sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Exatamente aquilo que a gente é

Em mensagens de aniversário as pessoas costumam nos dizer o que representamos para elas. E fiquei pensando como nos mostramos das mais diferentes formas. Cada um nos vê de uma maneira. Talvez tenham o olhar alterado pelas suas próprias experiencias e personalidade ou a gente é que se molde de acordo com quem esteja com a gente.

Sei que fiquei pensando em quantas sou. Pro Eliel, eu sou a bailarina. A que quer calçar sapatilhas e dançar até morrer. Pra Thaís, sou a caçula bagunceira e folgada, determinada e bellydance. Pra Shirley, sou a nora. Pro Celso, a princesa, a namorada. Pro chefe, sou a foca. No trabalho, sou jornalista. No Vale Verde, a presidente. Na rua, sou fotógrafa. A filha da Hilda. A filha do Carlos. A filha do Rosinha. Pra Vanessa sou a Jaque Rosa que ia virar Roxa se não esticasse a ponta nas aulas de ballet. Pra Sheila, sou a psicopata. Pra Luciana, a bebê.

Acho que pras crianças, ainda sou a tia. Pros alunos mais velhos, vou ser sempre a dona. Pro meu pai, sou a Chiquinha, a Jaquinha, a menininha teimosa que gosta de política. Pro Izak sou amiga. Pra Eline, 'miga'. Pro Renato, madrinha. Pra Flávia, sou afilhada. E tem a outra Flávia, pra quem sou aluna. 

Sou sobrinha, irmã, prima. Sou aquela que não lembra os nomes das pessoas nem dos livros. Sou aquela que lê. Pra Beth, a bibliotecária, sou a que nunca devolve o livro na data. Pro vendedor da Nobel, a moça que olha, olha, cheira os livros e vai embora sem comprar nada. 

Pra Ju, sou uma das bellydivas seduzentes do Shiva, kkkkk  é cada coisa...! Alguns acham que eu sou a salvadora da pátria - menos o dono da caminhonete em que eu bati. Sou tantas,... 

Posso ser a tigresa de unhas negras e íris cor de mel. Posso ser Beatriz - que não sabem se é moça, se é triste, se é o contrário. Só não posso ser a garota de Ipanema, hahaha. Posso ser a musa e a bruxa. A diva e aquela que só fica na coxia observando. Posso ser o amor de alguém. Posso ser aquela que preferiam não conhecer... 

Talvez eu seja daquelas que a gente não esquece. Ou seja um rabisco de lápis ou um papel de banco que borracha e o tempo apagam facilmente. Vai saber né.

"Isso de querer ser 
exatamente aquilo 
que a gente é 
ainda vai 
nos levar além"

Paulo Leminski

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Ano novo

"Já não tenho a mesma idade
Envelheço na cidade 
Nessa vida é jogo rápido
para mim ou pra você
Mais um ano que se passa
Eu não sei o que fazer (...)
Feliz aniversário
Envelheço na cidade"

Quem me conhece sabe. Eu amo fazer aniversário. Não é pelos presentes (talvez pelos cartões e telefonemas - inclusive de gente que a vida levou pra longe), talvez seja pelo bolo prestígio da minha tia ou pelo fim do inferno astral. Não sei. Mas é um dia em que eu me sinto bem. Me sinto feliz por estar viva, por ser quem eu sou. É um dia pra se ter orgulho do ano que passou. Um dia pra relaxar e pensar: passou. Foi difícil, foi tenso, mas passou. Acabou, vamos começar outra história. O aniversário é o nosso Ano Novo. Poxa, não é querer ficar velha antes do tempo, mas pare e pense: vinte e um anos. É muita coisa. São milhares de dias repletos de horas pra gente viver. Vários minutos gastos com coisas ruins: gente, pensa no desperdício! Nos meus aniversários eu sempre acabo refletindo sobre como estou gastando meu tempo de vida. Se o estou aproveitando bem, para algo bom - seja para mim ou para ajudar os outros.  Mas hoje é quarta-feira né. Vamos ver se sobra tempo... rs

terça-feira, 1 de outubro de 2013

De barriga cheia...

"Na vida a coisa mais feia
é gente que vive chorando de barriga cheia..."

