segunda-feira, 16 de agosto de 2010

To be or not to be?

Ontem, após reunião da AMVV com os moradores do Vale Verde, numa prosa descompromissada entre a diretoria, eis que me intimam: "Jaque, você devia sair pra vereadora, em 2012, pelo Vale Verde. A Associação tem que apoiar alguém, a gente tem que eleger um vereador nosso, aqui do bairro. E acho que tem que ser você!" E vendo minha cara de interrogação, quando toda a galera concordou que eu deveria pensar no caso, completou: "A gente faz uma festa aqui, eu pego o microfone e vamo ver ser não faço toda essa galera votar em você!" OMG. Já estão planejando a minha campanha. Medo. Já tenho cabos eleitorais!

Medo, literalmente. Porque sei que é uma responsabilidade enorme, ainda mais quando tantas pessoas demonstram confiar em você: há expectativa, você tem que fazer um bom trabalho, não decepcionar as centenas que te elegeram. "Ah, claro, você é mesmo muito irresponsável, Jaque", disseram pra mim, ironicamente. Tá. Eu sei que não sou irresponsável. Mesmo assim, parece ser uma missão muito maior que a minha. Um fardo muito pesado pra esses ombros tão fracos.

Ao mesmo tempo, muito me revolta ver a quantidade de incompetentes que se elegem, recebem e - ops - não trabalham. Nada. Não fazem nada e alguns nem mesmo sabem o que deveriam fazer. Enganam o povo, mostrando presença ou serviço, três dias por mês (1ª, 2ª e 4ª quarta-feira do mês, às 19h, Câmara Municipal, entrada franca - comédia ou drama?) e só. Alguns deles, aposto, nunca leram um livro sequer e nem gramática sabem - quem dirá leis, artigos, emendas, direitos, deveres ou simples regras de oratória. Alguns não sabem nem mesmo dizer bom dia aos seus eleitores, vejam vocês.

Segurança, educação, saúde, infraestrutura básica, cultura... "Pra que, afinal, me preocupar com todos esses problemas chatos - que sequer afetam a minha família, mui bem estruturada e alojada num belo casarão com câmeras nos portões - se mesmo que não faça nada, meu salário será depositado, normalmente?" - muito verossímel, não acham?

Não foi a primeira vez que me disseram pra ingressar na política, não. Muito pelo contrário, falam isso pra mim o tempo todo e há nos comentários uma certeza no meu sucesso e uma confiança na minha capacidade, que não sei se mereço - são meio exagerados. E sinceramente, sei que devia pensar sério à respeito.

Quem primeiro me falou sobre a hipótese, há uns quatro anos, foi meu excelentíssimo genitor, seu Carlos. Great. Ele vive mesmo me falando coisas sem sentido, que eu sempre acho que não tem nada a ver - a raiva é que normalmente ele acerta. Depois dele: professores, tio, primo, amigos, estranhos... Enfim. Muitas pessoas acham que eu devia.

Algumas pessoas - que não estavam entre as que sugeriram minha candidatura - até disseram que votariam em mim, com certeza, rs.

Tenho um pouco de receio de pensar no assunto e acabar topando. O problema é que quero mesmo mudar o mundo.

Mas não é por isso - que podemos chamar de 'interesse político' - que estou na Associação, no comércio, festas ou trabalhos voluntários. Faço o que faço por consciência, paixão, conceitos, princípios. Não estou planejando arrancar votos de ninguém, não é esse meu objetivo na AMVV, não é nisso que penso quando passo horas em reunião ou fila do protocolo.

Meu pai costuma dizer que 'o destino corre atrás da gente, não adianta tentar fugir'. Hum. Ta, não gosto de correr mesmo.

Caso tudo isso fizesse sentido e fosse eleita - céus, não estamos falando do Grêmio Estudantil, Jaque! - assumiria o cargo em 2013, meu último ano de faculdade. E teria que faltar três quartas feiras por mês o que com certeza absoluta me garantiria duas belas DPs por falta. E eu não posso pegar duas DPs, porque sou bolsista. Fato. Caso tivesse um carro, cairia para uma DP, pois conseguiria tranquilamente entrar nas duas últimas aulas. E uma DP só não me faz perder a bolsa. Good. Mesmo assim, teria que conciliar o tempo entre um emprego e uma faculdade - com direito a TCC e tudo - sem falar nas coisas que já fazem parte do meu dia-a-dia: musculação, capoeira, associação, meus blogs - além de algum trabalho jornalístico, faz favor.

Complexo.

Mas confesso que estou, sim, pensando no assunto. Muito. O tempo todo. Sériamente. Porque há em mim uma vontade incontrolável de me meter em tudo o que der em prol de um objetivo. Faz parte do meu show perder horas organizando papéis, paciência conversando com funcionários municipais, compostura lendo jornais locais e horas de sono me preocupando e indo à reuniões. Mesmo assim, não me incomoda fazer as coisas pelos meus vizinhos - sim, porque minha casa tem água, luz, esgoto e asfalto - muito pelo contrário, eu gosto.

Não sei.

Sei que há muito o que aprender, o que ler e estudar e entender. Não é simplesmente dizer, tal qual um dos nossos candidatos a deputado federal, o Tiririca, que 'pior que tá não fica'.


Beijos, Jaqueline.

2 comentários:

Estante do Roedel disse...

Vá em frente! Apoiaria sua candidatura numa boa! Eu tenho planos de me candidatar em 2012 também... Para mudarmos a atual situação temos que dar a cara a tapa e nós mesmo fazermos o que tem que ser feito.

Renato Violardi disse...

Querida Jaqueline, fico muito feliz por essa postura que você está assumindo. Isso demonstra mais que responsabilidade: demonstra "compromisso" para com o outro, compromisso para com sua comunidade, com seu bairro, com o município e com as pessoas que nele moram e vivem.
Precisamos nivelar aqueles que tem essa postura e compromisso, por cima. Necessário é elevar o nível dos futuros candidatos, daqueles que pensam em como ajudar o "desenvolvimento" do nosso município e não apenas e simplesmente o "crescimento" do município. Reside, nesse ponto, uma enorme diferença.
A entrada de pessoas jovens, com ideais não corrompidos pela política praticada em Cabreúva, só beneficia.
Você representa anseios, vontades, projetos que ainda não temos.
Por tudo isso e por mais a esperar de você, só posso me sentir alegre e feliz por ao menos você pensar nessa possibilidade.
Gostaria, pessoalmente, que mais jovens idealistas, assim como você, tomassem essa postura. A postura de acreditar que podemos mudar, começando por nós mesmos.