Amnésias e Alzheimers

Permissão, por Norma Ricomine


Eu me permiti errar e o meu erro foi o clímax do evento;
Eu me permiti errar quando decidi que horários devem ser cumpridos;
Padrões estabelecidos;
Portas devem ser fechadas;
A voz deve ser baixa;
As feridas devem ser curadas;
Os passos, contados;
E as pessoas, escolhidas.
Eu me permiti errar quando deixei de te ouvir;
Quando dormi acordada;
Quando sai correndo, sem destino
E cai na porta da frente da minha casa.
Eu me permiti errar, e errei, quando cozinhei o tradicional;
Quando sorri com as piadas de mau gosto;
Quando chorei na calçada;
Quando gritei sem motivo;
Quando alcancei a nota que precisava...
Eu errei, e não teria me permitido, quando sai sem levar nada;
Te deixei sem me explicar;
Admiti a dor, e chorei, e gritei, e corri sem saber para onde ir.
Eu não deveria, mas me desculpei
Pelos fracassos;
Pela coragem de fazer o diferente;
Pelo mal que habita nas pessoas, e pelo bem que sempre se sobressai;
Pelas vozes caladas;
Pelos suspiros vazios....
Pela escada... que não subi.

Página em branco..., por Luana Vieira

Uma pagina em branco...mas tanta coisa a ser dita. Difícil é dizer. Difícil é encaixar as coisas nas entrelinhas, já que nem tudo pode ser dito, não é mesmo!? As ultimas semanas foram calmamente tumultuadas. Pode isso?! Pode. Na minha vida pode. Olho as pessoas a minha volta e fico imaginando o que se passa dentro delas! Fico imaginando, que nem imaginam o que se passa dentro de mim. Ufa! Ahahahaha melhor assim! Já passou pela sua cabeça escrever “sem editor de texto” e “soltar a bomba”, mostrar de verdade quem você é?! Ah, não venha me dizer que não existe ai um mundo paralelo, algo escondidinho, algo que só você, ou só você e aquela melhor amiga sabem! Existe, sempre existe! Eu, confesso, não sei de qual dos meus dois mundo me agrada mais...rs. Eu disse dois?! Dois, três, quatro, sei lá, mas não são só dois. E não me atire pedras. Pare e pense, quantos são os seus mundos?!


Reconhecimento, por Eliel Carvalho

Só para esclarecer: a minha querida Jacky tem a feia mania de convidar pessoas para escrever de maneira tão descompromissada, que faz com que a pessoa se sinta obrigada a escrever... E não a escrever qualquer coisa, mas um texto que lhe inspire, que lhe descreva, um texto que acaba por se tornar um grande desafio.

Quero escrever sobre alguma coisa que acrescente, sobre algo que importe ou interesse, mas não consigo pensar em nada. Eu poderia escrever sobre gastronomia, mas não quero, já faço isso para o meu próprio blog. Quero algo novo, diferente do que já escrevi, sobre algo que realmente me inspire.

E já que não sei sobre o que escrever, irei me aproveitar da maré de inspiração que estou vivendo por causa do livro que estou escrevendo e dos filmes que ultimamente ando assistindo; e buscarei um pouco dessa inspiração para escrever para esse blog que tanto me inspirou e ainda o faz. Vamos tentar;

Quero que me aplaudam quando desço dos palcos. Quero ver a reação à uma refeição que preparo. Quero as emoções de quem lê minhas histórias. Em resumo quero o reconhecimento por aquilo que faço.

Isso não acontece só comigo. Disso tenho certeza. Todos nós queremos ser reconhecidos, não importa o que façamos. Alguns concordam comigo, outros não irão admitir, mas sim todos procuram por isso. Eu mesmo sou (ou pelo menos era) dos que não admitiam, mas frente aos fatos da vida, prefiro mudar de idéia e abrir meus desejos para que o mundo saiba.

