terça-feira, 29 de setembro de 2015

Jout Jout



Eu com 472 coisas pra fazer - e nem consegui almoçar pensando nisso.
Essa é a Jout Jout (pronunciem o t por favor). Esse foi o primeiro vídeo dela que eu vi e já fui lá curtir todos os canais dela. 

Jout Jout fez a parte dela fazendo esse vídeo. A pergunta que fica é: você vai  fazer a sua vendo até o fim?

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

flores de coragem


"O mais importante para um escritor é publicar? Não. É escrever"

(Cora Coralina)


Quando o cursor pisca numa página em branco, eu sempre penso: 'não tenho o que escrever, vou embora'. E muitas vezes eu vou mesmo. Acontece que o mais difícil nessa vida é começar. Um texto, uma dança, uma história, uma conversa, um relacionamento, uma amizade, uma poesia, um hábito, um jantar. 

Antes de começar, a coisa tem um quê de impossível que nos faz titubear. Prevemos erros, imaginamos diálogos, achamos que vai chover, que não daremos conta, que nem será tão bom assim. E nos convencemos de que aquilo não era importante, não era uma boa ideia, não era pra ser, 'nem queria mesmo' e tal.

Tudo nessa vida, ao meu ver, depende de coisas como a coragem de tentar e a prática. Ou seja. Tem que começar para, depois, treinar muito e ficar bom naquilo. Seja falar e público, fazer maquiagem pra carnaval, dançar taksin de violino, tocar guitarra, aprender bolero, decorar uma canção, aprender uma língua, fazer macarons, pedir desculpas, falar com estranhos, pintar as unhas, programar uma máquina, pilotar um avião.

Se você nunca se propor a fazer algo, você nunca vai fazer. 

Simples assim. Claro que você vai errar. Claro que talvez a primeira vez seja uma droga e você até desanime um pouco. Talvez no fim da receita você descubra que precisava de forminhas porque a massa é mole e tenha que improvisar. E talvez você se surpreenda. Com seu potencial, seu jogo de cintura, seu talento, sua dedicação, com o sabor, com a música, com aquele passo que você nem sabe como inventou e que deu um charme a sua dança. Talvez você se divirta tanto que nem ligue se a performance está boa. Talvez você aprenda coisas que nunca imaginou. Talvez...

Na dúvida, que tal deixar florescer a tentativa. 

Se o erro brotar, a gente poda, aduba, rega e espera a próxima primavera pra ser flor de novo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Encare

Nem tudo é como você quer
Nem tudo pode ser perfeito

De fato. E a vida é assim. A gente faz planos, pensa, quer, deseja, às vezes até começa a por em prática e, de repente, tudo dá errado. Foi assim quando sonhei ser bailarina - e meu pai não quis pagar minhas aulas. Foi assim quando quis fazer faculdade pública - mas nem vestibular prestei. Foi assim quando escolhi uma faculdade - e ela fechou o curso de Jornalismo. Foi assim quando consegui me inscrever no ballet - e tive que parar por causa da faculdade. Foi assim quando me dediquei à uma associação - e não consegui alcançar as metas propostas. Foi assim quando me candidatei - e o coeficiente não deu. Foi assim quando quis ser jornalista - e fui ser inspetora de alunos. 

Pode ser fácil se você
Ver o mundo de outro jeito

Dizem os otimistas (malditos otimistas! rs) que se não deu certo é porque não chegou ao final. Também dizem que Deus escreve certo por linhas tortas (o que talvez queira dizer que mesmo quando parece que tá dando tudo errado, na verdade tá dando certo e a gente é que não sabe porque não tem todas as informações que Deus tem).

O que acontece é que, anos depois, eu consigo ver que essas linhas tortas que me fizeram me afastar dos meus planos e ir dançando conforme a música, na verdade, me colocaram no lugar certo e na hora certa.

Se o que é errado ficou certo
As coisas são como elas são

A faculdade em que me formei, meu primeiro emprego, meu pouco dinheiro (ganhava menos de seissentos reais), a falta de tempo, ter perdido todas as festas de aniversário das minhas amigas de Itu durante sete anos em que estudei lá, nunca ter feito ballet quando pequena: cada uma dessas coisas "erradas" na verdade foram as certas. 

