quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

É só uma teoria

dedicado à queridíssima Audrey Ludmilla, que é praticamente eu, só que mais inteligente;


Sim, vocês estão certos: nós, mulheres, somos paranóicas. Enxergamos, independentemente da nossa miopia, astigmatismo ou hipermetropia, tudo em escala exagerada. Se recebemos um carinho ridiculamente pequeno, de um alguém a quem atribuimos uma grande importância, enxergamos aquela humilde demonstração de afeto como a maior declaração de amor das nossas vidas. Não importa se são mensagens de texto, recadinhos, sorrisos ou clipões. Tudo para nós sera enormemente valorizado como se fosse coberto por ouro (por isso, homens queridos, entendam: não é preciso grandes coisas para agradar qualquer ser deste gênero confuso). Ao contrário a regra também vale: qualquer bobagem insignificante nos é incompreensivelmente dolorosa. Somos banidas do mundo da racionalidade e nos deparamos com uma interminavel tensão, um perfeccionismo torturante que nos culpa por coisas inexistentes e amplia nossos defeitos como microscópios aumentam bactérias. Dessa maneira, celulites, estrias, rugas, espinhas, pés na bunda, discussões de relacionamento, ex namoradas suas e todas essas bobagenzinhas que vocês, homens, nunca vão compreender, nos atormentam e nos punem por nossa infeliz mania de querer agradar vocês o tempo todo.
 
Somos exageradas, choronas e românticas incuráveis. Mulheres que não se comportam assim quando se apaixonam provavelmente não estão apaixonadas de verdade.
 
Fora isso: preferimos roupas bonitas a confortáveis, por mais que discursemos o contrário. Não ligamos se temos só dois pés e um milhão de sapatos. Sempre nos achamos gordas e, pra isso, não é preciso ser gorda, basta ser mulher. TPM, queridos, pasmem, é uma desculpa pra cometermos nossas loucuras e ainda ganhar chocolate sem ouví-los dizer que vamos engordar.
 
Nós, mulheres, choramos: de dor, de alívio, de tristeza, de felicidade, de susto, por medo, carência, querência. Sozinhas ou abraçadas (juramos nunca chorar na frente de um de vocês, mas isso sempre acontece). E, principalmente, choramos de raiva de nós mesmas (principalmente quando deveríamos sentir raiva de vocês e só sentimos saudade).
 
Sim, nós lemos as mensagens que vocês nos mandam cerca de 287 mil vezes. Sem falar nos scraps, twitadas e afins. Tudo o que vocês escrevem e falam fica arquivado na nossa mente de uma maneira tão clara e simples que não há Amnésia que se livre disso. Nós gostamos de cartões de aniversário. Amamos a parte em que vocês escrevem à mão no cartão. Piramos com surpresas (e não importa se são diamantes ou Sonhos de Valsa).
 
Ao contrário do que pensam, senhores, mulheres não gostam de dinheiro. Somos mais inteligentes, estudiosas e dedicadas do que a maioria dos homens. Se quiséssemos dinheiro, seríamos lésbicas. Ou solteiras, porque o inferno do cartão de crédito feminino é o homem. Roupas, sapatos, academia, maquiagem, tratamentos estéticos, acessórios, esmaltes, brincos, calcinhas, pílulas e o diabo a quatro. Tudo pra estarmos lindas pra invejar suas ex namoradas e apaixoná-los. Acreditem: solteiras não gastam nem metade disso. Porque não precisam disso. Encantar todos os homens da festa é muitíssimo mais fácil do que apaixonar o homem das nossas vidas. Mulheres não querem dinheiro, querem se sentir amadas a ponto de explodir.
 
O grande problema feminino talvez seja a pseudodependência. Não morremos sem o homem amado. E sabemos disso claramente. Mas gostamos de precisar de vocês. Queremos precisar de vocês! Inconscientemente acreditamos que se precisarmos de vocês pra sermos felizes, vocês não nos abandonarão. E mulheres não gostam de ser abandonadas...
 
Mas, entendam, tudo isso acontece de maneira tão inconsciente e inevitável que, simplesmente, é assim. Não pensamos e, definitivamente, não escolhemos ser loucas de pedra. Mas é assim que nascemos, oras. E é incontrolável.
 
Nenhuma mulher gosta de sua neurose. Nem, com certeza, se orgulha dela. No entanto, apesar de todas as nossas carências inssolúveis, de nossas necessidades infantis de atenção e carinho, de nossa intensa depressão, do medo, da saudade, das manias ridículas e da supervalorização de qualquer coisa que vocês façam que possamos interpretar como amor... Apesar de tudo isso somos indiscutivelmente interessantes.
 
Sim, somos doidas. Insanas. Psicopatas. Mas se vocês não estiverem dispostos a lidar com nossas pirações, desculpem: namorem homens. É o preço a pagar.
 
Beeijos, Jaqueline.
 
PS: escrevi esse faz tempo, Audrey, lembra que tinha comentado com você? Mas sempre esquecia de publicar. Sorry!! haha

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Futilzinha



Gente, ultimamente eu ando tão mulherzinha, que mal me reconheço. Eu, que brincava de pés descalços com os meus primos suados, subrindo em muros, árvores, montando cavalos e jogando taco e futebol. Eu, que gasto meu rico dinheirinho com livros e sonhos. Eu, que sempre fui gordinha, desajeitada e birrenta. Que sempre jurei que o mais importante é o conteúdo e não a embalagem....

Estrou gastando fortunas com cremes, perfumes, maquiagens, roupas e sapatos. Porque não é porque eu estudo que tenho que usar óculos fundo de garrafa. Não é porque o que conta é a beleza interior que eu tenho que sair de casa de pijamas e aquele sapato de borracha horroroso.
Emagreci 7 kilos esse ano (espero que o ócio das férias não me faça encontrá-los de novo), comprei um biquini, um vestido lindo, uma sandália cara no shopping. Comprei delineadores, sombras, batons, bases, blushes.

O que não quer dizer que abandonei os livros e o ballet.

Ao contrário. Só que agora leio e danço com graça e delicadeza. Transbordando feminilidade e amor próprio. Não há maior investimento que na nossa auto estima. E estou me sentindo muito bem com esse meu eu vaidoso. Me sinto linda. E, linda, tenho vontade de mudar o mundo.

HAHA Essa aventura mulherística está me encantando.

