso quer dizer que preciso abrotar missão saia nova. Mas tudo bem, uso na KK, se conseguir respirar. Bom, combinamos de não dar presentes, então nem tenho com o que me preocupar. Mas não custa fazer um doce né. Hum: Charlotte de Frutas Vermelhas. Jesus. Como vou saber quando o creme está a 52º C? Vira fazer mousse de maracujá mesmo? Argh. Quem come mousse no Natal? Aff. Já sei. Vou dizer que no dia seguinte vou madrugar pra pegar avião e que to checando as malas e por isso não fiz a Charlotte. Tão facinha...

Aí depois do Natal, tem a viagem.

Malas. Roupas. Malas que não precisem despachar. Travesseiros de pescoço. Unhas postiças. Manicure. Pedicure. Testa cabelo pro casamento. Testa maquiagem. Três opções de brincos. Pulseiras novas, pro caso de escolher o brinco três. JESUS, MEUS GRAMPOS DE CABELO ESTÃO TODOS ABERTOS! Preciso comprar amanhã. Compra esmalte. Vou levar dois, caso um não cubra bem as unhas postiças. Compra lápis de sobrancelha. Compra sombra dourada e nude pra Mariana. Hum. Qual papel eu imprimo das passagens? Argh. Não pode esquecer o carregador. Nem o fone de ouvido. Nem a máquina fotográfica. Nem os documentos. Nem o dinheiro. Nem o endereço do Hotel. O convite do casamento. Preciso por crédito no celular. Vou ver mais um tutorial da Julia Petit. Manda email pro hotel perguntando da lavanderia.  Manda email perguntando de taxi. Manda email perguntando da voltagem da tomada. 

Então. Fora isso, tem dois (até ontem eram três) aniversários pra editar fotos e encomendar livros. Tem a aliança que não chega.

E depois da viagem... Tem o ano que vem todinho pra planejar.

Agora imaginem euzinha deitada, tentando dormir, com todos esses pensamentos misturados na cabeça. Literalmente. Um a um. Pensados na noite anterior e repensados nessa. E pensem - e me digam se descobrirem - se há maracujina no mundo que possa resolver. 

Abraços, 
Jaqueline Rosa.


Interminável dezembro, de Ruth Manus

Estou, oficialmente, pedindo arrego.


Tô precisando ver no relógio o fim do expediente.
E ficar alheio, indisponível, ausente.
Tô precisando do barulho do zíper fechando a mala.
E de sala de embarque, conexão, escala.
Tô precisando do peso da pálpebra fechando o olho.
E ficar de boa, de cama, de molho.
Tô precisando de cheiro de filtro solar.
E ir pro sol, pro frio, pro bar.
Tô precisando do som das tardes vazias.
E olhar pro céu, pras noites, pros dias.
Tô precisando ouvir música ruim.
E de brigadeiro, tapioca, quindim.
Tô precisando baixar a frequência.
E me permitir deslizes, indisciplinas, imprudências.
Tô precisando abraçar gente amada.
E de exagero no churrasco, na cerveja, na feijoada.
Tô precisando de outros cenários.
E mudar de roupa, de eixo, de itinerário.
Tô precisando de alguma calma.
E lavar o carro, o rosto, a alma.
Tô precisando (logo) do fim do mês.
E me desligar de tudo, de novo, de vez.
Tô precisando da noite de 24.
E encher a taça, o saco do primo, o centro do prato.
Tô precisando da noite de 31.
E atentar para meu melhor compromisso: nenhum.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Sobre como eu me sinto amada

Nos ensinam desde pequenos que nada é perfeito. Não existem coisas perfeitas, trabalhos perfeitos, vidas perfeitas, amores perfeitos. Mas de repente, lá está ele, me acordando gentilmente com um beijinho carinhoso, um carinho na cabeça e um bom dia sussurrado - ele sabe que eu não gosto de muito alarde de manhã. Quando abro os olhos, a primeira coisa que vejo é seu sorriso, como se meu acordar lhe trouxesse alguma felicidade surreal. Ele mostra, orgulhoso, a bandeja de café da manhã que preparou pra mim. Eu me sento e ele abre um pouquinho da cortina. Pergunta se quero ouvir alguma música, mas eu digo que não. O silêncio do domingo de manhã enche o quarto, disputando espaço com todo aquele amor. Ele me traz a bandeja, conta o que tem ali e eu começo a comer. Não apenas o pão com manteiga, queijo e peito de peru, mas começo a me alimentar de todo aquele carinho e dedicação. Bebo, não apenas o café doce, quente e forte do jeito que eu gosto, mas cada gota de cuidado, gentileza e romance. Eu beijo suas bochechas e, ainda tomada de sono, balbucio palavras sem sentido e frases sem pé nem cabeça. E ficamos os dois, ele me abraçando e eu comendo, olhando para o céu azul atrás da janela. O silêncio nos aproxima. Como é bom poder ficar em silêncio com alguém e não se sentir desconfortável. Tudo está dito. Tudo claro.

Ele faz tudo por mim. Eu reconheço isso. E o melhor é que em cada ato, cada gesto, está todo o amor que há nessa vida. Ele me ama em cada gesto, em cada toque. Ele me faz tão bem... É difícil explicar. Não é o café da manhã na cama, sabe? Não é pelo lanche de peito de peru ou pelo ato de servir, de mimar. É o carinho implícito. É o sorriso dele. É o jeito que ele me abraça e me conta histórias enquanto eu como. São seus olhinhos pequenos e o jeito que eles me olham. E não é a toa que nas alianças, ao invés de nossos nomes e datas - completamente inesquecíveis - mandei colocar o trecho de 'Tão Bem', do Lulu Santos. Nossa música. Ela me faz tão bem. Ele me faz tão bem! Que eu também quero fazer isso por ele/ela. 