Na minha faculdade conheci pessoas e coisas incríveis. Professores, colegas, trabalhos - que me ensinaram e inspiraram. Desde pequena aprendi que dinheiro não é nada mais nada menos do que recompensa. Ele não cai do céu. É preciso trabalho e dedicação. E aprendi isso e muito mais com meu primeiro emprego. 

Um emprego que eu amei e odiei a cada dia. Onde fui querida e odiada. De onde saí com um sorriso que engolia as orelhas e pra onde eu não quero nunca mais voltar. Mas sei admitir: onde aprendi muitas coisas sobre pessoas, empregos, chefes, líderes, trabalho em equipe, maturidade, responsabilidade, dedicação, carinho, entrega, aprendi sobre honestidade. Onde sofri bullying, preconceito, onde fui humilhada, fui ofendida, onde fiz trabalhos que não eram meus, simplesmente porque ninguém fazia. Onde degustei o veneno dos fofoqueiros e a maldade dos desocupados. Sim. Tudo isso. Mas hoje, se estou num emprego que eu adoro, que me ensina diversas outras coisas, é porque estive lá primeiro. Comer a cebola pra poder sentir o sabor do mel. Ou algo assim.

Se a inteligência ficou cega
De tanta informação

Penso que somos tão forçados ao sucesso, tão cobrados da fama, da riqueza, da perfeição, que não nos deixam mais entender que é no erro (no ruim, na pobreza, na dureza, na dificuldade, no azedume, no ônibus cinco horas da manhã) que se aprende. E as vezes, cheios de medo de errar, não fazemos. Eu quase recusei o primeiro trabalho fotográfico que hoje, me rende vários freelas e vários ricos dinheirinhos. Quase. E se eu tivesse recusado? Hoje estaria menos feliz e realizada. Talvez nem tivesse uma câmera. Não tivesse visto do que eu sou capaz. Não tivesse aprendido a me virar. A fazer. A produzir. E não teria o reconhecimento, um cartão fofo, clientes felizes me dizendo que amaram meu trabalho.

Se não faz sentido
Discorde comigo
Não é nada demais

Claro que essa sou eu e essa é a minha história. Eu sou sim uma otimista irremediável. Sou dessas insuportáveis que acreditam, embora tenha passado alguns tempos desacreditando. E Ju Marconato, Flávia Vascon, Osho e companhia limitada me ensinam: seja grato. Gratidão move montanhas. Desobstrui caminhos. Acho que se não vemos o lado bom de alguma coisa, é porque não estamos olhando direito. Claro que não é fácil e claro que eu não sou a Madre Tereza de Calcutá. Eu mando a merda. Eu choro. Eu morro de desesperança as vezes. Mas quando a água bate na bunda, pode ter certeza: eu me ponho a nadar. Não importa se meu sonho é nadar crown. Na hora do vamos ver eu nado. Ponto. Não importa se não sei nadar. Se acho que não estou pronta. Se estou com medo. Depois chegando em casa eu choro. Mas eu nado. 

Insistir, se preocupar demais
Cada escolha é um dilema

Improviso na aula da Munira. Abrir uma empresa de fotografia. Dar entrada numa casa. Abrir uma poupança. Gastar fortunas em remédio. Emagrecer dez quilos. Começar uma aula completamente maluca. Entrevista de emprego. Primeiro encontro. Discussão de relacionamento. Apoiar a amiga. Viajar sozinha. Planejar. Falar em público. Criar uma marca. Tirar as próprias cutículas. Fazer a própria sobrancelha. Mudar de vida. Gerir crises alheias. Incentivar pessoas. Horta orgânica. Controlar o humor... 

Não to falando que é fácil. Mas o que a vida propor eu faço.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Com emoção ou sem emoção?

Ontem e hoje foram dias emocionantes. Mas não exatamente no meu sentido preferido da palavra. Sabe quando a pessoa espera você sentar no banco do passageiro pra perguntar "e aí, com emoção ou sem emoção?" e aí ela mesma responde engraçadinha "com emoção né", como se fosse garantia se um por do sol lindo na estrada ou uma música linda de doer na rádio.

Não. Ela quer dizer: quer calma ou sair daqui não querendo ter entrado?

E alguns dias são assim.

A gente entra no dia, põe o cinto, algumas vezes faz até o sinal da cruz e torce pra chegar no destino - o fim do dia - em segurança. E as vezes, você de fato chega ao fim do dia, mas pensando porquê você começou ele, pra início de conversa. 

