quarta-feira, 16 de junho de 2010

Estranhezas

"Às vezes tenho a impressão de que escrevo por simples curiosidade intensa. É que, ao escrever, eu me dou as mais inesperadas surpresas. É na hora de escrever que muitas vezes fico consciente de coisas, das quais, sendo inconsciente, eu antes não sabia que sabia.”
(Clarice Lispector)
 
"Ela dormiu no calor dos meus braços e eu acordei sem saber se era um sonho. Algum tempo atrás, pensei em te dizer que eu nunca caí nas suas armadilhas de amor..."
(Capital Inicial, 'À Sua Maneira')
 
Estranho abraçar alguém e não saber qual dos dois corações era o que batia acelerado; estranho não entender quando foi que as minhas pernas pararam de obedecer meu cérebro, que as mandava levantar e ir embora. Estranho estar mais quente em braços que em blusas que antes eram mais que suficientes.
 
Estranho implicarem com a nossa felicidade.
 
Schopenhauer dizia que somos eternos insaciados. Nunca nos livraremos da angústia do querer. Quereremos, sempre, algo a mais e mesmo que alcancemos isso, passaremos a querer outra coisa e voltaremos à angústia.
 
As vezes concordo com Schopenhauer. Mas não hoje.
 
Que seria da nossa vida se nossos objetivos não mudassem conforme fossem sendo alcançados? Que seria de nós sem um bocado de teimosia, persistência, (o quereres e estares sempre a fim, do que em mim é de mim tão desigual; faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti mal ao quereres assim, infinitamente pessoal)  a d r e n a l i n a , riscos, dissabores, descontentamentos, gente remando contra a maré, que é você, tentando te impedir, prejudicar, subjugar, mudar?
 
Enfim. É estranho precisar justificar-se, eu não gosto.
 
Não podemos nos preocupar mais com a opinião alheia do que a nossa. E, fato!, em breve tudo é esquecido. Bons amnesiados, eles. No fim, tudo é deixado para trás. 
 
Adoro amnésia.
 
Beeijos, Jaqueline.

Um comentário:

Jacky Rosa disse...

Alô. Teste. Som?
Um, dois. Testando.