Eu vejo que ele me ama pelo jeito que ele me abraça no cinema enquanto eu choro vendo um filme meloso e triste. Sei que ele me ama porque vê comigo filmes melosos e tristes, mesmo detestando. Sei que ele me ama quando ele deita no meu colo e depois me convida pra dividir o sofá com ele. É amor quando ele dá os melhores travesseiros. E quando se esforça dia a dia pra ser aquele amor perfeito.

Ele me faz cócegas e me faz a mais feliz das garotas. Me faz sentir uma rainha. A mais bonita das mulheres. Com ele eu posso reclamar de sono, fome e frio. Posso pedir aquela mordida do Bis e um golinho do Yakult, posso dormir no filme que ele escolheu, posso ir ve-lo de camiseta e all star.

Ele aprendeu a fazer as mais maravilhosas caipirinhas de morango e vinho do mundo só porque era a minha preferida. Mas ele me carrega no colo porque sabe que eu tenho medo, acho que pra me obrigar a abraçar ele bem forte e esconder o meu rosto na curva do pescoço dele. 

Ele me apoia. Ele me respeita. Ele me ouve quando nem eu mesma quero me ouvir. Ele me olha e me vê. São olhares que invadem tudo o que eu sou. Ele me conhece. Sabe dos meus defeitos. Das minhas loucuras. Da minha psicopatia. Minha TPM. Sabe do meu medo de altura, da aflição que eu tenho com montanhas russas de ponta cabeça. Ele ainda tenta me fazer rir com vídeos idiotas. Ele ainda tenta me convencer a ver Senhor dos Anéis. 

Ele ainda faz com que eu trema de vê-lo chegar e anseie o dia todo por esse momento. Porque ele me pede pra ficar com ele pra sempre, sabe. Ele me marca em fotos de casas e diz que está pensando em algo assim pra nossa casa. Ele dá nome pros nossos filhos, apesar de serem nomes malucos de motos, e sempre me coloca nos seus planos e sonhos.

Ele me manda fotos de bebês. Me manda fotografias inspiradoras. Pede pra eu dançar e sei que ele é sincero (apesar de doido) quando diz que sou a melhor bailarina do mundo. Ele me faz tão bem...

Mesmo mau humorado, chateado, desiludido: não importa o dia, a aura, ele vem e me ama um pouco mais. Quando ele não vem, ele se faz presente. Aprendeu a escrever coisas lindas, apenas pra me amar ainda mais. 

Já são quatro anos e meio, mas em breve serão quarenta e seis. E eu podia ficar todos esses anos aqui, escrevendo sobre como ele é o meu amor mais perfeito. Mas fico aqui, pensando em mil e um jeitos de retribuir todo esse amor. Pensando se sou pra ele tudo o que ele é pra mim. 

Então, só pra vocês saberem. Perfeição existe sim. Só não é do jeito que achávamos. É uma perfeição imperfeita. Com as lições que precisamos aprender. Com as dificuldades que precisamos enfrentar, com o conforto que merecemos, com o amparo que precisamos, com o afeto que nos constrói, com o amor que nos fortalece.

Só posso ser grata à vida por ter me dado alguém que me dispense todo esse amor.

Qualquer dia escrevo (mais) um sobre o quanto eu o amo. Hoje o texto foi mais simples. Foi sobre como eu me sinto amada. 

Meu amor, obrigada por me amar tanto!

E, por favor, não se esqueça nunca que eu também te amo muito!

Jaqueline Rosa.



segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Fale sobre o que você ama [2]

Se as pessoas dançarem um pouco mais, cantarem um pouco mais, tornarem-se um pouco mais loucas, as energias delas fluirão mais, e seus problemas desaparecerão pouco a pouco. Desse modo, eu insisto na dança. (Osho)

Esse texto-desabafo-rascunho é na verdade um complemento do texto 'Fale sobre o que você ama'. Há tanto amor pra dar. E ficamos economizando. Ficamos nos economizando, evitando desperdiçar coisas boas: talentos, sonhos, sentimentos... Tudo fica escanteado e guardado pra ser usado no momento certo. No entanto, é falando do que se ama e fazendo o que se ama e estando com quem se ama e cultivando o que se ama... que trazemos o que a gente ama pras nossas vidas. 

É o que dizem: seja a mudança que você quer ver no mundo. Uns amariam ter uma semana mais tranquila, com mais paz, então são esses que devem começar agora mesmo a carregar mais paz nos seus corações e a levar a vida mais de boa. E é aquela coisa: se você ama estar à beira da piscina, enfrente o fato de que de vez em quando você terá que limpá-la. 

Eu penso que sou uma pessoa simples, que ama muitas coisas, mas que fica feliz mesmo com pouco dessas coisas. Mas estou aqui, no primeiro texto de dezembro pra falar de algo que eu amo, que sempre amei e que acho que sempre vou amar: a dança. 

