quarta-feira, 26 de abril de 2017

Só isso


Quem navega em águas facebuquianas está cansado de ver piadas como essa. E elas são tão pertinentes e, portanto, divertidas nessa fase quase-adulta-mas-não-tanto da vida que eu sempre sou marcada nelas. Ontem, uma amiga me marcou nessa postagem e eu, primeiro, ri. Depois, percebi "epa, tô rindo do quê?".

É claro que todos os itens citados estão sempre em constante evolução, mudança, adaptação, construção. No entanto, não há um que me falte. Eu ainda não tenho um apartamento próprio, porque ele ainda está sendo construído, mas já o tenho, porque já o comprei. Eu tenho emprego fixo, conquistado através do tão cobiçado concurso público, há seis anos, e meu segundo emprego de fotografia há três. Ou seja. Emprego tá tendo. Estabilidade financeira, consequentemente, também. Já que tenho emprego fixo e freelas bacanas que complementam a renda. Estabilidade emocional, posso até não ter tanto quanto queria, mas já tenho bem mais que há um ano atrás. Eu tenho um carro, que muito me dá gastos, mas que enche minha vida de caminhos e oportunidades. E tenho uma vida que, pela primeira vez, começa a tomar ares de "própria". Realizando os sonhos, ouvindo os desejos, respeitando os limites ou algo que o valha... Experimentando cursos e viagens, comprando coisas que eu sempre quis. Indo a lugares que eu tinha vontade ou que descobri agora que poderia se quisesse. Dançando nos palcos que enchem meu coração de alegria...

E eis que chegamos ao ponto central desse texto: precisamos nos dar conta do quanto estamos conquistando. Do quando nossa vida está evoluindo. Do quando os caminhos percorridos nos levaram para frente. E não apenas perceber o desgaste, o cansaço, a dor nas pernas e as bolhas nos pés.

Quem não passa pelos dias se arrastando, sentindo que a vida está parada, que nada acontece, que os anos passam e continuamos os mesmos, sem rumo, sem progresso. Eu sou essa pessoa. Semana sim, semana não, tenho crises existenciais que me arrastam pra um mar de ansiedade e fico me sentindo péssima, como quem nunca deu sequer um passo na direção certa. No entanto, um simples post me despertou a consciência e eu pude perceber o quanto já conquistei nesses últimos meses e anos. 

Ah, a consciência... tão útil quando ela vêm assim, sozinha. Quando os outros nos falam, a gente simplesmente não ouve. Não percebe. A gente tem que tomar esses tapas na cara da vida pra ver o quanto somos prósperos, privilegiados, ricos...! Tão sortudos, abençoados, capazes...! 

Queria muito que as pessoas que me cercam, todas elas tão abençoadas e prósperas e privilegiadas e ricas e capazes tanto quanto eu, se enxergassem. Que olhassem pra trás e vissem o quanto estão melhores hoje, por menor que seja a diferença. Vieram experiências, conquistas, aprendizados, dores, despedidas, coragens... Se deram novas chances, acertaram e erraram. Choraram, riram. Não importa o que falta pra ser conquistado. Onde falta chegar. O que falta fazer. Quantos lugares faltam pra conhecer. Não. Importa. 

Olhe para o que você tem. Pra sua casa. Sua comida. Suas roupas. Seu computador com internet e netflix. Seu celular bacana, com câmera e whatsapp. Olhe pra sua família. Pros seus amigos. Pra sua saúde. Pras suas pernas e braços. Olhe pros seus olhos. Pros seus animais de estimação. Pro seu emprego ou currículo. Olhe pros seus amigos. Pras suas experiências. Viagens. Cursos. Pros filmes e livros que você tem acesso. E agradeça. Só isso. Não reclame. 

Tá bem? Então tá. 

quarta-feira, 5 de abril de 2017

complicada, né

Sou alguém que anda sempre cheia até a borda. Pesada, intensa, prestes a transbordar. Estou cheia. De certezas e de dúvidas. De medos e traumas. Prestes a transbordar, mas não permito. Não escorro. Não me desfaço. Não porque não quero. Mas porque não consigo. 

Dores de cabeça pelo que não consigo entender. Dores de estômago pelo que não consigo digerir. E vida que segue. E se os olhos também doem, com certeza é por algo que eu não quero enxergar. 


Complicada essa vida de psicanálise. 





(Escrevi isso em julho, mas podia ter sido hoje.)



so tired

Eu fico repetindo frases prontas e atribuindo-as a Sartre como se isso fosse resolver minha dependência emocional. Fico andando em círculos, fingindo que eu sei viver um dia de cada vez, quando claramente minhas noites de sono apenas pioram, conforme a ansiedade aumenta.

Bom, dizem que admitir é o primeiro passo.