Beeijos :* Jaqueline

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Namore uma garota que lê



Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.

Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.

Compre para ela outra xícara de café.

Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.

Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.
Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.
Texto original: Date a girl who reads – Rosemary Urquico

Tradução e adaptação – Gabriela Ventura

AMOOOO! Essa sou eu, gente. HAHAH

Beeijos, Jaqueline.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Banana, canela e licor

O céu absurdamente azul parece combinar com a minha aura. Inexplicavelmente, estou calma e tão feliz e tão animada sem motivo, que nem sei. Ao mesmo tempo, estou com aquela preguicinha gostosa de começo de férias, que mistura cansaço com a rebeldia de não cumprir a rotina (embora o dia a dia continue).


E eu aqui, comendo chocolate crocante com recheio de licor e esperando o bolo de banana com canela assar. Passei protetor solar hoje, muito verão. E o Natal nem chegou e eu já to me preocupando com o dia 27 e o dia 31.... =/


Ontem cheguei à conclusão de que eu pareço nervosa/ansiosa o tempo todo porquê enquanto converso de coisas leves e felizes, lá dentro as engrenagens da minha cabeça funcionam numa velocidade doida, pensando, refletindo e planejando coisas maiores e complexas.

Sou ansiosa sim e vou vivendo, tem gente que não é e tá morrendo.

Beeijos, Jaqueline.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Na ponta dos pés

É difícil explicar a magia, a felicidade de estar em cima de um palco. Poucos são os que entendem porquê a gente sente dor, stress, agonia, fome, medo, vergonha e, ainda sim, sobe lá e sorri. Quase ninguém compreende que nossas lágrimas não são absolutamente nada se comparado com o êxtase de fazer aquilo que a gente ama. Dançar - principalmente com a sapatilha de ponta - foi um sonho que eu realizei. Impossível descrever tamanha alegria! Foi um momento simplesmente único, do qual nunca, nunca esquecerei.

Beeijos, Jaqueline.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Não vejo a hora

Mais um ano está chegando ao fim - e esse é um começo de texto muito clichê, eu sei - e essa época do ano me faz dar um valor imenso as coisas que eu tenho e vivo. Mesmo àquelas coisas das quais eu reclamei meses a fio. Nessa fase do ano, de encerramentos, despedidas e desenlaces, eu gosto de sentar, pensar na vida, relembrar histórias, agradecer, rezar, fazer planos... E pode parecer bobagem pra essa gente que acha que dezembro é um mês qualquer. E pode até ser bobagem mesmo, mas acho que a gente deve se dar ao luxo de confraternizar com as nossas loucuras, desejos e manias, mesmo que de vez em quando.

Estou cansada de fazer planos, de sonhar com coisas e não poder realizá-las. Perco mais tempo sonhando que realizando e não tem funcionado. Estou com preguiça de traçar estratégias. Quero a liberdade do nada a ser feito.

Mas quero agradecer a Deus, ao universo, às partículas cósmicas ou quem quer que seja. Depois de tanto chorar com medo de que desse errado, consegui meu emprego do lado de casa e, com grande orgulho e felicidade de doer o estômago, voltei pro meu sonho de infância de ser bailarina clássica.

E mais de oitocentos reais depois, em seis meses investindo no meu sonho, entre mensalidades, sapatilhas, fitas, tintas, elásticos, vestidos, saias, óculos e meias, vou me apresentar no TEMEC, em Itu, no próximo domingo. Já estive tão ansiosa que a ansiedade acabou e agora veio a paz. Mas uma paz apressada, carente, doida e doída. Não vejo a hora de calçar as sapatilhas e subir ao palco.

Não vejo a hora de chegar o Natal pra usar meu vestido novo. Não vejo a hora do ano novo cheio de fogos de artifício. Não vejo a hora de poder dirigir. Não vejo a hora de dormir até meio dia, acordar e ficar de pijama o dia todo vendo televisão.

Não vejo a hora de 2012 nascer.

Beeijos, Jaqueline - abandonada.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

T F M

Das pessoas que passam em minha vida, eu só quero que você fique.
Das coisas boas que você me ensina, eu só quero que você repita.
Dos pedaços de histórias que dividimos, eu só quero que você não esqueça.
Das saudades que já senti, eu só quero que você também sinta.
Das vontades que tenho, eu só quero que você não canse.
... Das vezes que pensa em mim, eu só quero que você goste.
Das faltas que me faz, eu só quero que você me pague.
Das tristezas que acontecem, eu só quero que você me console.
Das graças que faço, eu só quero que você sempre ria.
Dos pequenos prazeres que vivo, eu só quero que você faça parte.
Dos grandes momentos que chegam, eu só quero que você compartilhe.
Dos pedidos que tenho pra fazer, eu só quero que você me namore.

(texto do TF Moralles, mas parece que é meu)

Estou, nesse segundo dos vinte e um minutos das dez horas, absolutamente calma. Queria me teletransportar pra uma sombra à beira mar, com direito a brisa e suco de laranja gelado, só pro clima combinar com a minha calmaria. Depois de tanto stress no trabalho, no ballet, na costureira... Que mais posso querer eu que uma silenciosa hora de almoço, só eu e Maria Gadú?

Quero férias, quero Natal, quero ballet, quero rock and roll! Quero presentes, quero paz, quero cartões, quero roupas prontas, quero sapatilha de ponta, quero piscina. Quero praia, quero sol, quero a eternidade.

Quero ler os livros que eu paguei uma fortuna na Nobel em outubro.

Quero namorar, passear, sentir o vento, a chuva, o beijo.

Beeijos, Jaqueline.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Crônica

será que vira livro? hoho ;)

Seu
De vez em quando, a gente deixa de ser quem é pra ser aquele por quem alguem se apaixonou. Não que deixemos de ser nós mesmos. Nossa essência nunca muda. O que acontece é uma adaptação. Pequenos detalhes se transformam pra manter uma história nos trilhos. E minha história saiu total e descontroladamente dos trilhos.

Desde que subi naquele trem, um mês atrás, sabia que algo havia mudado. Não sentia dor, nem medo, nem saudade. Meu único desejo era partir. Sair daquela cidadezinha e ir para um lugar onde ninguém me parasse na rua pra conversar nem soubesse meu nome. Não estava em depressão, nem tampouco fugia dos problemas. Eu não me abandonaria, então não tinha porque correr. E talvez o problema nem fosse eu. Talvez fossem as propagandas de pasta de dente ou os cartões de Natal.

