quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Perdidos na sombra do vento

"A felicidade não é uma questão de intensidade, mas de equilíbrio, ordem, ritmo e harmonia."
Thomas Merton

"Tenho vontade de perguntar baixinho: você não gosta nem um pouquinho de mim? Nem sequer um tiquinho? Olha só: eu tenho os dedinhos do pé bem estranhos. Eles não são absurdamente merecedores de amor?"
Tati Bernardi

Terminei de ler A Sombra do Vento, que teve a ousadia de me surpreender até a última gota, exceto pelo fato de que eu sabia que o tal Julián Carax estava vivo, à espreita, o tempo todo. Sou uma leitora voraz, entende. Há sempre alguém que devia ter morrido e não morreu, uma mocinha bonita por quem o morto era apaixonado, um velho rabugento e um assassino sem noção - e qualquer pessoa que tenha lido mais de um suspense sabe disso. O livro me surpreendeu, realmente. Não há outra palavra. Era chato no começo, mas foram aparecendo os personagens, os detalhes, os nomes, os rostos... Até que chegou a hora em que tudo decidiu se revelar e magicamente me fazer apaixonar pelo livro. Muito, muito bom.

Uma vez minha professora disse que é preciso dar uma chance aos livros, que eles costumam se revelar aos poucos, com cautela, que é preciso respirar fundo e mergulhar nos capítulos chatos pois, cedo ou tarde, eles farão sentido. E foi o que eu fiz. Com o livro, com as bandas que tocaram ontem na faculdade, com as pessoas. Há uns anos, comecer a dar chances a elas, pra que provem que são interessantes. Pouquíssimas vezes eu me arrependi, e quando isso aconteceu, foram só com livros. Raramente alguém é tão estúpido a ponto de não ter nada a acrescentar. Algumas pessoas a gente simplesment escolhe não conhecer.

Já os livros... Bom, eles estão lá pra isso, pra serem descobertos. E todas as vezes que desvendamos um mistério, ficamos sedentos por outro. Dessa maneira, Sherlock Holmes ou Van Helsing passam a ser totalmente compreendidos. Mas a porra da biblioteca está fechada, já que a incompetente prefeitura não se dignou a contratar um estagiário pra ficar no lugar da funcionária de férias. Inferno.

Quero ler Martha Medeiros ou Tati Bernardil, preciso disso pra suprir minhas necessidades literárias, que estão hoje a flor da pele, tanto quanto minha irritação com aqueles que não se tocam que meu maior dom é fazer duas coisas ao mesmo tempo - como escrever e ouvir cochichos sobre mim - e aos que se dão ao trabalho de me ofender, citando meus defeitos cutâneos.


"Aos poucos, qual figuras de vapor, pai e filho se confundem com os pedestres das Ramblas, seus passos para sempre perdidos na sombra do vento."

Beeijos, Jaqueline.

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