sexta-feira, 27 de novembro de 2020

ela, a barriga

Primeiro, ela demora pra aparecer. Depois, quando aparece, é toda tímida e faz a gente parecer que acabou de sair de um rodízio japonês. Depois os botões começam a não fechar e ela surge de vez, toda pomposa, cada vez mais redonda. E quando você acostuma com ela, como se sempre tivesse sido assim, vê as fotos de umas semanas atrás e leva um susto: meu deus, como cresceu!!

Com o tempo, os chutes e cambalhotas são sentidos. Primeiro, só por nós, mulheres. Depois, os papais entram na jogada e começam a sentir também, conforme ficam mais fortes. Chega uma hora que a cada mexida lembra um camelo transverso (ou um alienígena tentando sair) e dá até pra filmar e mostrar pras pessoas. 

No terceiro trimestre, algo começa a enroscar nas costelas. Os soluços começam a ficar irritantes, porque são tão fortes... Levantar da cama já não era fácil e agora é uma aventura. 

Ela começa a pesar. Olhar pro chão e não ver os pés é uma novidade divertida. Falar "com a barriga" já não é algo esquisito (meses de prática + as respostas que vem em forma de chutes e pulos e giros, do carinha lá de dentro, ajudam muito).

E vai chegando a hora de me despedir dessa barriga redonda. É, estamos no nosso último mês. Claro, que o próximo encontro será inigualável, incomparável. Junto com a expectativa por ele, vem a saudade dela. Da barriga. Dessa introspecção. Dessa coisa só nossa. Das coisas que só a gente sabe e sente e divide. De te ter tão pertinho, tão protegido, tão confortável! Do nosso silêncio... 

Mas o tempo ruge, a Sapucaí é grande e os dias hão de passar. E você vai embora e vou trazer meu bebezinho. E lembrarei sempre com muito carinho dos nossos nove meses. 

#babyrosadearruda