segunda-feira, 5 de março de 2018

Tô nem aí (ou "Quem sabe Isso Quer dizer Amor")


“Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso.”

– Bernardo Soares (Fernando Pessoa), do “Livro do Desassossego”. Lisboa: Tinta da China, 2014.


A gente cresce ouvindo falar de amor. Amor eterno. Amor à primeira vista. Amor verdadeiro. 


Cresce ouvindo canções que descrevem como é estar apaixonado (é parecer um ser ridículo e não estar com isso nem aí...), quais as sensações de se estar com quem se ama e longe desse pessoa e temos frases e poemas pra cada estágio de relacionamento. Vimos diversos filmes. Lemos diversas histórias. Escrevemos muitos blogs... Mas, aparentemente, o amor é um sentimento que não envelhece. Ele é sempre novo. Quando chega e se instala, a sensação é de que nunca nos sentimos assim antes (talvez seja verdade), de não saber como viver ou expressar aquilo. 


Afinal, em quanto tempo é possível se apaixonar por uma pessoa? Cinco meses? Cinco semanas? Dias? Cinco minutos? Nós nos apaixonamos depois do primeiro beijo ou antes, quando começamos a deseja-lo? Nos apaixonamos quando queremos a pessoa só pra nós ou quando queremos apresenta-lá pra absolutamente todas as pessoas e tornar público aquele encontro?


É amor quando queremos a pessoa na nossa casa ou só quando queremos o mundo com ela? É amor quando a vontade de se arrumar e ser lindo vence a preguiça ou só quando vc se sente totalmente a vonota de ao lado da pessoa de cara lavada, pé no chão, fritando ovo, lavando a louça ou picando cebola? É amor o que transborda a cada toque? É amor quando?

Quando os susporos são tão frequentes quanto ficar sem fôlego? 

Quando as músicas fazem mais sentido e nem mesmo a quarta feira de cinzas tira a alegria do carnaval?

É isso que é o amor?  

Essa semana li que só é amor quando você não quer mudar nada na outra pessoa. Quando  quem o outro é passa a ser tão suficiente que não te passa pela cabeça nenhuma correção  ou melhoria a ser feita. 


Então,  se não for amor, não sei de mais nada...

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