quarta-feira, 30 de março de 2011

Últimos amantes

Porque em você vivo e respiro
e nada mais me importa na vida.
Jaime Ferrán


Os Últimos Amantes - Teribeli
Foto: Jaqueline D. Rosa

Pois é, esse samba é pra você, ó meu amor.

Não tenho muito lá sobre o que escrever. Pra variar, ando desanimada com a faculdade, completamente sem esperanças de conseguir um emprego e sonhando com as duas pombas voando. Voltei a delirar com as possibilidades de retornar para o ballet a tempo de ganhar condicionamento e a maravilhosa e utópica sapatilha de ponta. Isso me entristece um pouco, pois algo me diz insistentemente que não vão ligar muito pra essa minha paixão, necessidade, sonho. Quase nunca ligam. A ponto de me darem mais duas horas semanais de folga? Jamais.

Estou sentindo o cheiro daquele colete de couro, que delícia! O tempo está esfriando e abril está quase aí. Não sei me explicar. Ando mesmo apaixonada - acho que nunca me senti tão feliz (mas aquela felicidade que se ri baixinho, sabe) e tão correspondida. É como quando pedimos um presente pro Papai Noel e ele traz o que nós pedimos, da nossa cor preferida e ainda manda pilhas extras - é mais do que eu ousaria sonhar.

O problema é que, fora o quesito coração, ando meio descontente. Com a faculdade, com a obrigatoriedade dos exercícios físicos, com o fracasso do desemprego, com os horários, com a rotina, com a censura, a eterna obediência, com os sonhos não sanados, com as doenças e dores.

Se pudesse hoje, fechar os olhos e reorganizar minha vida, no entando, não faria mudanças gritantes - mesmo se pudesse. Um bimestre mais produtivo, animado, exigente, criativo. Uma convocação da Prefeitura, pra começar a trabalhar em abril. Aulas de ballet clássico às terças e quintas. Inglês de sexta-feira. Capoeira aos sábados. Um inverninho gostoso pra ficar abraçadinha tomando vinho tinto perto da lareira. Pronto. É o que eu preciso. O resto eu tenho.

Mas apesar dos pesares, de toda a angústia com a faculdade e o emprego, o que eu queria mesmo mesmo era voltar a dançar. Não é mais uma vontade, é uma necessidade, um desejo desenfreado, incontrolável, desses que dão vontade de chorar. Me pego toda hora fazendo posições de pés e braços, saltitando e dando piruetas e isso só faz com que eu me sinta ainda mais retardada. Quando penso no ballet me sinto como uma criança de cinco anos que quer ser 'gente grande'. Como é que faz? Não faz, né.

Bom, de qualquer forma, a esperança é a última que morre e eu não vou desistir de dançar. Não antes dos trinta. Então...

Beeijos, Jaqueline.

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