Certas pessoas dizem que as coisas que fazemos bem são por dom. Minha opinião é que não existe dom algum. Na verdade existe vontade e esforço. Por meio desses é que você procura desenvolver as habilidades que você tem. É tudo uma base de treino, quando nascemos e crescemos tivemos de desenvolver habilidades como falar ou andar, exceto se houver algo que o impeça de fazer algo, você terá as oportunidades físicas ou mentais para realizar tudo aquilo que quiser.

E é por isso, que devemos estar preparados para receber críticas e não apenas elogios, pois serão eles que nos mostrarão onde devemos melhorar para assim então chegarmos onde queremos chegar.

Desde muito pequeno queria escrever histórias que um dia pudessem ser lidas por pessoas que eu não conheço e para atingir meu objetivo vou me esforçando para melhorar sempre. Vou escrevendo textos para o meu blog, para o meu livro (mesmo os que nunca serão um livro) e agora fui convidado para escrever um texto para o Amnésia, um blog que tanto amo. E só a Jacky sabe como eu infernizo sua vida tão cheia de afazeres com meus textos, mas só faço isso por que confio no trabalho dessa futura jornalista.


No Tom, por Luiz Francisco Loureiro

Estive me perguntando sobre um tema pertinente. Quando me pediram um texto, me disseram: “escreva sobre o que quiser, nem precisa ser um grande tema”. Antes tivessem me dito: “escolha o tema mais complexo, faça o texto mais mirabolante que você jamais escreveu”, assim pelo menos eu desencanaria, riria comigo e esqueceria o pedido em pouco tempo. Mas essa proposta tão descompromissada e tão livre, quase que me obrigou a redigir umas dúzias de linhas bem feitas, no mínimo bem intencionadas. E isto foi: escrever ou não escrever? Outro grande problema, menos moral que esse, nasceu ou persistiu: sobre o que escrever? Com tantos milhares de assuntos, que critérios usar pra definir um positivamente leve, que não tornasse mais tediosa essa nossa vida de estudantes em férias? Dentre todos esses milhares de temas, ouvindo Tom Jobim, descobri simplesmente quão absurda era minha dúvida. Os instrumentos das músicas dele me sopraram: “se nós somos a solução pra todos os problemas do mundo, até pros que ainda não surgiram, quem dirá pra essa sua crisezinha de criatividade”. De certa forma foi o que Tom me disse, e eu conheci meu tema.

Desde que li ‘Mito e significado’ de Lévi-Strauss, mais especificamente o capítulo dedicado à relação entre música e mito, fiquei mais atento às composições e as estruturas, aos nomes, as histórias e à carga folclórica que as músicas, em sua perfeição, nos plantam ouvidos adentro. Claro que Lévi-Strauss não estava se referindo exatamente as composições populares, isso parece claro quando cita óperas e nomes da musica erudita européia, mas de certa forma acredito que essa entrega de atenção seja perfeitamente aplicável e até recomendável na audição de toda música. Ainda mais se o nome “Tom Jobim” estiver escrito junto aos títulos dessas músicas, se me permitem um palpite audacioso, acredito que nosso bom antropólogo, apesar de não ser tão popularesco, se fosse capaz de ouvir ao Tom com ouvidos tropicais de fato, também concordaria com essa observação (ou não), e além do mais, Tom não é só popular.