Tem dias - a gente pensa - que era melhor nem ter saído da cama. Que era melhor ter ficado sem bateria. Sem gasolina. Sem despertador. Que era melhor perder o ônibus, pegar uma gripe. Era melhor ter acabado a energia. Que era melhor não tero dito nada, mesmo que na hora você tivesse pensado que queria muito dizer. Tem dias que é melhor não ver ninguém.

Tem dias que nem nós nos compreendemos e que ninguém mais o faz. Tem dias que só amanhã. 

Dias assim nos pedem o silêncio, querendo falar. A isenção, querendo opinar. A força, querendo chorar. A humildade, querendo provar suas teorias. A solidão, querendo abraçar. 

Dias assim, cheios da tal emoção, nos obrigam a ir contra a nossa própria vontade, que nem tempo e nem espaço conseguem efetivar no momento. São dias que interrompem nossa caminhada e nos fazem cambalear um instante. 

Onde estou?, nos perguntamos. Caraca, aconteceu alguma coisa aqui e eu não sei o que foi. Passou um furacão por aqui? Jesus, tá tudo bagunçado. 

É, está. 

Só que você nem sabe o que aconteceu. Você só queria falar, ser ouvido. Chorar e ser consolado. Abraçar e ser abraçado de volta. "E o que eu fiz de errado, afinal?"

Acontece que, tem dias, que não somos os únicos a ter emoções negativas. Não somos os únicos a não entender a bagunça,  a se sentir sozinho, perdido, desconfortável. Não. Tem dias que o outro - aquele de quem você queria atenção, compreensão, braços e ouvidos - está perdido em sua própria bagunça. Querendo, talvez, as mesmas coisas. Mas também sem saber propor. Sem saber pedir. 

E em dias assim, só resta esperar acabar. Esperar os astros mudarem de posição. O tumor cerebral desinchar. O tempo correr, a vida andar.

Resta dormir e aguardar. 

Não adianta pedir desculpas. Não adianta tentar prever. Não adianta nem mesmo escrever coisas que ninguém vai ler. 

Dias assim parecem não ter fim. 

Mas têm.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Me premia com seu retornar?


Vou compor agora
Minha alegria
A canção pro dia
Em que você voltar

Vou contar as horas
Tecer fantasias
Treinar cantorias
Vou me perfumar

E mandar embora
Tudo o que desvia
Sua travessia
Pra voltar pra cá

Vou cantar mais forte
Retocar a sorte
Botar o decote...

Pode se animar!

Não. Não vejo a hora. Aliás, eu vejo. A cada instante, fecho os olhos e imagino esse momento lindo, tão esperado. O momento de te reencontrar depois de longuíssimos noventa e três dias. E esse sentimento de espera, pela primeira vez não é uma agonia, mas uma felicidade. Como contar os dias pro Natal, quando se tem quatro anos e se acredita em Papai Noel. Finalmente, a ansiedade é uma coisa boa, que alimenta, que sustenta, que dá forças. A saudade, apesar de dolorida e apertada, mostra que existe uma coisa boa e forte e poderosa, que cresce a cada dia, dentro de mim. E de você também.

Vê se me alivia
Deixa de adiar
Deixa de demora
Esperar judia!
Vê se me elogia
Já vou me enfeitar

Vê se me incendeia
Vê se me irradia
Toma o meu conselho:
Vem, sem nem pensar

Não tem melhor hora
Nem tem melhor dia
Vem e me premia
Com seu retornar

Ô, pode se animar
Ô, vou te perfumar
Ô, vem sem nem pensar!

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Apagão de energia criativa

Não é fácil se manter produtivo o tempo todo. Também não é fácil correr atrás do prejuízo quando não fazemos o que tem que ser feito na hora que deve ser feito. Mas, as vezes, nosso cérebro simplesmente não faz o que mandamos. Simplesmente não foca no que é importante e nem entende que não é hora de pensar nisso ou naquilo outro. 

O nome disso (no meu caso), normalmente, é ansiedade.

Não sei se é. 

As vezes, temos que salvar o mundo (ou lidar com a burocracia do dia a dia e trabalhar, almoçar, pagar contas, programar coisas, mexer em planilhas, responder emails...) e tudo o que queremos de verdade é ouvir os bordões da Julia Petit (poix muito bein) ou descobrir um super tratamento de cabelo que você possa fazer em casa e salvar o seu mundo, que no momento tá ressecado, caindo e sem graça. Ou então, pular lá pra dezembro, onde eu imagino que eu não vou ter mais problemas com o espelho e, consequentemente, não vou estar com a cara ardendo ou sangrando ou coçando o tempo todo. 

