quinta-feira, 30 de julho de 2015

dezesseis calças jeans

Dia desses me deu um nervoso.
Um nervoso daqueles que a gente não sabe explicar. Nervoso de vida bagunçada e, ao mesmo tempo, empoeirando de tão parada.
Aí me deu cinco minutos e comecei a arrumar uma parte do meu guarda roupa.
A psicologia / medicina chinesa com certeza deve ter explicações pro fato de que arrumar coisas faz você arrumar também sua cabeça.
E faz arrumar outras coisas, como vergonha na cara.
Explico.
Dobrando minhas calças jeans fiz uma conta rápida. E - à minha vista - havia dezesseis delas.
Pensei em mais algumas que deviam estar perdidas no buraco negro que as lava e passa.
E cheguei à uma conclusão.

Eu tenho mais de vinte calças jeans.
Claras, escuras, estampadas, coloridas, flare.
E quero que alguém me diga porquê.

Gente, eu só tenho duas pernas. Só sete dias na semana.
Absurdo.

Primeiro, veio a vergonha de existir.
Eu sempre tive o hábito de doar roupas. Sempre.
Desde pequenininha. Roupas boas, novas, bonitas eram sempre repassadas pra quem precisasse.
E, de repente, não mais que de repente, eu tinha mais que vinte calças.
Mas na hora: separei várias delas pra doar.

Ainda assim, continuo cheia de calças.
O que me remete à outro problema.

Eu compro muita roupa.
E, mais que isso, eu ganho muita roupa.

Ou seja.
Chega disso, né.

Medida número um:
organizei todo o resto do armário e doei tudo que vi pela frente.
Medida número dois:
não comprar roupa até segunda ordem.
E aí aproveito pra instaurar a medida número três:
nada de cartão de crédito.

E acho que vamos todos sobreviver.
Eu, minhas calças, meu cartão...
Mais leves, ricos e felizes.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Um dia a mais é sempre um dia a menos

Pelas minhas contas, já foram sessenta e sete.
(mas não sou boa de conta, sou jornalista)

Cada dia que passa é um dia mais. Mais um dia longe, distante. Mais um dia de saudade. Mais um dia sem. Mais um dia quieto. Mais um dia sem abraço. Sem beijo na curvinha do pescoço de bom dia. Sem pipoca com catchup. Mais um dia sem ver. Sem tocar. Sem sentir. Mais um dia sem seus dedos entrelaçados nos meus. Mais um dia sem ouvir aquele motor barulhento chegando. Mais um dia sem te encontrar na porta de casa. Mais um dia sem descansar minha cabeça no seu peito. Mais um dia esperando aquele dia chegar. Mais um dia ansiosa, mais um dia querendo, mais um dia sonhando. 

Mas todo dia a mais, é na verdade um dia a menos. 

No início eram noventa e três dias. Hoje, são vinte e seis, quase vinte e cinco, já o dia está quase acabando. Então, um dia a mais é um dia a menos. É um dia mais perto do tão sonhado dia de te buscar. E é também um dia a mais criando uma expectativa gostosa, uma ansiedade de viver toda a saudade acumulada. 

Hoje, são sessenta e sete dias a menos. Sessenta e sete mais perto de estar com você de novo. 

E eu não vejo a hora de agosto chegar - e passar! <3 nbsp="" p="">



terça-feira, 21 de julho de 2015

Desabafo online, como manda o figurino

Se tem algo que me tira do sério é gente com síndrome de vira lata. Sabe quando a grama do vizinho é mais verde? Então. Mas a síndrome tem duas versões: o coitadinho e o revoltado. 

O coitadinho vê a si e às suas coisas como desprezíveis. Não sabe fazer nada, não consegue fazer nada, é feio, não sabe conversar, não tem jeito pra se relacionar, as pessoas não gostam dele, não é tão culto nem tão interessante - não importa o quanto você diz o contrário. E tem o revoltado. O Vira Lata revoltado é aquele que acha que tudo no mundo não é suficiente. Do tipo que reclama do buraco no asfalto, do ônibus que passa em cima do buraco, de ter que pagar pra andar em ônibus que passa em cima de buraco do asfalto, de não ter nem ar condicionado nos ônibus. "Na Suíça os ônibus tem ar condicionado, sabia?"

E o pior: o vira lata revoltado não tá contente com nada. Mesmo você provando que a grama do vizinho tá muito mais zuada do que a dele (e que ele tá lá enaltecendo uma porcaria de grama), ele olha pra você com aquele olhar de ódio e inventa uma asneira pra provar que você está errado.