Quando levantei aquela manhã, depois de ter chorado todas as lágrimas que possuia, anda com a cara inchada, abri o guardarroupas a procura de algo. Fruto de anos de trabalho e dedicação, lá estava ele: meu album de fotografias com capacidade pra mil fotos, encadernado em couro marrom, com toda a minha história. Lá estava eu bebê, meus pais, irmãos, amigos, minhas festinhas juninas, os bares e festas da faculdade, e, então, ela, com aquele par de olhos verdes intrigantes. Ela sorria pra mim como se zombasse dos meus olhos murchos. A partir daquela foto, ela estava em todas. E nas quais ela não aparecia tinha certeza que ela era quem fotografava. Durante anos, eu e minha mania de colecionar e meu transtorno obcessivo compulsivo de organização, catalogamos aquelas fotos por ordem cronológica. As últimas páginas permaaneciam vazias, aguardando as próximas fases de um relacionamento que não existia mais.

Ver aquelas fotos fez com que toda a dor se transformasse em raiva e aquele resto de amor, que diria sim se ela voltasse, se azedar como comida na geladeira. Depois disso, veio o desespero, a dúvida. Não poderia me livrar da parte mais bonita e interessante da minha vida, nem sobreviveria muito tempo encarando aquele sorriso perfeito.

Minha cabeça girava e percorria o apartamento lembrando de onde mais ela estaria, senão nas fotos. Meu livro de cabiceira, meu abajur, minhas camisetas gola polo, aqueles cds, aquela torta de frango em cima do fogão, a escova de dentes nova que ela comprou quando viu o estado da minha. Meu relógio, aquele cinto azul horroroso, aquele perfume importado.

Podia jogar fora. Ela não se importaria. Talvez queimasse. Ao menos ela ficaria com dó da camada de ozônio. Gostaria de gritar. Mas não tenho forças sequer pra abrir a boca.

Queria que ela me ligasse. Já que ela mesmo não me atende. Queria que ela estivesse aqui pra brigar que eu estou com os chinelos velhos, sendo que ganhei novos da minha mãe um tempo atrás e pra brigar comigo porque eu esqueci do nosso aniversário de namoro.

Queria que, de repente, ela entrasse por aquela porta, com seus sapatos limpos e seu penteado impecável, pronta pra brigar comigo por estar comendo doce antes do jantar. Daí ela faria aquela cara brava com as mãos na cintura e eu riria. Ela balançaria a cabeça negativamente e diria que eu não tenho jeito mesmo. Daí tiraria os sapatos caros e viria sentar no meu colo pra me roubar um beijo.


E eu voltaria a ser exatamente aquilo que eu amo ser: seu.

Ai ai, eu e meus pseudo ensaios. Livro que é bom não escrevo nenhum né. Blá.

Beeijos, Jaqueline.

Alive

Estou pobre, super atarefada, ansiosa e, ainda sim, muito feliz. É incrível como, na vida, a gente não precisa de muito pra sorrir, e a gnt só percebe isso quando fica feliz mesmo no dia de pagar a fatura do cartão de crédito. Todo ano, quando ele está pra acabar, faço uma lista de agradecimentos e preces. Acho que, por pior que o mundo esteja, ele fica mais bonito no Natal. Dezembro tem o dom de transformar a atitude das pessoas. Apesar da correria, dos gastos, do stress pra comprar presentes, do 14º que não chega nunca. Reparem que as duas maiores reclamações das pessoas (eu, inclusive) são essas: falta de dinheiro e falta de tempo. Mas eu tenho um salário e tenho 24 horas por dia - e posso gastá-los como quiser.

Dessa forma, parto do princípio de que essas considerações são tão inválidas quando 2 e 2 são 5. Tempo é questão de preferência e dinheiro, de auto controle. Dinheiro não mofa guardado na conta. Pode deixar lá quietinho que ele não estraga. E quanto ao tempo, bem, o tempo não utilizado vai embora. Some. Desaparece como num feitiço. E não há mágica que o recupere. Portanto: economize dinheiro e gaste todo o seu tempo. Não deixe de viver um minuto sequer da sua vida, mesmo que seja pra ver Paula Fernandes às 4h da manhã de uma segunda feira. Viva, mesmo que seja pra cair e chorar de vez em quando. Corra e não deixe o tempo escapar. Agarre-o com força e aproveite cada pedacinho de vida que há nele. Não se deixe enganar. Os preguiçosos, os covardes, os solitários... Esses desperdiçam tempo e vida. Viva! Seja pra rir, rpa chorar, sofrer, torcer os tornozelos, cortar as mãos, bagunçar os cabelos, suar, sentir. Tranforme o mundo e faça dele o seu lugar especial.

E no fim do dia, pare um minuto e agradeça a Deus pela oportunidade de fazer daquele dia mais um na sua história. Por poder estar perto de quem você ama, apesar de todas as diferenças. Por poder abrir os olhos e enxergar. Por produzir o próprio sangue, a própria insulina, os próprios anticorpos. Agradeça a Deus por existir. Agradeça por fazer parte da vida de alguém. Agradeça por cada minuto, bom ou ruim, vivido. E vá dormir.

No dia seguinte, recomece.


Beeijos, Jaqueline.

Férias


Mas só da faculdade. E vamo que vamo!

Beeijos :*, Jaqueline.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Imagine

"Imagine um lugar bem bonito, bem verde, bem calmo, sons de passarinhos, cachoeira, o dia está lindo...". "Tá, imaginei, só que tô ainda mais ansiosa porque em lugares como esse dificilmente existem farmácias por perto...tem heliponto nessa porra desse lugar caso não dê tempo dá ambulância chegar?". "Tá, então imagina um...um...é...hmmm....deixa eu ver...". Adoro como eu sempre ganho dos terapeutas menos criativos.


 
Tati B.

Fim de ano já é aquela loucura. Há meses não escrevo. Há meses não consigo pensar em nada que não tenha o prexifo "eu tenho" ou "eu preciso".  Pouquíssimas vezes tenho escolhido a opção "eu quero". Isso é chato. Dizem que é assim que a gente vê que tá ficando ranzinza. Quando perde a paixão. O tempo, cada vez mais curto, tem atrapalhado. Mesmo assim, sigo em frente.