A genialidade de Tom não deve ser novidade pra ninguém e se for, que esse se apresse: falaria em crime se não fosse tão comum a nós brasileiros, de todas as idades e de todos os lugares, desconhecermos sua belíssima obra, mas quem nasceu e cresceu aqui, mesmo não sendo contemporâneo do maestro brasileiro, não tem desculpas para não o conhecer e ouvir. Pros que gostam de erudição e pros que gostam do que é popular: o mesmo Tom Jobim - que soube como poucos fundir esses dois universos aparentemente antagônicos em composições que unem balanço, complexidade e outros tantos valores comuns a arte brasileira, afinal, quantos outros têm uma composição com um nome como “Piano na Mangueira”? Essa possibilidade genial, em minha pouco entendida opinião, só é vista com mais relevo em Vila Lobos, criador definitivo da alma erudita da música brasileira. Resgatando elementos folclóricos nacionais e acrescentando a estes uma simplicidade refinada que é tão sua, Tom fez mais que conquistar a atenção do mundo pra si e pra plasticidade da arte brasileira: contribuiu com melódicos detalhes na construção de uma identidade Brasil, mais popular que ufanista, onde mesmo em tempos militares, caixas e pratos verde-amarelos, foram mais bossa que marcha, com piano flauta e violino, mas nunca mais distantes do samba que os pandeiros e os violões do morro.

Presságio, por Eline Emanoeli

Segunda-feira, 24 de janeiro de 2011. Estava eu sozinha em casa assistindo a um filme – “Presságio”, com Nicolas Cage – que parecia interessante no início, mas que se mostrou meio horripilante depois. Então, como a medrosa que sou, tinha duas opções para conseguir terminar de ver o filme: ligar pra alguém pra não me sentir sozinha – mas isso daria interferência no som da tevê – ou entrar no MSN e rezar pra que viessem falar comigo naquele momento. Optei pela segunda. E quem foi a primeira pessoa a me chamar? Srtª Jaqueline. Revelei pra ela a amiga cagona que tinha e no meio da conversa ela me faz o pedido pelo qual com certeza, ao ler esse texto pobre, se arrependeria. Ela me pediu pra escrever um texto qualquer, que ela publicaria no blog. Eu avisei sobre o provável arrependimento, azar o dela.

Já faz um tempo que não faço isso, me perdoem. Mas vou tentar não causar muita sonolência. A última vez que eu escrevi um texto para um blog, foi na metade de 2009. Não tinha começado ainda a ficar na neura dos tempos de cursinho pré-vestibular, não era firme o suficiente em algumas de minhas idéias. E principalmente, não tinha freqüentado um ano de faculdade, então, pouco sabia o quanto pode haver diversidade entre as pessoas, muito menos o quanto isso pode ser bom. É bem verdade também que eu não entendia patavinas de macroeconomia, não conhecia bem os grandes pensadores da ciência política, muito menos sabia por que a última bolacha do pacote tem mais valor que as demais – vide aulas de microeconomia.

E mesmo assim, ainda não me sinto madura. Nunca me senti tão “metamorfose ambulante” como antes. Talvez seja por isso que eu não escreva mais – medo de cair em contradição. Acho que essa fase da vida é um tanto oscilante, de constantes mudanças. Pior que a adolescência. Não me sinto responsável como uma adulta, mas também não me sinto sonhadora como uma adolescente tola. É aquela fase em que começa a cair a ficha, que a gente toma uma grande dose de realidade. Que percebe que precisa assumir responsabilidades, mas também quer curtir a vida ainda. É tenso. Mas quer saber? Vale a experiência.

Enfim, percebo essas mudanças em pequenos exemplos do cotidiano. Ao filme que assisti ontem mesmo, há alguns anos eu acharia muito assustador e, talvez, com uma história sensacional. Ontem, deu um medinho – confesso – mas achei um tanto decepcionante o rumo tomado pelos personagens. Quem sabe se eu assisti-lo novamente daqui uns anos, já não precise entrar no MSN pra não temer algumas cenas e consiga ter outra perspectiva.

Ok, tenho um prognóstico sobre o futuro a fazer; um presságio. No fundo, no fundo, a grande trama da vida é uma e vai nos acompanhar até o fim - a mudança – dá medo, mas é fascinante.

Obrigada pela oportunidade, Jaque.

E obrigada a quem teve paciência de ler essa bobagem toda que estava na cabecinha desta que vos escreve!