São dias em que eu acho que minha unha do dedo médio é torta. Que penso que eu devia marcar pra fazer as sobrancelhas ou talvez trocar o shampoo. Dias em que eu tento me convencer de que eu me visto muito mal para trabalhar e que devia me cuidar mais e, pelo menos, parar de ter preguiça de buscar água. 

(incrível como nosso humor muda depois de um pão de queijo né?)

Mas voltando: não é fácil focar no necessário quando tem tanta coisa te atormentando. Faz três noites que eu durmo preocupada (ou não durmo) de medo do celular tocar com meu irmão ligando e eu não acordar pra atender. Há dois meses minha vida tem sido saudade e sabonete anti acne. E pomada de mais de sessenta reais. E bactérias boas. E ansiedade. E a busca pelo hidratante perfeito que hidrata mas não meleca que é oil free sem perder o efeito tão logo.

Parece futilidade.

Mas não é. 

A futilidade de pensamento (vamos chamar assim), acredito, é uma maneira do nosso cérebro escapar do que é urgente quando não queremos lidar com aquilo. Quando nossa energia criativa acaba, quando nosso fôlego com as burocracias da vida cessa, quando tudo é dor no abdome de respirar errado e cansaço, nosso cérebro tenta escapar. Tenta nos entreter com coisas diferentes, para que a gente recomponha as energias e restabeleça a rotina.

A boa notícia é que passa. Uma hora, tudo volta ao normal.

E passamos, até, a ver beleza nessa tal rotina maluca. 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

dezesseis calças jeans

Dia desses me deu um nervoso.
Um nervoso daqueles que a gente não sabe explicar. Nervoso de vida bagunçada e, ao mesmo tempo, empoeirando de tão parada.
Aí me deu cinco minutos e comecei a arrumar uma parte do meu guarda roupa.
A psicologia / medicina chinesa com certeza deve ter explicações pro fato de que arrumar coisas faz você arrumar também sua cabeça.
E faz arrumar outras coisas, como vergonha na cara.
Explico.
Dobrando minhas calças jeans fiz uma conta rápida. E - à minha vista - havia dezesseis delas.
Pensei em mais algumas que deviam estar perdidas no buraco negro que as lava e passa.
E cheguei à uma conclusão.

Eu tenho mais de vinte calças jeans.
Claras, escuras, estampadas, coloridas, flare.
E quero que alguém me diga porquê.

Gente, eu só tenho duas pernas. Só sete dias na semana.
Absurdo.

Primeiro, veio a vergonha de existir.
Eu sempre tive o hábito de doar roupas. Sempre.
Desde pequenininha. Roupas boas, novas, bonitas eram sempre repassadas pra quem precisasse.
E, de repente, não mais que de repente, eu tinha mais que vinte calças.
Mas na hora: separei várias delas pra doar.

Ainda assim, continuo cheia de calças.
O que me remete à outro problema.

Eu compro muita roupa.
E, mais que isso, eu ganho muita roupa.

Ou seja.
Chega disso, né.

Medida número um:
organizei todo o resto do armário e doei tudo que vi pela frente.
Medida número dois:
não comprar roupa até segunda ordem.
E aí aproveito pra instaurar a medida número três:
nada de cartão de crédito.

E acho que vamos todos sobreviver.
Eu, minhas calças, meu cartão...
Mais leves, ricos e felizes.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Um dia a mais é sempre um dia a menos

Pelas minhas contas, já foram sessenta e sete.
(mas não sou boa de conta, sou jornalista)

Cada dia que passa é um dia mais. Mais um dia longe, distante. Mais um dia de saudade. Mais um dia sem. Mais um dia quieto. Mais um dia sem abraço. Sem beijo na curvinha do pescoço de bom dia. Sem pipoca com catchup. Mais um dia sem ver. Sem tocar. Sem sentir. Mais um dia sem seus dedos entrelaçados nos meus. Mais um dia sem ouvir aquele motor barulhento chegando. Mais um dia sem te encontrar na porta de casa. Mais um dia sem descansar minha cabeça no seu peito. Mais um dia esperando aquele dia chegar. Mais um dia ansiosa, mais um dia querendo, mais um dia sonhando. 