Dancei jazz quando criança e fui fazer ballet depois de velha, quando já tinha as pernas tortas e corpo não mais tão esguio. Subi na ponta e desci rapidinho. Dancei hip hop pop e black music no colegial. Dancei axé no carnaval. Dancei tecno no clube. Dancei na roda de capoeira. Dancei em tecidos pendurados no teto. Fiz dança de salão. Mas a dança que tem me conquistado dia após dia é a dança do ventre, que danço aos sábados nas aulas, danço ao lavar louça, ao escolher minha roupa pela manhã, ao me arrumar pra sair, no trabalho e no sono. Danço o tempo todo.

Há dois anos e cada dia mais, tudo o que eu quero, tudo o que eu penso, tudo o que eu faço é dançar. Muitas vezes, danço com os dedos, batucando na mesa durante uma reunião. Noutras, danço com a cabeça, apenas. Noutras ainda, com o corpo todo. Algumas vezes danço em sonho, flutuando leve. 

Deixe toda a energia tornar-se dança e, de repente... Chega um momento em que seu corpo não mais é algo rígido, ele se torna flexível, fluente. (Osho)

Ontem, ao lado de meninas incríveis - Juliana e Thaís - e na presença de Ju Marconato, uma grande inspiração pra quem tem a dança não só como exercício físico, mas como essência (como cura, como dom, como força, como algo que vai além do mundo físico. Algo que faz mente, alma e coração se alinharem), eu relembrei o poder que a dança tem sobre mim. O poder de acalmar. O poder de relaxar. O poder de enobrecer. O poder de transformar. Eu saí daquela escola, daquele workshop me sentindo melhor do que eu entrei. É esse o papel da dança na minha vida. É esse o papel que eu quero que a dança tenha na minha vida. Eu escolhi isso. 

Quando você dança, chega um momento em que suas fronteiras não estão mais tão claras: você se  dissolve e se funde com o cosmo, as fronteiras se misturam. (Osho)

Dois mil e quatorze foi, sem dúvida, um ano muito produtivo na dança. Alçamos para uma escola maior. Fomos à Khan el Khalili, ao Mercado Persa, ao Festival Shimmie, ao Talismã, ao Deusas que Dançam (foi esse ano ou ano passado?), fomos ao Festival Shimmie, ao SIX, ao FALA ESME Ao Vivo, ao workshop da Esme no Núcleo Ju Marconato, dançamos em julho, dançamos em novembro no Polytheama, fomos ao workshop da Ju Marconato em Campinas, onde vivemos quatro horas de grande aprendizado, enfrentamos nosso medo de solar prazamigas, vamos fazer um sarau e vamos encerrar o ano na Khan el Khalili, dia 21. Munira, Aziza, Hakina, Mahaila, Suheil, Tarik, Ju Marconato, Esmeralda, Nur, Soraia, Tony, Lulu, Nagla: esses são nomes potenciais, importantes na nossa dança. Nomes que estiveram presentes no nosso ano. Mas se existem pessoas que devem ser lembradas e agradecidas são essas aqui:

Thaís, minha irmã de verdade. 
Juliana, minha irmã adotiva. 
Priscilla, nossa tímida/decidida ciclista/vegetariana/designer
Soraia, que torcemos para que volte pra dança em 2015.
Renata, que nos adotou com tanto carinho e nos acolheu como grupo. 
E Flávia, nossa professora querida, a responsável por muito disso tudo. 

São essas mulheres que fizeram 2014 ser o ano MAIS DANÇANTE DA MINHA VIDA - até agora. 

Agradeço também, porque não posso deixar isso passar - ao Celso. Meu querido amigo e meu grande amor. Que me incentiva mesmo sem entender direito essa coisa doida que eu sinto pela dança. Que entende quando eu abro mão da sua tão estimada companhia para dançar e aprender. Que me prestigia e me anima quando nem eu o faria. 

Espero que os anjos da dança nos acompanhem em 2015 e que o ano possa ser tão repleto de bons momentos como foi o de 2014 - sim, dezembro mal começou e já estou falando de 2014 no passado. Espero poder dançar com vocês e celebrar com vocês a cada música, a cada conquista, a cada aprendizado. 

Sei que ainda temos muito o que viver nesse dezembro. E sei que oportunidades não faltarão para comemorações e planos. Mas é isso: obrigada.

E lembrem-se sempre:

Vamos acreditar em nós.
Nós somos lindas e poderosas.
Nós somos deusas da dança.
Então... Vamos dançar!!!!


Pode vir, 2015. Tô pronta!

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Você tem que falar sobre aquilo que ama



"Você tem que falar do que aconteceu de bom no seu dia.
Você tem que falar sobre aquilo que ama para trazer tudo o que ama para sua vida."
(Rhonda Byrne)


Ontem eu fiz uma coisa que eu amo muito: rasgar papel. Sim, primeiro porque tem aquele barulhinho divertido, depois porque você, de fato, se livra de coisas que estão atolando seu guarda roupas e, se der sorte, acha uma ou outra coisa engraçada - como exame de vista ou ultrassonografia ou papéis da faculdade e aquele certificado do curso de massas.
Ontem, especialmente, eu arranquei todas as folhas usadas da agenda 2014. Sim, porque todo mundo sabe que agenda só serve pra alguma coisa até abril ou maio, depois é peso na mochila. O bacana é que isso me deu uma sensação doida de que o ano está acabando e quando eu fui ver tava mesmo. 