E, pior ainda, o vira lata normalmente não levanta a bunda do sofá pra tentar melhorar a situação da própria grama. Fica lá: invejando a grama do vizinho (sendo ela mais verde ou não) ao invés de trabalhar pra melhorar a sua ou pra enxergar o quão boa ela é. E, puts, o vira lata nunca, nunca mesmo, faz as malas e vai embora - pra esse paraíso das gramas verdes e dos ônibus com ar condicionado e dos asfaltos sem buracos.

Não. Ele fica. Pra te aporrinhar.

E é aí que eu, com meu mau humor grau doze, me descabelo.

Porque primeiro, sou uma otimista. Segundo porque sou daquelas que acreditam que se você não tá feliz com algo você pode 1) mudar essa coisa 2) se livrar dela. Terceiro porque eu acho que temos que ter um pouco mais de respeito com aquilo que nós somos - nossa história, nossa identidade, nossa cidade, nossos conterrâneos, nossos colegas de trabalho - e, definitivamente, tentar enxergar seus pontos positivos.

O vira lata coitadinho não vê seus próprios pontos fortes. E Elis Pinheiro me disse: se você não conhece seus pontos fortes e não trabalha seus pontos fortes, você perde sua identidade. Perde aquilo que você tem de mais poderoso. Já o vira lata revoltado não vê pontos positivos em nada. Se chove, não dá pra lavar roupa, se faz sol se sente obrigado a lavar roupa pra aproveitar e hoje ele/a só queria ver Netflix. Sabe?



Cadê aquela gente bonita que valoriza a escola em que estudou, mesmo não sendo Princeton? Cadê aquele povo gentil que ama sua cidade, mesmo ela não sendo Nova Iorque? Aquela gente bacana que admira o português bem falado, mesmo não tendo o charme do francês? Cadê aquela gente boa que enxerga beleza na simplicidade, que consegue sair de casa e ir até o quintal e ver coisas bonitas lá pela primeira vez? Cadê aquela gente divertida, que não precisa ir na maior festa do mundo pra poder postar no Instagram que está se divertindo? Aquela gente ama o que tem, mas nem por isso deixa de correr atrás de coisas melhores?

Precisamos aprender a ter mais carinho com o que é nosso. Particularmente, sinto muito isso em relação à cidade que chamo de minha. Um brinde aos que a olham com carinho! Aos que enxergam beleza! Aos que entendem as potencialidades! Aos que conseguem ver além, enxergar mais longe, pensar maior. 

Alguém que consegue sentir as maravilhas qualquer coisa, de qualquer lugar, de qualquer pessoa - até de si mesmo. 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Venero a saudade quando ela está pra terminar, baby, com você chegando

Hoje eu acordei com vontade de lavar louça. Sim. Na água fria, com a aliança no bolso pra não molhar e você me abraçando, os braços ao redor da minha cintura e seu rosto encaixado sobre um dos meus ombros, me dando beijos no pescoço.

Hoje eu queria ter que ficar de pé na cozinha, refogando o shimeji na manteiga, mas com pouca manteiga, e mexendo e esperando aquela água toda secar, só pra poder ficar conversando com você, sentado ali do outro lado da mesa. Só pra poder reclamar de sede e poder te pedir um copo d'água. 

Hoje eu queria ver 300, Thor, Os Vingadores ou John Carter, mesmo já sabendo todas as falas de cor, de tanto que a gente já viu, só pra ficar de conchinha na sala e quem sabe até cochilar abraçada por você.

Hoje eu queria ter um problemão no trabalho e ter que te ligar meio chorosa, só pra você vir me consolar na hora do almoço, só pra ficar abraçada com você na porta da loja e descansar minha cabeça cheia no seu ombro. 

Hoje eu queria te encontrar de qualquer jeito, nem que fosse só pra te levar pra casa depois de um dia normal. Hoje eu queria tomar um café, suspirar e dizer que você é o causador da minha insônia... que eu só durmo bem com você. Queria poder ligar o rádio na Nova Brasil e ficar cantarolando Djavan e Milton enquanto pegamos no sono. 

Queria me irritar com seus gatos pisando na minha cabeça enquanto estou deitada na sua cama, com o seu travesseiro, porque ele é melhor do que o meu.

Hoje eu topava tudo só pra ter você de volta. Com você nem as coisas ruins são ruins. Mas sem você  até as coisas bacanas perdem um pouco do charme, do objetivo de ser, da cor. 

E tudo isso me lembra uma música que eu detestei durante minha adolescência por seu teor de glicose - hoje ela é quase tudo o que eu quero dizer pra você. 


Eu gosto do claro quando é claro que você me ama
Eu gosto do escuro no escuro com você na cama
Eu gosto do não se você diz não viver sem mim
Eu gosto de tudo, tudo o que traz você aqui
Eu gosto do nada, nada que te leve para longe
Eu amo a demora sempre que o nosso beijo é longo
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby, com você já, já