quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Encare

Nem tudo é como você quer
Nem tudo pode ser perfeito

De fato. E a vida é assim. A gente faz planos, pensa, quer, deseja, às vezes até começa a por em prática e, de repente, tudo dá errado. Foi assim quando sonhei ser bailarina - e meu pai não quis pagar minhas aulas. Foi assim quando quis fazer faculdade pública - mas nem vestibular prestei. Foi assim quando escolhi uma faculdade - e ela fechou o curso de Jornalismo. Foi assim quando consegui me inscrever no ballet - e tive que parar por causa da faculdade. Foi assim quando me dediquei à uma associação - e não consegui alcançar as metas propostas. Foi assim quando me candidatei - e o coeficiente não deu. Foi assim quando quis ser jornalista - e fui ser inspetora de alunos. 

Pode ser fácil se você
Ver o mundo de outro jeito

Dizem os otimistas (malditos otimistas! rs) que se não deu certo é porque não chegou ao final. Também dizem que Deus escreve certo por linhas tortas (o que talvez queira dizer que mesmo quando parece que tá dando tudo errado, na verdade tá dando certo e a gente é que não sabe porque não tem todas as informações que Deus tem).

O que acontece é que, anos depois, eu consigo ver que essas linhas tortas que me fizeram me afastar dos meus planos e ir dançando conforme a música, na verdade, me colocaram no lugar certo e na hora certa.

Se o que é errado ficou certo
As coisas são como elas são

A faculdade em que me formei, meu primeiro emprego, meu pouco dinheiro (ganhava menos de seissentos reais), a falta de tempo, ter perdido todas as festas de aniversário das minhas amigas de Itu durante sete anos em que estudei lá, nunca ter feito ballet quando pequena: cada uma dessas coisas "erradas" na verdade foram as certas. 

Na minha faculdade conheci pessoas e coisas incríveis. Professores, colegas, trabalhos - que me ensinaram e inspiraram. Desde pequena aprendi que dinheiro não é nada mais nada menos do que recompensa. Ele não cai do céu. É preciso trabalho e dedicação. E aprendi isso e muito mais com meu primeiro emprego. 

Um emprego que eu amei e odiei a cada dia. Onde fui querida e odiada. De onde saí com um sorriso que engolia as orelhas e pra onde eu não quero nunca mais voltar. Mas sei admitir: onde aprendi muitas coisas sobre pessoas, empregos, chefes, líderes, trabalho em equipe, maturidade, responsabilidade, dedicação, carinho, entrega, aprendi sobre honestidade. Onde sofri bullying, preconceito, onde fui humilhada, fui ofendida, onde fiz trabalhos que não eram meus, simplesmente porque ninguém fazia. Onde degustei o veneno dos fofoqueiros e a maldade dos desocupados. Sim. Tudo isso. Mas hoje, se estou num emprego que eu adoro, que me ensina diversas outras coisas, é porque estive lá primeiro. Comer a cebola pra poder sentir o sabor do mel. Ou algo assim.

Se a inteligência ficou cega
De tanta informação

Penso que somos tão forçados ao sucesso, tão cobrados da fama, da riqueza, da perfeição, que não nos deixam mais entender que é no erro (no ruim, na pobreza, na dureza, na dificuldade, no azedume, no ônibus cinco horas da manhã) que se aprende. E as vezes, cheios de medo de errar, não fazemos. Eu quase recusei o primeiro trabalho fotográfico que hoje, me rende vários freelas e vários ricos dinheirinhos. Quase. E se eu tivesse recusado? Hoje estaria menos feliz e realizada. Talvez nem tivesse uma câmera. Não tivesse visto do que eu sou capaz. Não tivesse aprendido a me virar. A fazer. A produzir. E não teria o reconhecimento, um cartão fofo, clientes felizes me dizendo que amaram meu trabalho.

Se não faz sentido
Discorde comigo
Não é nada demais

Claro que essa sou eu e essa é a minha história. Eu sou sim uma otimista irremediável. Sou dessas insuportáveis que acreditam, embora tenha passado alguns tempos desacreditando. E Ju Marconato, Flávia Vascon, Osho e companhia limitada me ensinam: seja grato. Gratidão move montanhas. Desobstrui caminhos. Acho que se não vemos o lado bom de alguma coisa, é porque não estamos olhando direito. Claro que não é fácil e claro que eu não sou a Madre Tereza de Calcutá. Eu mando a merda. Eu choro. Eu morro de desesperança as vezes. Mas quando a água bate na bunda, pode ter certeza: eu me ponho a nadar. Não importa se meu sonho é nadar crown. Na hora do vamos ver eu nado. Ponto. Não importa se não sei nadar. Se acho que não estou pronta. Se estou com medo. Depois chegando em casa eu choro. Mas eu nado. 

Insistir, se preocupar demais
Cada escolha é um dilema

Improviso na aula da Munira. Abrir uma empresa de fotografia. Dar entrada numa casa. Abrir uma poupança. Gastar fortunas em remédio. Emagrecer dez quilos. Começar uma aula completamente maluca. Entrevista de emprego. Primeiro encontro. Discussão de relacionamento. Apoiar a amiga. Viajar sozinha. Planejar. Falar em público. Criar uma marca. Tirar as próprias cutículas. Fazer a própria sobrancelha. Mudar de vida. Gerir crises alheias. Incentivar pessoas. Horta orgânica. Controlar o humor... 

Não to falando que é fácil. Mas o que a vida propor eu faço.

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