Hoje é dia 30 de outubro, já era o mês mais legal do ano, galera! E eu escrevi tudo isso pra dizer que "eu tenho que falar do que aconteceu de bom no meu dia, falar daquilo que eu amo pra trazer o que eu amo pra minha vida" :D 

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 Tá, ok. Eu sei que eu to aqui, criando concorrência com gente muito mais competente do que eu. Me sinto uma invasora as vezes, como se não tivesse o direito de exercer uma coisa que não estudei, mas, francamente, eu gosto tanto de fotografar, que quem se importa se eu tenho um diploma, certo? 

E eu estou me sentindo tão feliz, tão animada, tão sorridente, tão ansiosa, tão abençoada porque minha agendinha (uma nova, do Beto Carrero, que eu peguei só pra isso) tá se enchendo de eventos e festas de aniversário de crianças lindas pra eu fotografar *---------------* e isso me faz pensar que acima de algumas coisas estão o amor que a gente coloca nas coisas que faz e o compromisso de nos dedicar a fazer bem feito. 

Pensando em tudo isso, penso em outra coisa que eu amo demais, que é dançar. Ontem , na limpeza rasgadora de papelicos, achei coisas que me fizeram lembrar que 2014, no quesito dança, rendeu. Fui na Khan el Khalili, assistir as queridas Aziza, Ju Marconato e Mahaila, além do Tarik. Fui no Mercado Persa, onde os olhos brilharam tanto que chegaram a doer. Dancei Michael Jackson, depois de meses ensaiando, testando cabelos e maquiagens doidas. Fomos no FALA ESME Ao Vivo, conhecer minha bailoca, minha BFF, minha diva. Depois, fomos fazer aula com ela no ninho da bailocada mais linda do mundo: Núcleo Ju Marconato. Depois, teve o Festival Shimmie, o SIX, vi Munira, Kilma, Ju, Aziza Mahaila e Kahina. E conheci a Nur. CARA, eu conheci a Nur! E estamos finalmente aprendendo pandeiro. Vamos dançar no Polytheama!!

Eu sei que falta muito, que sou sedenta e quero sempre mais. Mas esse ano valeu a pena, sim. Pela dança, pelas fotos, pelas viagens (lugares muito frios vieram e lugares muito quentes virão...), pelas companhias, pelas pessoas - que são quem, de fato, fazem a vida valer a pena. Pro trabalho, foi um ano ótimo. Pros estudos não, mas estou quase me convencendo de que não é hora de uma pós, ainda. 

Enfim. Acho que quando chega o fim do ano, somos convidados, sempre, a fazer a lista de metas não atingidas e ficar pensando "poxa, mais um ano acabou e não fiz tal coisa, não fui pra tal lugar". É sempre a negação, a parte não cumprida, não realizada.

Fica aqui, então, um convite. Quando vocês sentirem que o ano está acabando, pensem nas coisas boas. Pensem nas coisas que vocês amaram nesse ano, para atrair coisas ainda mais apaixonantes no próximo ano. Porque não adianta reclamar. Sartre deixou bem claro que somos os únicos responsáveis pela nossa felicidade. Os únicos responsáveis, também, pelo nosso sofrimento.

Vamos amar, então, né?

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

=/

Um pouco sobre ontem, em um texto que eu gostaria de ter escrito.

Aquela

Sou aquela jornalista metida a besta e mal humorada que, minuto sim, minuto também, está com o sangue fervendo, reclamando de algo que a deixa inconformada. Também sou aquela que vez ou outra faz piada de si mesma, faz os outros rirem e exagera no último cada cena. Sou a que devia estar escrevendo óperas melodramáticas, não releases, ou ganhando dinheiro com teatro, porque, olha... Haja drama!

Sou aquela que vira  e mexe tem vontade de largar tudo, dar uma de Natália Piassi, mudar pra Araraquara e estudar dança. Sou a mesma, aquela mesma garota que queria mudar o mundo, aprender a fazer tranças embutidas no próprio cabelo mas também sou a que não tem paciência nem para assistir o comercial inteiro sem mudar de canal.

Sou a criança que assiste desenhos e quase chora – na verdade, eu choro – no final. Sou a pré adolescente que ainda acredita que Harry Potter nos ensina lindas lições de amizade e coragem.

Sou aquela que pende entre a inocência de acreditar que tudo na vida tem um lado bom – e que todos merecem a chance de provar que são dignos de qualquer tipo de afeto – e aquela que, cansada, as vezes desiste de lutar, as vezes chora, as vezes grita, as vezes manda tudo de f***r.

Sou a que não deixa calar um instinto, não esquece nunca do sexto sentido e que gasta até a última moeda e a última gota de energia pra fazer o que acredita e pra mimar quem admira. Sou a que coleciona amigos de longas datas que, mesmo distantes, nunca são esquecidos.

Sou a que, normalmente, se irrita, se dói, se doa. Sou a que conta os dias praquela cerveja gelada com as amigas, acompanhada por porções generosíssimas de risadas. Sou a que valoriza qualquer pessoa que, ao cruzar com alguém no corredor ou no estacionamento, diz bom dia. Sou a que segura a porta pesada do banco pra pessoa atrás de mim entrar também. Sou a menina que quer viver aventuras, mas também a velha que não quer nem saber de programa nenhum que implique em dormir depois das nove.

Sou a que se regozija com o volante e que anda esperando a hora certa de partir. Aquela que esta ficando cada vez mais surda, dado o volume nos fones de ouvido. Sou também a que, as vezes, coloca o fone no ouvido, mas esquece de por a música pra tocar. E fica puta porque a p*%$@ da música não toca.