Estou sentada na cozinha. Sem óculos. Com os pés na cadeira, com aquela calça horrorosa laranja, olhando pra minha caneca de leite com chocolate vazia e ouvindo Have You Ever Seen The Rain. Hum. E daí, né?  Estou aqui pensando... Como eu reclamo da vida. Como eu desperdiço minha criatividade tendo medo de dar sugestões idiotas ou de não dar certo. Estou aqui pensando como eu sou mesquinha. Sempre tão preocupada em inventar desculpas pros meus erros, torcendo para que as pessoas gostem mais de mim sabendo que foi sem querer. Hunf. Sou só uma garota cheia de espinhas, preguiçosa e gulosa, que não acha tempo pra si. Que não acha espaço nem no guarda roupas. Que se lamenta por não ir a lançamentos de livros em SP. Sou uma pessoa mais rasa do que me mostro. Não sou artista, não sou filosofa, não sou fotografa, nem escritora de verdade, nem dançarina de verdade. Sou um eterno desejo. Um insaciável querer: ser, ter, fazer, provar.

No fim, que importa? Quais cursos você foi, quais palestras você assistiu... Aquelas fotos escondidas na nuvem... Aqueles textos enfiados na caixa embaixo da cama, aquelas fotos fora do porta retrato? Os livros que você comprou e não leu, de que servem? Os que você leu e trancou no guarda roupas? Que diferença fazem estando aí? E aquele sapato amarelo que você comprou pela Internet, sem nem pensar na greve dos Correios? Hum? Talvez quando chegar o salto quadrado já tenha saído de moda...

Queria ser bonita e ter pele boa pra por fotos gatas no facebook. Ter cabelos longos pra me elogiarem na dança. Queria ser alta, ter pés bonitos, um guarda roupas grande,... Aí, um minuto depois, quero mais é viver de tênis e camisetas e que-se-danem-os-saltos-altos e viajar. Ou não. Melhor ler, escrever, publicar... O que?

Nesse segundo, nao ligo a mínima pro TCC, pro trabalho,... estou feliz com as pessoas que tenho. Com as coisas que posso conquistar, com o presente que comprei pra você de Natal. Com a ansiedade gostosa pré-viagem, com a diversão que tem sido dirigir. Com o vento batendo no rosto quando andamos de moto. Com a vontade de comer morango. Me contento em te fazer cócegas. Em esfregar o nariz no seu cabelo enquanto você dorme deitado no meu peito. Me satisfaço com pizzas requentadas, com vinho barato bebido na cama, em copos de requeijão. Me contento com shows da Nova Brasil, ouvidos do rádio em cima do criado mudo. Sorrio com promessas de fins de semana leves. De, quem sabe, um cineminha domingo a tarde. De te fazer ouvir minhas histórias por telefone.

Me contento com meu sono largado com meu travesseiro fofo, contando as horas pro fim de semana. Em salivar vendo foto de comida japonesa. Em surtar com o combo Gabrilli+Lacombe.

 Nós já temos tanto... Já somos tanto... Pra que querer ser a musa do verão? Fazer um show de poderosas? Pra que querer ter razão? Se o que importa é ser o que você ja é: você mesmo. Simples assim. Fácil assim. Com suas qualidades, seus defeitos, suas falhas, suas nobrezas...

"Cada um sabe

a dor e a delícia

de ser o que é"


J.

Memória de papel


“Aquele que não tem memória arranja uma de papel.” 

Gabriel García Marquez


Ah que vontade de largar essa faculdade nos 45 do segundo tempo. Cair, me contundir, entrar num coma por três meses e ops, não deu pra entregar o TCC! Poxa...! #xatiada Se é preguiça? Também. Falta de disciplina, de regras... Falta de motivação. Me sinto perdida, sem tempo livre pra nada. E nos meus poucos minutos livres não quero escrever, não quero ler, não quero fazer reuniões, não quero nem fotografar. E quando começo a pensar na monografia, sinto como se faltasse liga, cimento, açúcar, ou algo que deixe a coisa boa o suficiente.

Inferno astral também não tá ajudando. To forçando o cérebro... Tentando me obrigar a fazer a monografia. Mas tá tão difícil... queria desistir. Não fosse a pressão social que cai sobre os que abandonam qualquer coisa faltando pouco pela linha de chegada, já o teria feito. Aff.

Só queria ir no lançamento do livro da Lacombe sobre a Mara e depois pegar um avião pra Blumenau. Eu devia era terminar o Incorrespondências. Juntar as coisas do Amnésia e fazer livros e sair por aí vendendo. Dançando na calçada, servindo cerveja em butecos, lendo de madrugada, fugindo com a mochila quando enjoasse. Sei lá...

As coisas ainda estão muito difíceis.

Muito lentas.

J.