Minha alegria de viver tem sido o ballet clássico, onde encontrei toda a paixão e a ansiedade que gosto de sentir nas coisas que faço por simples prazer. Apesar da correria pré-espetáculo (que, ainda sim, é uma delícia) tenho me sentido bem dançando como nunca me senti fazendo coisa alguma.

Das coisas ruins, quero esquecer. Fico chateada com a pressão e a cobrança, as pessoas não entendem que eu não vivo pra fazer coisas pra elas. Tenho, sim, sonhos, objetivos e anseios, mas tenho também o emprego, a faculdade, o ballet, a carta de habilitação, a família, etc etc que me roubam tempo. Não me dedico 100% a nada. Porque isso significaria não me dedicar absolutamente nada a alguma coisa. Prefiro me dividir e ir fazendo devagarinho, até que fique pronto.

E não vou exigir de mim mais do que eu puder dar. Em nenhum dos âmbitos da minha vida. Melhorar sim. Mas pirar por não ser perfeita. Sorry. Tenho mais o que fazer.

Fora isso, fim de ano é uma época em  que, apesar da loucura, gosto de pensar na vida e nas pessoas. É uma época importante pra mim, mesmo que hoje em dia Natal não signifique quase nada pra ninguém.

Espero que todos estejam bem e tenham um restinho de semana iluminado.

Beijos e desculpem o sumiço.

Jaqueline.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Possibilidades

Outro dia, quando o professor chamou minha atenção - eu, de fato, estava lendo revista - eu respondi que estava ouvindo tudo o que ele dizia e refletindo, porém, minha importância, minha postura, naquele grupo. Francamente, faço isso com frequência.

Um outro professor, duns tempos atrás, me ensinou que não podemos ser apenas mais uma Coca Cola no deserto. Não podemos nos contentar em ser a primeira ou a última bolacha do pacote. Precisamos almejar a singularidade. Superar a mesmice, vencer os desafios e ser diferente da maioria. Só quem arrisca chega nos lugares nunca antes imaginados, conhece criaturas desconhecidas, desenterra novidades, cria maravilhas. 

O diferente assusta. O novo nos faz tremer. Mas é preciso que alguém se aproxime do desconhecido para mostrar para o restante que ele pode ser bom. Que pode funcionar.

Além disso, precisamos ter em mente que nada é impossível até que se tente a última possibilidade.

Enquanto isso, devemos acreditar.

Beijos, Jaqueline.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

E só

É estranho escrever depois de tanto tempo. Aosto que ninguém mais se de ao trabalho de passar por aqui. As coisas vão bem. Ando satisfeita com os dias, apesar do frio matutino conflitar demais com o calor do meio dia. O ballet têm doído. Mas têm me deixado respirar leve o poder do sonho de criança: subir na ponta. Temos um espetáculo pra fazer e já três coreografias prontas. E mais tantas por vir...

Tenho amado loucamente - mas calmamente, silenciosamente. Degustado cada olhar como quando criança chupava aquele sorvete que explodia na boca. Tinha que ser quietinha, sossegada, pra ouvir o barulhinho e sentir a cócega na boca. Tenho amado sem pressa; delicada como quem lida com uma flor.

Tenho escrito pouco e lido poudo e desenhado pouco e sonhado muito. E dançado mais ainda. Quero dançar o tempo todo. Dança de salão, do ventre, ballet, o que for. Faria tudo.

Decidi, como no post anterior, agir seguindo meu coração, minha fé, os meus princípios e minhas verdades. Não me decepcionei nenhuma vez que segui meu coração - e desde que matei aquela prova de física pra ver a palestra de jornalismo tenho me dado conta disso a cada momento. A intuição não falha. Se seguir o mesmo caminho, só vou chegar aonde todos já foram. Quero a diferença, a ousadia, a leveza da verdade, a franqueza da coragem, o sorriso da juventude que não sairá da minha alma.

Quero ter a força dos que sabem aonde querem chegar.

Quero a determinação dos que não estão sozinhos.

Quero um fim de semana maravilhoso, e só.

Beeijos, Jaqueline.

Ouse

"Existem, durante a nossa vida, sempre dois caminhos a seguir: aquele que todo mundo segue, e aquele que a nossa imaginação nos leva a seguir. O primeiro pode ser o mais seguro, o mais confiável, o menos crítico, o que você encontrará mais amigos, mas você será apenas mais um a caminhar. O segundo, com certeza vai ser mais difícil, mais solitário, o que você terá maiores críticas, mas também, o m...ais criativo, o mais original possível. Não importa o que você seja, quem você seja, ou que deseja na vida, a OUSADIA em ser diferente reflete na sua personalidade, no seu caráter, naquilo que você é. E é assim que as pessoas lembrarão de você um dia."

(Ayrton Senna da Silva)



quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O quereres e o estares sempre a fim

Onde queres revólver, sou coqueiro

E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão

Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és

Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor

Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock'n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus

O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim

Amo essa música desde 2006. Sim, eu ouvia Caetano Veloso aos 13.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Lounge

Eu e você assim de perto dá
Pra eu me perder de vez nas tuas tintas
Me dê uma noite, um pouco da manhã
Só pra eu sacar se os olhos mudam de cor
 
Não quero debater minhas loucuras no megafone, obrigada: há  meros devaneios tolos a me torturar.
 
Beeijos, da aula de Tecnologia da Comunicação IV, Jaqueline.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pra começar


Sabe como o mundo muda? Mudando a gente que mora lá.
Sabe como a gente muda? Plantando uma sementinha em cada lugar.

Não importa o quanto uma coisa parece impossível, se alguém acredita que ela pode acontecer, então ela pode acontecer. Não importa o quanto o vento seja forte, sempre se pode andar contra ele. Não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam.

E vai ser assim pra sempre.

Por isso, acostume-se a ser só você mesmo e a remar contra a maré.  A lutar pelo que você julga ser verdadeiro e digno. Persevere, trilhe seus caminhos com a cabeça erguida e não se deixe abater pelas más línguas, que nunca deixam de tecer comentários desanimadores.

Você não é um idiota só porque tem fé, nem um louco porque acorda nas manhãs de domingo pra fazer o bem. Mas caso me ache uma otária, clique aqui.

Beijos pra vocês que também querem mudar o mundo.

Jaqueline.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O que te faz feliz?