Sou a que vive de sentimentos extremos. Raivas, medos, alegrias, amores. Tudo tão escorpiano, tão Jaqueline... Mas não aconteceu nada demais, não. Estou só sendo eu mesma.

Mas eu tento ser um pouco das pessoas que admito: aquela mulher forte, aquela destemida, aquela confiante, aquela que se ama e se valoriza; a que tem jogo de cintura, senso de justiça aguçado e uma honestidade irônica. 

Tento ser aquela feminista que, ao invés de gritos exagerados, prefere implantar em seu dia a dia as coisas em que acredita. Tento ser aquela cidadã responsável que  zela pelo que é de todos. Ou aquela que faz o bem sem olhar a quem.

Tento ser aquela que não sofre por antecipação ou por ciúme doentio. A que tenta ir pra academia - não estou tentando tanto assim - e evitar aquela coxinha suculenta. A que gostaria de passar mais tempo lendo, calada, que gostaria de gastar mais tempo consigo.

Sou a que reza baixinho quando as coisas extrapolam. A que chora por mil motivos diferentes. A que gostaria de fazer amizade na fila do pão, mas que está sempre mal humorada demais ou com pressa demais.

Sou a que ainda sonha com a França e a que ainda tem medo de montanhas russas. A que valoriza cada pessoa, cada livro, cada momento. Na hora, sou a que reclama e xinga. Mas depois, sou a que admite que, naquela situação, havia algo a ser aprendido ou ensinado.

Sou a que acha que as coisas acontecem como tem que acontecer. Sou a que tenta aprender com os erros e não sofrer com o que não é possível mudar. Sou aquela que envelhece todo dia 23. E que comemora todos os dias 4 e que conta os anos de amizade.

Sou a que não consegue aceitar elogios, mesmo que acredite que eles sejam verdadeiros (o que a gente faz quando alguém te elogia? Sorrir e dizer obrigada parece tão absurdamente difícil na prática...) A que sofre por não ter o reconhecimento ou apoio dos queridos. A que fica o tempo todo tentando se superar e provar o seu valor.

Sou a que quer dançar. Quer andar de avião. Quer conhecer o mundo. 


Sou tantas coisas ao mesmo tempo... E cada coisa pesa mais ou muda, dependendo de quem vê. Sou aquela que não sabe se explicar. Aquela que não faz ideia... 

Sou aquela que quer correr e não sai do lugar.  E, definitivamente - basta ler isso pra saber - sou aquela que não sabe mais como amnesiar.



Se sou essa ou aquela não sei, mas que fui essa garotinha charmosa aí da foto, ah, isso eu fui! hahaha 



quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Por você faria isso mil vezes

Bom, vamos lá. Gi Gutierrez e Audrey Ludmilla me convidaram a fazer a tal lista dos dez livros que mais me emocionaram/tocaram/mudaram. Acho que, a princípio, me recusei a fazer, com medo de sofrer bullying por, na minha lista, não ter nenhum Machado de Assis, Jorge Amado ou Dostoiévski. Bom. Tentei ser sincera e pensar em livros que definitivamente influenciaram minha vida. Seja com lágrimas, com frases de impacto, com suas histórias marcantes e exemplos infinitos que vou usar pra sempre. Quando comecei a fazer a lista, vi que poderia fazer uma lista de cinquenta livros. São tantos os que me fizeram chorar de alegria por poder estar ali, com aquelas personagens, naquelas histórias... Enfim. Não me julguem pela literatura adolescente ou pelos tais 'best-sellers', aqueles 'que todo mundo lê' (ou vê no cinema, porque é mais fácil né).
O caçador de pipas – Khaled Hosseini 
A menina que roubava livros – Markus Zusak
Entre o amor e a guerra – Zíbia Gaspareto
Líderes e discursos que revolucionaram o mundo – Simon Sebag Montefiore 
A hora da estrela – Clarice Lispector
Platônico – Ana Luiza Savioli
A Cabana – Willian P. Young
Coleção As Brumas de Avalon – Marion Zimmer Bradley
Coleção Harry Potter – JK Rowling
Aprendendo a viver só – Judith Ryan Hendricks

Os livros têm esse poder. Quando nos entregamos a eles, eles se entregam aos nossos corações. Nenhum livro lido com vontade passa despercebido na nossa vida. Alguns, claro, nos afetam mais. Para o bem ou para o mal. Tem livros que terminamos de ler e que não saem das nossas cabeças. Ficamos revivendo, repassando, relembrando. 

E cada história é como se fosse nossa história. É essa a lição dos livros. Ficamos analisando: e se fosse eu? O que eu faria? Será que seria assim? É assim que aprendemos. É assim que vamos traçando as coisas nas quais a gente acredita.

Pelo menos, comigo é assim.

Sei que há muito perdi o hábito de me entregar aos livros. As leituras que tenho feito são, normalmente, apressadas. Estou sempre ansiosa com os meus atrasos e nunca consigo, de fato, parar e ler. Mas ler de mergulhar no livro... De se deliciar com cada linha, de imaginar a cabeça a voz da personagem e sumir desse mundo.

Está aí um bom objetivo de vida. Voltar a ler.

=/

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Batata com açúcar

da série 'um pouco da minha melancolia sempre vira texto'


Quando a gente acha que o dia já está ruim o suficiente, vêm ela, a intuição, dizendo:

Jaque, não vá almoçar. Coma um lanche na padaria, vai ser melhor.