Mas todo dia a mais, é na verdade um dia a menos. 

No início eram noventa e três dias. Hoje, são vinte e seis, quase vinte e cinco, já o dia está quase acabando. Então, um dia a mais é um dia a menos. É um dia mais perto do tão sonhado dia de te buscar. E é também um dia a mais criando uma expectativa gostosa, uma ansiedade de viver toda a saudade acumulada. 

Hoje, são sessenta e sete dias a menos. Sessenta e sete mais perto de estar com você de novo. 

E eu não vejo a hora de agosto chegar - e passar! <3 nbsp="" p="">



terça-feira, 21 de julho de 2015

Desabafo online, como manda o figurino

Se tem algo que me tira do sério é gente com síndrome de vira lata. Sabe quando a grama do vizinho é mais verde? Então. Mas a síndrome tem duas versões: o coitadinho e o revoltado. 

O coitadinho vê a si e às suas coisas como desprezíveis. Não sabe fazer nada, não consegue fazer nada, é feio, não sabe conversar, não tem jeito pra se relacionar, as pessoas não gostam dele, não é tão culto nem tão interessante - não importa o quanto você diz o contrário. E tem o revoltado. O Vira Lata revoltado é aquele que acha que tudo no mundo não é suficiente. Do tipo que reclama do buraco no asfalto, do ônibus que passa em cima do buraco, de ter que pagar pra andar em ônibus que passa em cima de buraco do asfalto, de não ter nem ar condicionado nos ônibus. "Na Suíça os ônibus tem ar condicionado, sabia?"

E o pior: o vira lata revoltado não tá contente com nada. Mesmo você provando que a grama do vizinho tá muito mais zuada do que a dele (e que ele tá lá enaltecendo uma porcaria de grama), ele olha pra você com aquele olhar de ódio e inventa uma asneira pra provar que você está errado.

E, pior ainda, o vira lata normalmente não levanta a bunda do sofá pra tentar melhorar a situação da própria grama. Fica lá: invejando a grama do vizinho (sendo ela mais verde ou não) ao invés de trabalhar pra melhorar a sua ou pra enxergar o quão boa ela é. E, puts, o vira lata nunca, nunca mesmo, faz as malas e vai embora - pra esse paraíso das gramas verdes e dos ônibus com ar condicionado e dos asfaltos sem buracos.

Não. Ele fica. Pra te aporrinhar.

E é aí que eu, com meu mau humor grau doze, me descabelo.

Porque primeiro, sou uma otimista. Segundo porque sou daquelas que acreditam que se você não tá feliz com algo você pode 1) mudar essa coisa 2) se livrar dela. Terceiro porque eu acho que temos que ter um pouco mais de respeito com aquilo que nós somos - nossa história, nossa identidade, nossa cidade, nossos conterrâneos, nossos colegas de trabalho - e, definitivamente, tentar enxergar seus pontos positivos.

O vira lata coitadinho não vê seus próprios pontos fortes. E Elis Pinheiro me disse: se você não conhece seus pontos fortes e não trabalha seus pontos fortes, você perde sua identidade. Perde aquilo que você tem de mais poderoso. Já o vira lata revoltado não vê pontos positivos em nada. Se chove, não dá pra lavar roupa, se faz sol se sente obrigado a lavar roupa pra aproveitar e hoje ele/a só queria ver Netflix. Sabe?



Cadê aquela gente bonita que valoriza a escola em que estudou, mesmo não sendo Princeton? Cadê aquele povo gentil que ama sua cidade, mesmo ela não sendo Nova Iorque? Aquela gente bacana que admira o português bem falado, mesmo não tendo o charme do francês? Cadê aquela gente boa que enxerga beleza na simplicidade, que consegue sair de casa e ir até o quintal e ver coisas bonitas lá pela primeira vez? Cadê aquela gente divertida, que não precisa ir na maior festa do mundo pra poder postar no Instagram que está se divertindo? Aquela gente ama o que tem, mas nem por isso deixa de correr atrás de coisas melhores?

Precisamos aprender a ter mais carinho com o que é nosso. Particularmente, sinto muito isso em relação à cidade que chamo de minha. Um brinde aos que a olham com carinho! Aos que enxergam beleza! Aos que entendem as potencialidades! Aos que conseguem ver além, enxergar mais longe, pensar maior. 

