sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Com emoção ou sem emoção?

Ontem e hoje foram dias emocionantes. Mas não exatamente no meu sentido preferido da palavra. Sabe quando a pessoa espera você sentar no banco do passageiro pra perguntar "e aí, com emoção ou sem emoção?" e aí ela mesma responde engraçadinha "com emoção né", como se fosse garantia se um por do sol lindo na estrada ou uma música linda de doer na rádio.

Não. Ela quer dizer: quer calma ou sair daqui não querendo ter entrado?

E alguns dias são assim.

A gente entra no dia, põe o cinto, algumas vezes faz até o sinal da cruz e torce pra chegar no destino - o fim do dia - em segurança. E as vezes, você de fato chega ao fim do dia, mas pensando porquê você começou ele, pra início de conversa. 

Tem dias - a gente pensa - que era melhor nem ter saído da cama. Que era melhor ter ficado sem bateria. Sem gasolina. Sem despertador. Que era melhor perder o ônibus, pegar uma gripe. Era melhor ter acabado a energia. Que era melhor não tero dito nada, mesmo que na hora você tivesse pensado que queria muito dizer. Tem dias que é melhor não ver ninguém.

Tem dias que nem nós nos compreendemos e que ninguém mais o faz. Tem dias que só amanhã. 

Dias assim nos pedem o silêncio, querendo falar. A isenção, querendo opinar. A força, querendo chorar. A humildade, querendo provar suas teorias. A solidão, querendo abraçar. 

Dias assim, cheios da tal emoção, nos obrigam a ir contra a nossa própria vontade, que nem tempo e nem espaço conseguem efetivar no momento. São dias que interrompem nossa caminhada e nos fazem cambalear um instante. 

Onde estou?, nos perguntamos. Caraca, aconteceu alguma coisa aqui e eu não sei o que foi. Passou um furacão por aqui? Jesus, tá tudo bagunçado. 

É, está. 

Só que você nem sabe o que aconteceu. Você só queria falar, ser ouvido. Chorar e ser consolado. Abraçar e ser abraçado de volta. "E o que eu fiz de errado, afinal?"

Acontece que, tem dias, que não somos os únicos a ter emoções negativas. Não somos os únicos a não entender a bagunça,  a se sentir sozinho, perdido, desconfortável. Não. Tem dias que o outro - aquele de quem você queria atenção, compreensão, braços e ouvidos - está perdido em sua própria bagunça. Querendo, talvez, as mesmas coisas. Mas também sem saber propor. Sem saber pedir. 

E em dias assim, só resta esperar acabar. Esperar os astros mudarem de posição. O tumor cerebral desinchar. O tempo correr, a vida andar.

Resta dormir e aguardar. 

Não adianta pedir desculpas. Não adianta tentar prever. Não adianta nem mesmo escrever coisas que ninguém vai ler. 

Dias assim parecem não ter fim. 

Mas têm.

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