Mas a gente quer ser boa filha e vai comer comida em casa mesmo, economizando alguns reais e desgastando mais um pouco todo o resto: a paz, o silêncio, a vontade e, claro, a paciência.

E então, mais uma vez, eu me pergunto por que raios eu não ouço minha intuição. Como no dia em que bati o carro: algo no meu coração me dizia claramente pra ir à pé.

E eis que ao invés de sal o que eu pus nas batatas foi açúcar - o que só serviu pra me irritar ainda mais e me fazer sentir ainda pior. Pessoas magoadas deviam ter o direito legal à uma refeição suculenta. Ou duas, três. Até que com o prato venha um bilhete, uma rosa, um pedido de desculpas ou uma taça de vinho.

Enquanto não isso não vem e a tristeza não passa,... vou beber, pensar besteira e curar eu mesma as minhas feridas.








terça-feira, 12 de agosto de 2014

"Genie, you're free"

Quando meu pai entrou no quarto e me disse, meus olhos se encheram de lágrimas. Eu as segurei, como venho praticando, mas fiz silêncio. Fiquei pensando no motivo. De uns tempos pra cá vários nomes do mundo das artes morreram.

O que me dói não é pensar que o mundo perdeu mais um artista. Ou mais uma pessoa. Pessoas morrem a todos os segundos. Pessoas geniais morrem todos os dias. Pessoas queridas, sempre.

O fato é que todos morrerão, em algum momento.

"Apanha os botões de rosa enquanto podes
O tempo voa e a flor que hoje sorri amanhã estará morta."

O que me parte o coração é saber que as pessoas continuam pondo fim às suas vidas. Sem aquele blá blá blá de que suicidas vão para o inferno e quem tira a vida é deus e tal. Não, nada disso. Me entristece ver que a depressão continua vencendo o amor pela vida. Que a solidão vence a vontade. Que a sensibilidade e a percepção de mundo continua fazendo com que as pessoas sintam e percebam um mundo infeliz, mas que ao invés de tentar curá-lo com seu talento, isso as fazem desistir. 

O suicídio é a carta de desistência. É assumir que somos fracos, impotentes. Que nenhum esforço vale a pena. Tem coisa mais triste que isso?

Sim, podemos sim ser fracos. Mas não quer dizer que não valha a pena tentar. Não quer dizer que a vida não faça mais sentido. Não quer dizer que a felicidade seja uma mentira.

Disse ontem, para meus pais, que uma pessoa só se mata por estar infeliz. Aí me disseram "ah, ele era alcoólatra, drogado". E minha questão foi: e as pessoas se drogam pra que? Pra fugir da realidade. Porque no mundo real, não estão felizes. E tudo isso me dá uma tristeza enorme. 

Um buraco no estômago. O mundo precisa de mais alegria, mais leveza, mais simplicidade. Pras pessoas serem mais felizes, engolirem menos comprimidos, cheirarem menos pó. Precisamos ser mais parceiros, pras pessoas não se sentirem solitárias. Precisamos ser mais amigas, pras pessoas não se sentirem incompreendidas.

Precisamos de mais amor, mais sutileza. Eu sei que meu clamor não tem valor. É uma bobagem escrita no Amnésia. Eu só queria que as pessoas não desistissem de viver. Que não desperdiçassem nem um minuto da sua preciosa - e talvez única - oportunidade de viver. Que não se deprimissem tanto...

Que não partissem assim.

Como os caras do Oscar postaram: genie, you're free. Você está livre, gênio. Assim como o gênio do Alladin. Você está livre. Livre da infelicidade, das dores, das dúvidas, das decepções. 

A nós, resta sofrer em silêncio um bocadinho pela fragilidade da mente humana, mesmo a das mais talentosas. Resta-nos rever todos os seus personagens, todos seus olhares, todas suas mágicas histórias.

Jaqueline Rosa.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Calmamente feliz

E de repente, mais um mês se passa e o Amnésia continua faminto de palavras.
Sorte minha não ter tantos leitores pra decepcionar.

Acabo de constatar que o Amnésia completou seis anos nesse mês. Poxa. Seis anos atrás eu era uma adolescente gordinha e espinhenta, metida a popular que cursava o segundo colegial e sentava perto da janela pra papear e olhar pra fora da sala durante aulas chatas de física ou geografia.

Seis anos, pra quem viveu apenas um pouco mais de vinte, é muita coisa. E assim eu percebo como de fato as coisas passam a fazer parte das nossas vidas, mais ou menos intensamente, sem que a gente perceba. Quando começamos coisas pensamos que elas vão durar pra sempre, mas no fundo acho que não esperamos que durem. 

Um livro preferido, uma tatuagem, um filme, uma música, uma cor, uma pessoa. Coisas que marcam momentos, instantes, lembranças embaçadas, vagas, distantes... mas felizes.

Quando participei daquela dança e tirei aquela carta, nela estava escrito algo sobre a felicidade. Não me recordo bem as palavras, mas era como se sugerisse que eu tivesse uma tendencia a isso. E, pensando agora, chego à conclusão de que, de fato, só os bons momentos ficam. Claro que nada é apagado das nossas vidas pra sempre. Mas quando penso nos últimos seis anos, lembro muito mais dos sorrisos, dos amigos, do amor, do céu azul, das músicas, das danças, dos desafios vencidos... do que naquilo que me magoou, feriu, derrubou.