Se quer saber, um bocado de atenção, além de me fazer feliz, lubrifica minhas cordas vocais com a alegria de quem é ouvido, de quem faz sentido. Educação e sinceridade no bom dia me fazem acreditar na capacidade do ser humano de evoluir. A gentileza de segurar a porta pra alguém passar ou parar o carro pra alguém atravessar a rua me faz sonhar com uma gente mais bonita, mais simpática, mais verdadeira... mais feliz. Não jogar lixo no chão me faz feliz. Não perder as esperanças me faz ter forças de respirar, de viver, de lutar. E sem respirar, viver e, claro, lutar, não dá mesmo pra ser feliz.

Mingau de aveia me faz feliz. Sorvete de flocos me faz feliz. Cartões escritos à mão me matam de felicidade. Matéria no jornal, comentário no blog, scrap no orkut, brigadeiro, telefonema. Livrarias me fazem feliz. Bibliotecas me fazem viajar e viajar me faz feliz. Janelas me fazem feliz. Amigos me fazem ter certeza de que a felicidade existe.

Duvidar não me faz feliz. Mas a dúvida é o caminho pra se questionar e descobrir. E conhecer me faz feliz. Aprender me faz feliz. Mudar... Mudar faz parte do caminho pra felicidade. A cada dia que passa, mais entendo o quanto preciso me esforçar e cobrar de mim pra seguir adiante, porque não me contento com pouco e, então, se eu não me policiar pra alcançar aquelas minhas metas, nunca vou poder ser feliz - porque nunca vou me contentar com tão pouco...

Conquistar, crescer, ajudar - isso me faz feliz, mesmo que antes eu me contorça de gastrite nervosa e chore e trema e caia e sinta e doa. Amar me faz feliz - e ser amada, ainda mais. 

Beeijos, Jaqueline.

PS: felicidade de hoje foi subir na balança e, descontando os oitocentos gramas do All Star de couro, pesar menos que sessenta quilos.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Cartão

Sou do tempo em que se escreviam cartões de aniversário, de natal, de feliz qualquer coisa, mas em conflito com a distância daqui até a papelaria mais próxima e a pressa com que meu cartão não chegaria as mãos do seu destinatário, permito-me contrariar o meu princípio a respeito de palavras escritas à mão e providenciar uns cumprimentos virtuais àquele que, também virtualmente, conheceu primeiro meus textos, depois a mim e que com o tempo se tornou o que eu chamo não mais de amigo, mas de conselheiro.

Um alguém a quem muitas vezes já faltei, mas que sempre esteve lá pra me salvar, me dar um mapa mostrando o caminho, tirar a venda dos meus olhos e me fazer enxergar. Um alguém sempre sorridente, mesmo preocupado. Sempre atento, mesmo com tantas coisas na cabeça. Um alguém que me orienta e me inspira a ser uma pessoa melhor, uma cidadã melhor. Que me faz ter pesadelos, mas, ainda sim, a lutar pelos que precisam. Que pergunta no mínimo três vezes por conversa se está tudo bem mesmo com você.

Ao Renato Violardi, esse alguém tão tão precioso na minha vida, ficam os meus votos de paz, tranquilidade, sucesso, saúde e perseverança; se não perdermos a fé, nada mais poderá nos abalar. Lembre-se que a fé ri das impossibilidades, que o impossível é só questão de opinião.

Muito obrigada por tudo o que  você faz por mim, por todo carinho e atenção. Obrigada por confiar em mim e não desistir dos meus sonhos, mesmo depois de eu tê-los esquecido.

Um beijo, amigo.

Jaqueline.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Meu filho, você não merece nada!!

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada.

Por ELIANE BRUM

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

Beeijos, Jaqueline.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Amarras

Acho que poderíamos riscar, nessa manhã de céu azul,
do texto Alfabeto os itens d, e, f, g, l, m, n, tx e z.

Estou tentando, com paciência e, juro, uma força de vontade que não sei direito onde estou buscando, desamarrar essas amarras mentais. Metade das coisas que me aflingem são resultado de uma preguiça estúpida de me esforçar mais. Quero livros, quero teses, quero escrever mais. Quero transformar minha faculdade na melhor opção que poderia ter feito. Quero exigir que meus professores lecionem. Quero mandar às favas todos os que não trabalham pelo bem comum. Quero fazer minha parte sem cobranças e sem gastrite. 

Quero estudar, conhecer, descobrir. Quero aprender. Quero ver os filmes que não vi, dançar as músicas que eu tanto gosto, subir naquela sapatilha de ponta, mudar a cor da corda.

Quero ter forças pra assumir responsabilidades. Quero ter fé pra acreditar nos sonhos. Quero ter com quem me divertir de vez em quando.

Quero. E querer, Jaqueline, não se esqueça, querer é poder.

Beeijos, Jaqueline.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Citação

"É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. Mas amor, você sabe, amor não se pede."

(Tati Bernardi)

sábado, 16 de julho de 2011

Alfabeto

Há duas noites só durmo quando beira as duas horas da madrugada, depois de chorar copiosamente e, aos soluços, divagar pela maior gama de pensamentos negativos dos últimos tempos.

Penso que essa será a terceira noite.

No momento estou me sentindo a) frustrada com a minha realidade intelectual, b) medíocre em relação aos grandes projetos de vida profissional dos meus amigos, c) abandonada, já que "saudade é uma palavra forte demais" e as pessoas só lembram de mim quando me vêem comentar o quanto me esqueceram, d) desvalorizada, já que só vale a pena me buscar porque acabou a cerveja e alguém vai ter mesmo que pegar o carro, e) largada, já que meus problemas parecem ser motivo de desvios negativos no humor alheio, f) desencorajada, visto que dizer "calma, querida, estou com você, tudo vai dar certo" parece ser uma tarefa irrealizável e muitíssimo mais difícil que criticar e dizer "eu bem que avisei", g) gorda, pois ando tendo que matar a solidão no carbocídio, h) ansiosa, porque ser jornalista, estudante, capoeirista, inspetora, bailarina, filha, namorada, voluntária, salvadora do mundo e, puts, promoter NÃO É FÁCIL.

Também estou me sentindo, se é que alguém consegue sentir tanta coisa ao mesmo tempo, i) carente de aventuras e magia, coisas pequenas e especiais, j) cansada de ouvir a palavra dinheiro, e a ideia de que isso é a coisa mais importante da vida, l) mendiga, já que ando suplicando atenções, beijos e saudades - em vão. M) frágil, como uma boneca de louça antiga, prestes a cair de cima da cômoda e, o que é pior, n) órfã, sem ninguém que possa simplesmente abrir mão de alguma coisa pra me abraçar enquanto todos os meus medos tentam explodir meu coração.