Alguém que consegue sentir as maravilhas qualquer coisa, de qualquer lugar, de qualquer pessoa - até de si mesmo. 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Venero a saudade quando ela está pra terminar, baby, com você chegando

Hoje eu acordei com vontade de lavar louça. Sim. Na água fria, com a aliança no bolso pra não molhar e você me abraçando, os braços ao redor da minha cintura e seu rosto encaixado sobre um dos meus ombros, me dando beijos no pescoço.

Hoje eu queria ter que ficar de pé na cozinha, refogando o shimeji na manteiga, mas com pouca manteiga, e mexendo e esperando aquela água toda secar, só pra poder ficar conversando com você, sentado ali do outro lado da mesa. Só pra poder reclamar de sede e poder te pedir um copo d'água. 

Hoje eu queria ver 300, Thor, Os Vingadores ou John Carter, mesmo já sabendo todas as falas de cor, de tanto que a gente já viu, só pra ficar de conchinha na sala e quem sabe até cochilar abraçada por você.

Hoje eu queria ter um problemão no trabalho e ter que te ligar meio chorosa, só pra você vir me consolar na hora do almoço, só pra ficar abraçada com você na porta da loja e descansar minha cabeça cheia no seu ombro. 

Hoje eu queria te encontrar de qualquer jeito, nem que fosse só pra te levar pra casa depois de um dia normal. Hoje eu queria tomar um café, suspirar e dizer que você é o causador da minha insônia... que eu só durmo bem com você. Queria poder ligar o rádio na Nova Brasil e ficar cantarolando Djavan e Milton enquanto pegamos no sono. 

Queria me irritar com seus gatos pisando na minha cabeça enquanto estou deitada na sua cama, com o seu travesseiro, porque ele é melhor do que o meu.

Hoje eu topava tudo só pra ter você de volta. Com você nem as coisas ruins são ruins. Mas sem você  até as coisas bacanas perdem um pouco do charme, do objetivo de ser, da cor. 

E tudo isso me lembra uma música que eu detestei durante minha adolescência por seu teor de glicose - hoje ela é quase tudo o que eu quero dizer pra você. 


Eu gosto do claro quando é claro que você me ama
Eu gosto do escuro no escuro com você na cama
Eu gosto do não se você diz não viver sem mim
Eu gosto de tudo, tudo o que traz você aqui
Eu gosto do nada, nada que te leve para longe
Eu amo a demora sempre que o nosso beijo é longo
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby, com você já, já

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Plantando pedras e esperando brotar

Que eu sou ansiosa, todos sabem. Eu mesma não faço muita questão de disfarçar. Não tenho paciência pra disfarçar. Eu simplesmente surto. E se eu pudesse fazer uma analogia com esse ano, com certeza seria a história de plantar uma pedra e ficar sentada olhando pra ela, esperando ela brotar - o que nunca acontece porque pedras não brotam.

Eu explico: esperar qualquer coisa acontecer faz com que cada segundo se arraste por uma eternidade. Principalmente para os ansiosos. 

Então imagine vocês: esperar três meses o namorado voltar da Europa. Assustador. E então, passo uma hora na dermatologista e descubro que farei um tratamento (que provavelmente vai piorar muito meu problema de pele nos primeiros meses) que durará cerca de 8 meses. É praticamente um filho. Vou parir uma pele saudável depois de oito meses de gestação. 

E, claro, eu já estou meio que surtando e meio que ansiando desesperadamente o fim desses meses. 

Sem falar na pobreza. 

Porque remédio é uma coisa superfaturada. 

Mas lá vamos nós.


domingo, 24 de maio de 2015

vinte e quatro horas sem você

há pouco completou-se um dia inteiro sem você. Nada fora do comum, nao fosse a promessa de outros oitenta e nove dias assim. Ontem, quando nos despedimos e vi seus olhos sérios marejados de lagrimas, eu sorri e te encorajei. Não sei direito o que disse mas sei que assim que te perdi de vista quis te ver de novo. Mal abaixei a mão do aceno e já peguei o celular querendo te escrever. Nem sei se a mensagem foi. Sei que meu coração se apertou. Era saudade. Um minuto sem você e já senti sua falta. Mas sei que você vai aprender muito longe de quem te ama e protege. Dizem que eh bom voar fora do ninho e correr pra longe das asas da mãe. Vai saber, neh. Desde entao, nao passei um só minuto sem você na minha mente e no meu coração. Mal dormi, aflita que estava sobre imaginar o tamanho do aeroporto de Frankfurt. "Parece que você vai comigo", você me disse no aeroporto. Aquilo aqueceu meu coração. Ja não nos vemos separados nem por oceanos... Nao existe mais um 'eu' e um 'você', mas sim um 'nós'. Entao, posso dizer que metade de mim esta em Dublin e que eu estou aqui pela metade. Nao vejo a hora de poder te abraçar de novo.