Mesmo perante as mais recentes dores, as felicidades tem poder maior. E acho que é assim porque elas são mais constantes, mas também porque eu escolho (natural e inconscientemente) dar a elas maior atenção.

"Nossa, Jaque, quer dizer que você não sofre, não fica triste?" Mais craaaaaaro que não! Eu sofro, choro, me irrito, chateio, magoo com coisas que só Deus entende. Mas a questão é que um pouco depois, escolho deixar pra lá. Escolho olhar o céu. Escolho ouvir uma música que eu gosto. Escolho rir da cara das minhas amigas palhaças. Escolho enviar um sms romântico. Escolho ver um vídeo da Beyoncé. Escolho minha próxima viagem, Escolho comer um brigadeiro. (e continuo mau humorada mesmo assim né, IMAGINA se eu resolvesse dar moral pros problemas da vida, aff)

E acho que a vida é bem por aí mesmo. Como diz minha bailoca preferida: decida o que você quer, obedeça as regras e trabalhe duro.

Eu escolhi ser calmamente feliz.




sexta-feira, 27 de junho de 2014

Carta 004 - aquele sábado

Olhando pro horizonte, a paz se instalou neles. Eram dois corações quietos e calmos. De repente até mesmo o céu se abriu. E então veio o sol. 

Em um lugar de calmaria, de paz, eles conversavam sobre coisas banais, coisas sérias. Coisas incríveis ou simples. E riam. Riam gostosamente da vida. E por um minuto não foram mais do que crianças. 

E entenderam que felicidade não é algo a ser conquistado, mas uma opção a ser feita. Eu escolho ser feliz. Eu escolho ser feliz usando verde. Eu escolho ser feliz viajando o mundo. Eu escolho ser feliz comendo rosquinhas de canela. Eu escolho ser feliz cozinhando panquecas. Eu escolho ser feliz vivendo a minha vida inteira ao seu lado... São sempre escolhas. 

Mas a escolha principal é escolher ser feliz com aquilo que você escolheu. Porque, no fim, não existem respostas erradas. Existe a resposta que você encontrou. O caminho que você escolheu. E então, se você escolheu aquele caminho, aquele caminho era o que deveria ser escolhido.

Parece uma lógica muito budista praqueles que, como eu, são pessoas ansiosas, com indícios de psicopatia e desespero. Mas a verdade é que não importa o quanto a gente se desespere, a vida não vem com manual de instruções. Não temos bula, nem guia, nem Serviço de Atendimento ao Usuário. Não dá pra reclamar. Não dá pra escrever protocolos. Somos os únicos responsáveis pela nossa felicidade. Os únicos que podem encarar as consequências das nossas escolhas com um sorriso, dizendo "é isso aí!".

É claro que confiar nas nossas escolhas não nos livra dos erros. Mas aí, temos que encarar os erros como aprendizado. Como degraus de uma escada. Como parte do processo. E no fim eles são isso mesmo. Parte do processo.

:) Eu errei. Mas fiz minhas escolhas. 
Eu escolhi você.

J.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Carta 003 - e se...

“Guardo pra te dar 
As cartas que eu não mando”

Eu sempre achei que a vida tivesse mesmo um toque do destino. Já te disse isso, quatro anos atrás: e se naquela noite, eu tivesse desligado o celular? E se naquela noite, a vivo estivesse sem sinal? O carro quebrado ou você ocupado? Talvez não nos encontrássemos. Da mesma maneira, agora. E se seu celular tivesse caído na água e pifado? Quantos anos se passariam sem que você soubesse que eu estava com saudade?

Então mais uma vez, só posso dizer que as coisas acontecem como tem que acontecer. O certo sobre linhas tortas. Deus faz hoje a gente entende amanhã. Essas coisas. Porque nos reencontramos. Porque nos demos outra chance. Demos um outro destino ao nosso amor tão lindo.

Como diz aquela música do Lulu Santos “imagine que no futuro as pessoas vão ler sobre nós e vão se admirar do jeito que a gente arrumou pra não deixar de se amar”.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Carta 002 - muito mais triste mas um pouco mais forte

Minha garganta dói porque eu gritei dentro no carro, enquanto dirigia na pista, a música nove daquele cd. Vinte vezes. Ou duzentas, não lembro. Mas gritei com toda a minha força e externalizei o que estava sentindo. "Só nos últimos cinco meses eu já morri umas quatro vezes!"

"Se coisa ruim faz a gente crescer
E todo esse clichê
Já não caibo mais na casa
Já não caibo mais aqui"

Outro dia encontrei uma postagem no Amnésia, de 2012... Um horóscopo que dizia que os próximos três anos seriam tensos, exigentes e, em outras palavras, ruins. "Nos próximos quase três anos, você será exigido em todos os setores de sua vida. Você estará mais sério, introspectivo, fechado, organizado, exigente e muitas vezes com um humor que nem mesmo você vai suportar. Estará focado em suas metas e não vai sossegar enquanto não conseguir atingi-las. Certamente enfrentará dificuldades, obstáculos e muitas frustrações na construção de um novo caminho que ficará mais claro a cada dia. Saturno chega para cobrar, e você deve pagar com satisfação e respeito, mesmo diante das dificuldades. No final de tudo, ele deixará a você um grande e precioso presente: a experiência e o crescimento."

Bom, vou comprar uma cerveja pra poder brindar aos que não creem em horóscopos. Porque vocês devem estar sendo enganados. Horóscopos funcionam. Não sei como, não sei porquê. Mas eles sempre funcionam.