Ah sim, senhoras e senhores, ando sentindo o) um medo avassalador de chegar aos quarenta e cinco sem o nível intelectual que combinamos pro café filosófico, sem ter conseguido mudar um pedacinho do mundo sequer p) dor nas costas de tanto remar contra a maré, q) como se fosse a jogadora que chuta, cobra o escanteio, cabeceia, defende o gol e apita - e vibra na torcida.

Às vezes me acho r) fracassada, por ter um 5,5 no Portal Educacional, s) preguiçosa, por parecer que não faço o suficiente pra superar os obstáculos, t) má atriz, já que não ando conseguindo disfarçar minha tristeza, u) mulherzinha, esperando duas horas e meia o príncipe resolver aparecer.

Estou v) magoada, porque sei que tudo isso não vai desaparecer como as rosquinhas de leite da Panco que estavam em cima da mesma ontem, x) insone, mas graças a Deus tenho twitter no celular, y) carente, por necessitar de especial atenção nesse momento da minha vida e z) sozinha: afinal, os ouvidos que deviam ouvir meu desabafo, estão ocupados com solos de guitarra e risadas histéricas, as mãos que deviam afagar meus cabelos para que eu dormisse sem chorar estão em volta de uma lata de alumínio, os olhos que eu esperava que vigiassem atentos, para o caso dos monstros saírem de baixo da cama, estão meio fechados e sem foco, por causa do álcool. A boca que eu esperava que pudesse me dar um beijo suave e dizer pra não pensar em nada disso, que ele estava ali para me proteger, deve, nesse momento, estar falando bobagens para homens igualmente bêbados, bravo por ter sido contrariado.

De qualquer forma, sobreviverei.

Beeijos, Jaqueline.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A que na vida não tem norte

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!


(Florbela Espanca)

Só que as pessoas me veem, sim.
E sei muito bem por quais motivos choro.

Beeijos, Jaqueline.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Sair só

"Apaixonar-se, mas apaixonar-se de verdade, significa jogar o próprio coração no abismo — e só depois saltar atrás dele..." Edson Marques

Hoje, estou tal qual um ser em coma que, calado, só respira. Estou poupando minhas cordas vocais, que paradas já doem o suficiente, pras palavras necessárias e meus ouvidos pro piano da aula de hoje a tarde. Estou ligeiramente triste. Delicadamente irritada. Brutalmente suave. Tentei ter a simpatia que me esperam, mas, sem retorno, desisti. Mas não me dei ao trabalho de não o ser, também. Não estou me dando ao trabalho de nada. Só escrever e pensar. Se parasse, poderia chorar. Mas não seriam lágrimas verdadeiramente tristes, só teimosas.

Não estou magoada, nem a chateação dura mais do que o perímetro do trabalho. Nem é ansiedade, nem tensão, nem saudade. Talvez fisessem bem uns chamegos, resultados, retornos, uma gente bonita e responsável, umas horas correndo mais depressinha. Ou um balde de beijinho (desde que doce, literal ou figuradamente).

Ao mesmo tempo que podia morrer, desmaiar ou virar uma estátua, queria mesmo era correr, gritar, resolver todos os problemas e ainda ir na aula de ballet. Ou talvez coma um chocolate e fique olhando o teto do meu quarto, com o Lenine gritando em meus ouvidos.

De qualquer forma, hoje é terça feira. Dia de pagar o cartão de crédito e ficar triste porque o dinheiro acabou.

Beeijos, Jaqueline. 

PS: Não demora eu tô de volta. Tchau! Vai ver se eu to lá na esquina, devo estar. Já deu minha hora e eu não posso ficar. Tchau! A lua me chama, tenho que ir pra rua.

2ª Festa Julina do Vale Verde

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Revolução: do it!

para o Amnésia, em 17 de junho de 2010, pós audiência pública para discussão do orçamento do município de Cabreúva para o ano de 2012.

Tá cansada, senta
Se acredita, tenta
Se tá frio, esquenta
Se tá fora, entra
Se pediu, aguenta
Prezados senhores,

Venho através deste apresentar a vossas senhorias meu profundo e incurável desagrado em relação a dois pensamentos: o de que nada do que fizermos fará diferença positiva na nossa realidade e o de que nada há para ser feito.

Se sujou, cai fora
Se dá pé, namora
Tá doendo, chora
Tá caindo, escora
Não tá bom, melhora
Explico: o pessimismo conformado que nada muda, nada transforma, nada questiona, nada crê e nada tenta, para mim, só tem uma explicação: a de que o grau de satisfação com as circunstâncias está em algum lugar acima de cinco, numa escala de zero a dez. É satistatório. Está tudo bem.

Segundo: os estagnados, que sequer respirariam se não fossem biologicamente obrigados, não tem, de forma alguma, sob nenhum prisma, o direito de reclamarem. Esse direito cabe àqueles que trabalham para que algo aconteça, que reclamam, planejam, agem e transformam.
Se aperta, grite
Se tá chato, agite
Se não tem, credite
Se foi falta, apite
Se não é, imite

Posto isso, quero deixar clara duas verdades, observem bem, que me seduzem e me orientam. Verdade número um: nós, seres humanos, seres racionais e tecnicamente dotados de inteligência, somos os responsáveis pela construção do meio em que vivemos. Se a qualidade desse meio é ou não adequada, a culpa ou o mérito é nosso, que o construímos certo ou errado. Verdade número dois: a esperança é última que morre e, quando ela morrer, será fato consumado a morte de todos nós.
Se é do mato, amanse
Trabalhou, descanse
Se tem festa, dance
Se tá longe, alcance
Use sua chance
Somos os verdadeiros donos do poder. Se somos nós quem votamos, somos nós quem damos nosso poder a alguém, que contratamos um ou outro para nos representar. Dessa mesma forma, poderíamos nós demití-los ao fim do contrato. E isso é um fato. Se não estivermos satisfeitos com nosso vereador, nosso prefeito, nosso secretário, nossa domédtica, nossa professora de inglês, nosso motorista: vamos demitir. Por um mais interessado e competente no lugar. Ou vai dizer que você não mandaria às favas sua empregada se ela dormisse e/ou usasse seu telefone o dia todo ao invés de fazer a faxina??
Se tá puto, quebre
Ta feliz, requebre
Se venceu, celebre
Se tá velho, alquebre
Corra atrás da lebre

Acredito que, do mesmo modo que podemos ensinar crianças a não jogarem papéis no chão e a não desperdiçarem água, podemos ensiná-las valores como ética, honra, respeito, justiça, honestidade. Com três anos meu irmão aprendeu o que era solidariedade. Repetia pra todo mundo. Mas ele não aprendeu sozinho: a família precisou ensinar. E é assim que funciona. Bons valores devem ser transmitidos.

