terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eu e os presidenciáveis

Assisti, na noite de domingo, o debate político entre os principais candidatos à presidência, realizado pela RedeTV e Folha. Os presentes, Dilma, Serra, Marina e Plínio, como sempre, gastaram o precioso tempo em rede nacional (horário nobre!) para satisfazer seus egos e causar intrigas, ao invés de serem espertos e tentarem convencer o povo a votar neles (o que, ao meu ver, é algo incrivelmente estúpido, pois qualquer assessor de imprensa meia boca poderia dizer pra eles que o custo benefício daquele momento pode ser muito positivo se eles usarem a cabeça, ao invés de brigarem feito cães e gatos).

Primeiramente quero deixar claro o seguinte: numa democracia deve haver alternância de poder, como escreveu Marcelo Rubens Paiva numa de suas crônicas ao jornal O Estado de São Paulo, "Serra seria a opção ideal para aqueles que acreditam que, numa democracia, é importante a alternância." Não sou - absolutamente - nem um pouco a favor do PT permanecer doze ou dezesseis anos no poder do meu país, obrigada. Se fosse o PSDB, o PV, PSOL, PP, PMDB ou qualquer outro, entendam, teria a mesma opinião. Não é certo e é o caminho mais rápido para um sistema de governo autoritário, que eu abomino.

No debate: (meu achismos não representam verdades incontestáveis, certo? Não sou a Santa Inquisição, haha) Achei ridículo, primeiro, o fato de pouco terem esclarecido suas propostas. Marina, candidata pelo PV, foi a que me pareceu mais séria e centrada. Respondeu o que lhe perguntaram e não se preocupou muito em difamar nenhum de seus oponentes. (Mas eu achei digno quando ela comentou que pela primeira vez ela era citada pela Dilma como ex-integrante do PT e como 'parte do governo Lula', porque é a mais pura verdade. Bem ou mal, Marina estava lá.)

Gosto da Marina porque ela é séria. Não fraquejou um segundo sequer, desde que se lançou candidata, por ser taxada de conservadora ou quando a criticam de só ter olhos pras arvorezinhas, ou ainda quando sofre preconceitos por causa de sua religião. Gosto disso. Mostra que é uma mulher de fibra. É simples, sensata e concordo plena e absolutamente com ela de que o meio ambiente não é adversário do progresso. Muito pelo contrário, é seu maior vetor, seu mais potente combustível. Se acaba o meio ambiente, os recursos naturais, acaba-se também o desenvolvimento, o progresso, o sonho de ser o país do presente. Isso, parece que muitos ainda não entenderam. O desenvolvimento sustentável é a melhor maneira de garantir o desenvolvimento econômico e social.

Plínio, eu acho, não tem nada a perder (ao contrário, ganha muito) em alfinetar seus adversários, então não economizou forças. A cada resposta da Dilma, principalmente, dava um jeito de mostrar o quão distorcidos eram os fatos e ressaltou várias vezes, sem pudor algum, que ela não estava respondendo as perguntas, mas sim fazendo propaganda (nem sempre realista) do governo Lula, do qual fez parte. “Eu não sei em que País vive a Dilma", disse, quando a candidata petista alegou não haver fracassos no governo Lula (ó!). 

“Não respondeu minha pergunta sobre o aluguel compulsório na Inglaterra. Só expôs o que o governo fez. Topa ou não topa?”, disse Plínio. Serra não perdeu tempo e reafirmou cada palavra contra a Dilma pronunciada pelo candidato do PSOL. Os dois carecas se uniram contra a avó ruiva, buscando desconcentrá-la e mostrar pra nós, caros teleespectadores, que a fofa realmente não consegue falar nada de útil que não tenha sido escrito e impresso por sua Assessoria de Imprensa (ASPONE?) e lhe entregue previamente.

(Caros assessores: é assim TÃO difícil prever as criativas perguntas dos terríveis oponentes da senhora @dilmabr?! Francamente! Dilma, contrate-me, sou ótima assessora de imprensa e bem mais prevenida e imaginativa. #ficaadica! ;D)

Voltando ao senhor de 80 aninhos, só: não há muito o que considerar. Plínio não vai ganhar a eleição, nem que Dilma morra. Mas ele é inteligente, sincero, divertido. Enquanto os outros me faziam chorar, ele me arrancou vários risos.  "Não sou tombudo. Não nasci trombudo. Eu não preciso ser trombudo pra ser presidente do Brasil. Eu sou alegre!" - coisas que a imprensa não publica HAHA

Acho que ele é importante nos debates exatamente por isso: cutuca sem dó nem piedade as feridas dos adversários e ajuda a puxar um pouquinho a máscara deles. De todos. Apesar de que ele, parece-me, demonstra uma quedinha por Serra - apesar de seuss alicerces políticos e propostas de governo serem tão solúveis quanto água e óleo.


Zé Serra - filho de verdureiro, tá, não de empresário. Impossível falar dele sem falar de Dilma. Serra. Sei que professores e servidores públicos no geral não gostam dele, e não vou entrar na questão dele ter sido bom ou não para a educação de SP e blá blá blá (particularmente fui muito feliz na minha escola técnica) - porque a questão ainda não é essa. Gosto dele praticamente pelos mesmos motivos de que gosto da Marina. Ele é sério, objetivo e, como ele mesmo disse, não foge da raia. Respondeu as perguntas que eu queria ouvir e, de quebra, marretou a Dilma o quanto pode.

“Dilma, as pessoas do Brasil sabem que eu não sou nem caluniador nem evasivo. No seu caso, realmente, não dá para dizer. Acho que no caso do evasivo, já está provado. Eu perguntei por que vocês têm essa posição”, disse à oponente, que respondeu: “Acho que as pessoas não podem ser pretensiosas. Lamento profundamente as tentativas do meu adversário de me desqualificar. Não subestime ninguém, candidato. O senhor não é melhor que ninguém”.

Mesmo assim, me pareceu um tanto nervoso, como se não aguentasse mais nem um segundo olhar pra cara daquela mulher sem falar um palavrão daqueles que fariam minha mãe ficar de cabelo em pé.

Dilma. Ela me irrita. É esquiva e não se deu ao trabalho sequer de decorar as coisas que a sua assessoria lhe passou. Feio, muito feio. Acho que iria gostar muito mais dela se não puxasse tanto o saco do Lula e se preocupasse em ser mais independente da imagem dele - mesmo que isso significasse perder, visto que sem o Lula ela não é nada lá grande coisa.

Se ela não fosse petista - porque aí caímos naquela história lá do começo de que não sou a favor do mesmo partido no poder por muito tempo - e não fosse tão inexperiente (sim, ela é) ficaria muitíssimo feliz com sua candidatura e seu destaque nas pesquisas (nas quais eu não confio nem um pouco, visto que elas são realizadas com cerca de 3 MIL pessoas, número insignificante perto dos 135 MILHÕES de eleitores) porque ela é mulher e eu, feminista. Sou daquelas que acreditam que faltam mulheres em cargos importantes e que ainda não chegamos ao tempo de igualdade trabalhista entre os gêneros. Ocupar cargos públicos (desde que não façam muita asneira) é um dos caminhos mais rápidos para a ascensão social feminina. Mas algo me diz que muita asneira será feita. E eu ainda não sei em que país eu vou morar se a Dilma ganhar a eleição.

E talvez ela ganhe. E fique aí por oito anos. Hum. Mas aposto/acredito que ela não ganha - de maneira alguma - no primeiro turno.

E no segundo turno tudo pode acontecer.

Beeijos, Jaqueline.

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