Espero que você esteja bem.
E que minha dor de garganta e de cabeça, oriundas de tanta ansiedade e stress e mágoa, contem como sofrimento.

Beijos, 

Jaqueline Rosa.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Um apanhado de coisas

Perante a liberdade, a primeira sensação foi a de estar completamente perdida. Como se nunca estivesse estado entre os livres e tivesse medo de chamar muito a atenção, busquei minha primeira cerveja. Tentei bater o pé no ritmo imposto pelo DJ. Um tempo depois, não adianta, a música (com contribuição do álcool) me tomou. E a sensação era... será que era liberdade? Não havia quem agradar. Ninguém estava me olhando. Não havia exigências. Nem estereótipos. Nenhuma condição. Nenhuma pergunta não respondida. Nenhuma dívida. Nenhum relógio. E meu celular jazia sob meu travesseiro, desligado, longe dali. Éramos só eu e a música.

*

Elis Regina, com sua voz, seus palavrões, seus gestos exacerbados, suas roupas fora de moda, sua vontade louca de mudar, sua exigência sem explicação para com a vida, sua preguiça de cidades interioranas, sua raiva da conformidade do pai, que achava que tudo bem ela levar uma vidinha mais ou menos... Me fez sentir compreendida. Nem sei se cantei, se pisquei, se entendi a moral da história. Só sei que me senti acolhida. Abraçada. Entendida. Me senti... normal na minha loucura. Sã nas minhas exigências. Humana nas minhas falhas. Me senti, pela primeira vez em tantos dias, simplesmente... Certa.

*

Levar Brincando de Fotografia para a Biblioteca não significa que sou fotógrafa. Comprar uma câmera profissional não significa que eu sou fotógrafa. Amar fotografia e, de fato, fotografar não faz de mim uma fotógrafa. Na verdade, não sei o que faz. Porque conheço um monte de gente com faculdade e cartões de visita que não fazem as fotos que eu faço embora talvez saibam explicar tecnicamente sobre o funcionamento da câmera. Mas fotografar é uma coisa que, de fato, eu gosto de fazer. É uma coisa que me dá paz. Que me faz sorrir atrás da máquina e querer chegar em casa correndo pra poder postar as fotos, porque todo mundo tem que ver que legal aquele céu ou aqueles sorrisos! Não sei explicar. É como a sensação de dançar no palco, só que em menor escala. Como se um fosse um oceano e outro um copo d'água. A mesma felicidade, mas aos pouquinhos...

*

Estar com o meu melhor amigo de novo foi simplesmente impagável. Uma cerveja despretensiosa, um jogo meia boca, algumas piadas prontas, uma família que me acolhe como se fosse a minha, mesmo que não os visite há anos... Tudo isso fez da minha quinta-feira um pouco mais sorridente. Porque não precisamos mudar de amigos, se entendemos que os amigos mudam. E tudo bem ele ter outra vida, em outra cidade, com outros amigos. Tudo bem não nos sentarmos mais à janela, pra trocar confidências. Tudo bem nossas risadas e segredos serem pelo WhatsApp. Eu sei, no fim das contas, que você está aí pra mim. E você sabe que eu estou aqui pra você. Então, tudo está bem. Muitos amigos vieram e se foram e, vejam!, cá estamos nós. Sambando na cara dos recalcados que tentaram me fazer não te escolher.

*

Atenção, cabreuvanaiada que fica me arrumando namorados por aí, repitam comigo e depois escrevam no cadernos cem vezes, com letra cursiva bem bonito, valendo visto e estrelinha dourada:

"Existem dois tipos de problema no mundo.

Os que são meus e os que não são!"

E, fica a dica, eu não sou problema de vocês.

Mas quem quiser pagar minhas contas, é só entrar em contato. 

;)




sexta-feira, 6 de junho de 2014

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Um poema pra adoçar a manhã


"Se você realmente quer amar,
no outro dia,
não pode dizer:
“Não quero me envolver.”
Não tente esconder,
a parte mais profunda
e intensa de você.
Você precisa crescer.
Pegue o carro
e vá até ela.
Sem “mas”,
vá atrás.
Se você
realmente quer amar,
chame pra sair.
Sem ser um desafio.
Um encontro de verdade.
Com vontade.
Você dá um sorriso,
e ela retribui com um amasso.
Se você realmente quer amar,
não implore pra voltar.
Não transforme relacionamento,
em sofrimento.
Faça as pazes com o passado.
Siga em frente, junte os pedaços.
Depois, respire fundo,
e irá aparecer um futuro,
que nunca imaginou.
Não coloque culpa.
Peça desculpa.
Construa uma estrada,
até a pessoa amada.
Não pode desistir.
Você precisa acreditar,
decidir, apontar uma direção
e ir.
Divida os conflitos,
Some os sentidos.
E o resultado,
infinito.
Se você realmente quer amar,
não pode ter indecisão.
Ou você escuta o coração,
ou vai embora com a razão.
Não a peça para mudar.
Ela fica linda de all star,
cabelo preso
e aquele sorriso no rosto.
Saiba que um dia,
você pode cair e se machucar.
Esteja disposto a viver.
E uma vez ou outra, perder.
Não tente prendê-la
dentro de você.
Se você realmente quer amar,
saiba que é bom demais,
ter o amanhã
e sorrir.
Se você realmente quer amar,
não tenha medo de saltar.
Crie coragem,
e volte a sonhar..."

(Ique)