Contagem regressiva: 89.


com lágrimas escorrendo na cara,
seu amor.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Celebrar sua existência

Eu tinha me proposto não te escrever nada nesse dia, para você não ter que lembrar do texto lindo do ano passado, que inaugurou uma parte triste das nossas histórias. Culpa minha, eu sei. Mas eu não tenho disciplina pra me obedecer. E não me contenho. Desde as três da manhã, você está recebendo palavras minhas.

Primeiro, uma mensagem sonolenta, depois uma ligação, depois um texto mais decente. Esse, o quarto do dia, é só para complementar uma coisa: os motivos pelos quais esse dia super merece uma comemoração.

Em 2010, fui a uma festa de aniversário sua. Quando cheguei - ansiosa, nervosa - não sabia o que esperar. Quando saí, chorei achando que nunca teríamos uma chance. Você era um jovem cabeludo, ligeiramente bêbado, sentado atrás de uma bateria. Eu só lembro que estava sentada em alguma cadeira olhando você, fingindo que estava entretida com a conversa da mesa. Mas não, eu só tinha olhos e ouvidos pra você e pra sua música. 

Você realmente tinha cara de mau e a fama que quase todo motociclista gostaria de ter. O cara rock and roll, malvado, que não se apaixona. Mas o abraço que você me deu quando eu cheguei me mostrou outra coisa. Mostrou sua doçura, mostrou que você tinha um coração enorme e o abraço mais macio de todos - meu Deus! Como eu queria me perder naquele abraço...! Mas eu fui boazinha e soltei né, não era ninguém na sua vida naquele momento, a não ser uma candidata. 

Cinco anos depois e eis o sexto aniversário seu que comemoro. Fico pensando sem saber expressar direito no quanto você cresceu nesses anos. Você com certeza não é mais aquele garoto cabeludo e meio alcoolizado. Você se tornou um homem responsável, dedicado, que sabe o que quer e sabe o que fazer para chegar lá. E a cada dia que passa eu sou surpreendida por você, pelo seu carinho e pelo seu amor.

E tudo o que sei é você é muito especial. É muito importante e muito amado. Eu te amo demais! E que venham os próximos setenta aniversários!! ;)

Te amo <3 p="">


terça-feira, 24 de março de 2015

Almoçando comigo

O vazio da casa é preenchido por uma playlist coll que agrega cantores do nível de Sinatra. O vazio do estômago, no entanto, pedia algo tão gostoso quanto rápido. O espaguete foi para a panela, enquanto as fatias de linguiças calabresa foram para a frigideira. Água escorrida, veio a manteiga, o fogo baixo, a mozzarella ralada em excesso e as azeitonas picadas. Tudo na panela, derretendo e grudando queijo no macarrão e macarrão na azeitona e azeitona no queijo, foi a vez da calabresa ir pra panela. Todos juntos e misturados, ao prato foram. E foi apenas a minha incompetência em abrir garrafas que me impediu de saborear, com o almoço, um vinho. Mas o sabor da pressa e da fome, temperados com um pouco de vontade e criatividade compensaram. Muito bom almoçar comigo.


Jaqueline. 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Dois lados da mesma viagem


Comecei um texto triste e melancólico pra combinar com a minha tê-pê-ême (com três acentos circunflexos, sim), porque ouvi Maria Rita cantando Encontros e Despedidas e quase chorei. Mas aí coloquei J Lo pra cantar Dance Again e li uma coisa engraçada na coluna da Ruth Manus:


A tradicional frase é: se a vida te der limões, faça uma limonada. Mas outro dia li a fantástica versão: se a vida te der limões, faça um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro e deixe todo mundo se perguntando como você consegue.


E é isso que temos pra hoje (e para os próximos cento e setenta e quatro dias): estão me dando limões muito amargos, mas vou fazer uma torta de brigadeiro, creme de papaya com cassis, charlote de frutas vermelhas ou creme de milho mesmo. 

E tenho dito.