Se perdeu, procure
Se é seu, segure
Se tá mal, se cure
Se é verdade, jure
Quer saber, apure

Cada um de nós, aprendi na igreja, tem uma missão. Gosto de pensar de a missão de todo mundo é partir e deixar para os que ficam um mundo um bocadinho melhor. Nem que seja só com a sua ausência.

Se sobrou, congele
Se não vai, cancele
Se é inocente, apele
Escravo, se rebele
Nunca se atropele

E, acima de tudo, nunca desistir, nunca se submeter. Nunca abaixar a cabeça perante uma injustiça, nunca calar perante o mal. O mal acontece graças ao silêncio dos bons! Não devemos permitir que nossa história seja escrita toda torta sem a nossa permissão. Não podemos conscentir que acabem com o nosso país nem nos fingir de cegos . Não podemos nos afastar de nossas responsabilidades, dos nossos deveres, das nossas obrigações.

Se escreveu, remeta
Engrossou, se meta
E quer dever, prometa
Prá moldar, derreta
Não se submeta!
Devemos nos livrar da praga antes que ela mate toda a plantação. Temos que cultivar o bem, os bons principios, a moral. Eu acredito que é possível construirmos, juntos, um bairro melhor, uma cidade melhor. Não sonho em mudar o mundo, mas em transformar o meu mundo! O meu cantinho, a minha rua, a do lado e a outra e a outra e a outra...

E, devagarzinho, um passinho de cada vez, podemos ir longe.

Beeijos, Jaqueline.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Outro dia


Eu amo tudo o que foi, tudo o que já não é, a dor que já não me dói, a antiga e errônea fé, o ontem que a dor deixou, o que deixou alegria, só porque foi, e voou. E hoje já é outro dia.

Felicidade é ser surpreendida por um beijo, um piscar de olhos, um coração de chocolate, é ter alguém que a gente também possa surpreender de vez em quando. Felicidade é rir das próprias bobagens, é dormir vendo televisão, vendo estrelas, vendo seu amor dormir. Felicidade for ver minha sogra e meu namorado dançando. É ouvir belas músicas e sonhar.

Felicidade é não ligar pro dia dos namorados, já que todo dia é mesmo de vocês dois. É ter bons motivos pra olhar pro relógio. Felicidade é pensar mais em alguém que em si.
É ter. Sim, senhoras e senhores, felicidade é ter: quem abraçar, alguém que te espere, te cuide, te queira, te ame. E também é ser tudo isso pra um alguém.

Feliz dia dos namorados, rs. Feliz todo dia, meu amor.

Beeijos, Jaqueline.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Irracionalmente lógico


E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?

Parabéns à Vivo pela melhor campanha do Dia dos Namorados do milênio! Quem, afinal, nunca quis assistir Eduardo e Mônica? Segundo lugar para a campanha da concorrente (qual era mesmo?) que pergunta pra diferentes casais se eles preferem 'o tempo todo' ou 'sem parar', um trocadilho muito inteligente entre  fazer diversas ligações ou ligações muito longas.
E todo mundo diz que ele completa ela, e vice e versa, que nem feijão com arroz!

Estou sem inspiração. Minha única inspiração deve estar ficando enjoada de tanta coisa escrita aqui só pra ela.
Estou fascinantemente feliz com o ballet, copiei um milhão e meio de músicas e estou animadíssima. Perdi total a técnica, mas o alongamento está bom, se for ver. Pra quem fez seis meses de aula e ficou um ano e meio só na vontade, acho que estou bem. Estou empolgada, louca pra dançar, quero música o tempo todo, quero ficar de sapatilha o dia todo, quero ter uma sapatilha de ponta. Mesmo usando collant três números acima do desejado e tendo o equivalente a quatro pernas de bailarinas. Felizmente, a minha amnésia não atinge a memória muscular e eu tenho força suficiente pra fazer os exercícios de barra.

AMO FAZER EXERCÍCIOS DE BARRA!

Estou tão tão feliz! Pareço criança em véspera de Natal.

Beeijos, Jaqueline.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Falta

Está cada dia mais frio, mais úmido, mais dor de cabeça e mais rinite. Cada dia que passa está mais rinite: incômodo. Tenho procurado fazer minha parte, cumprir minhas funções e atingir aquilo que os outros tem mania de ter: expectativas. Odeio expectativas, odeio metas, odeio planos. Mas eu mesma tenho muito disso tudo.

Estou infeliz com a minha falta de dedicação à certas coisas, como a leitura, a família, meu blog, a cozinha. Sinto falta de poder ir à biblioteca a qualquer hora, pegar um livro e ler a tarde toda. Sinto falta de ler a tarde toda, do silêncio, da pseudointelectualidade.

Sinto falta de trabalhos adiáveis e da inocência dos que nada devem, dos que não têm obrigações, nem lições de casa, nem eventos pra planejar ou ir, nem emprego, nem nada além das pessoas e das sessões da tarde.

Sinto falta de ser criança e não ter responsabilidade nem poder sobre a esperança de alguém. Sinto falta dos meus olhos meio cegos que não tinham que ver todos os dias as criancinhas passando frio por não terem o que vestir. Sinto falta do tempo em que dois reais eram dinheiro pra caramba e o Kinder Ovo custava metade do preço. Sinto falta de programas inteligentes na televisão, do porquinho cheio, dos biscoitos assando.

Sinto falta do tédio, do ócio. Sinto falta das férias.

Essa saudade, imagino, vai durar até fim de junho, quando terei completado daus semanas de férias. O outro mês, acreditem, vou passar sentindo falta de tudo o que hoje me incomoda. Da  correria, das obrigações, dos horários, das lições, reportagens, telefonemas.

Porque sou humana e nada me tira dessa condição reclamona e infeliz.

Pra quem não entendeu, não suporto mais a ideia de ir pra faculdade, fechar nota de bicho, estudar, ler, escrever reportagens. Não suporto mais meus óculos, nem meu celular que não desperta.

Fora isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Ganhei um presente lindo lindo de aniversário de namoro e um cartão daqueles que dá vontade de afogar em beijos seu autor. Na escola, ando me esforçando. E mato quem disser o contrário. Pode ser que eu faça tudo errado, mas ninguém pode alegar que eu não esteja tentando. Procuro ser legal com as crianças, dou broncas só quando eles merecem, deixo eles brincarem no recreio, não fico enxendo o saco pra eles comerem mais, nem nada.

Ontem todos os meninos do Pré I (4 anos) me pediram em namoro, exceto Samuel, que me deu um fora, e o Nathanael, que me pediu em casamento e ficou com ciúme por eu ter um namorado grande.

A festa do Vale Verde vai ser linda, mas estou com muita raiva pela irresponsabilidade da diretoria da Associação, que faltou em duas reuniões seguidas, fazendo com que eu perdesse horas de sono e paciência.

Voltei ontem pro ballet e isso por si só já me deixa muito feliz. Odeio não ter equilíbrio, odeio não conseguir fazer pliés em quarta posição, odeio não conseguir deixar os pés abertos, odeio a dor que sinto quando forço, odeio ter parado um ano e meio, mas espero a compreensão da professora quanto ao meu ridículo desempenho, já que são resultado de tempos afastada das aulas e não de preguiça ou má vontade.

Quero um belo programa pro sábado.

Beeijos, Jaqueline.

sábado, 4 de junho de 2011

Cinquenta e duas

"Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo, de repente eu me vi assim: completamente seu. Eu vi a minha força amarrada no seu passo, sem você não há caminho nem me acho, vi um grande amor brotar dentro de mim, como eu sonhei um dia."

Pra quem não sabe, tive quatro namorados. O primeiro me dava cartas de amor. O segundo, flores. O terceiro me deu um anel e o quarto, esse malandro, sem dar nem satisfação, roubou meu coração.

Mal chegou e já pegou, sem sequer pedir emprestado. Eu pensei que já fosse devolver, mas há mais de ano que não tenho nem sinal do meu coração. Acho que nunca mais vou tê-lo de volta. Aliás, nem acho que seja meu mais, de tanto tempo que está com ele, já virou dono do meu pobre coração.

Pouco depois de roubar meu coração, algumas luas depois, me arrancou também algumas lágrimas, mas depois fez sarar uns medos que me preocupavam, como o de ele não querer que eu, de repente, assim, quem sabe, lhe roubasse também o coração e lhe fosse senhora e dona e rainha e amante. E, de qualquer forma, eu nem queria mesmo só o coração: queria roubar-lhe os olhos, com ou sem óculos, cegos de amor ou não. Queria que a única coisa que ele visse fosse eu. Queria roubar suas mãos, pra que elas aparassem somente a mim. Queria que seus ouvidos fossem só da minha voz. E queria - ahh, como eu queria! - que todas as mulheres da sua vida virassem pó - já que nos meus pesadelos elas são mesmo muito mais magras e sensuais e importantes e por ele amadas.

Queria roubar pra mim todos os seus pensamentos, emoções, vontades. Ser dona de toda sua atenção, todo seu desejo, toda sua pressa, sua vontade de ficar, sua sede, seu calor. Queria assistir todos os seus sonhos.

Enfim, posso querer o que quiser.

Acontece que esse meu namorado, magicamente, fica mais bonito a cada vez que eu o encontro. E faz com que eu, tão prolixa e cheia de vocábulos, me cale perante tal excelência. Aquele par de olhos castanhos, sérios, brilhantes e observadores, destroem meu mistério, minha ousadia, minha fala, minhas ligações cerebrais. Não penso, não falo, às vezes sequer respiro. Qualquer um desses movimentos bruscos pode me acordar e levá-lo embora, então por quê arriscar?

Só eu sei quanto medo tive de nunca poder dizer pra ele aquelas tais três palavras que toda mulherzinha que se preze sonha em poder ouvir. E só eu sei o prazer de ouví-las da boca desse que hoje chamo de amor.

Mas como ia dizendo no princípio, tive quatro namorados. Outros três, além deste que ainda tenho. E, desculpem os anteriores pela confissão, nenhum deles me fizeram sentir como agora, nem mesmo o primeiro, com quem, na inocência, achei que ficaria pra sempre. Não havia o medo de perder, o anseio de encontrar, a saudade seca corroendo o coração, a alma. A sensação dos minutos demorarem horas pra passar na ausência, e milésimos de segundos na presença.

Com os três, sempre fui briguenta. Pirracenta. Não suportava cobranças, ciúme, demora, que podassem-me os amigos. Com esse, tudo o quero o tempo todo é que me roube do mundo e não deixasse ninguém mais sequer me olhar.

Mas a verdade verdadeira é que a gente sempre quer muita coisa, mas quando se ama pra valer a gente aceita o outro do jeitinho que ele é. Cantando errado, bebendo muito, vendo lutas na televisão, esquecendo da data do seu aniversário, perdendo hora, querendo sair sozinho... O amado não perde seu posto. Mesmo quando tudo o que você quer é acreditar que ele é um idiota, pro caso dele te dar um pé na bunda. Daí a amnésia passa e você lembra das palavras, do jeito que ele segura sua mão - que faz você acreditar que nada de ruim vai acontecer, do jeito que ele olha pra você e segura seu rosto pra te beijar. Você lembra das ligações, das mensagens, dos telefonemas, das madrugadas, das manhãs, dos almoços em família - com a dele e a sua - dos presentes, das cartas, dos domingos, das quartas em que a gente mata aula só pra poder ficar junto.
 
 
Hoje, faz um ano que estamos juntos e nos damos o nome de namorados. Cinquenta e duas semanas em que eu pude, feliz, tê-lo como primeiro pensamento do dia e, sem pudor algum, lembrar dele o tempo todo até dormir. Foi, posso dizer com certeza, o ano mais feliz da minha vida. Milhões de momentos importantes e especiais que passamos juntos. Espero, sinceramente, que esse seja o primeiro de muitos aniversários que a gente comemore. Obrigada por tudo querido. Pela paciência, pela atenção, pelo carinho. Obrigada por me deixar encostar o meu destino no seu.
 
Com amor, muito amor,
 
Jaqueline.