sexta-feira, 23 de março de 2018

Just for today

Ainda não decidi se hoje comemoro trinta ou quarenta dias. Não sei quando comemoro um pedido aceito não com um sim, mas com muitos deles, em vários momentos diferentes. Que dia é dia de sorrir pras nossas escolhas? 

"Só por hoje. Viver. Amar. Se importar. Demonstrar. Como se não houvesse amanhã... Hoje é o dia mais importante. Na verdade hoje é tudo o que temos. Amanhã não existe. Não é? Então é como se fosse uma filosofia de vida... Fazer o que tem pra fazer. Hoje. Dizer que ama, dizer que se importa, demonstrar uma simpatia, compaixão. Hoje. E amanhã é outro dia. E aí começa tudo de novo."

Se hoje é tudo o que temos, se o futuro não existe, se a única garantia que temos do amanhã é o nosso desejo de que ele chegue e seja,... Hoje é o dia certo. Agora é a hora exata. De viver, de estar, de celebrar. De dizer coisas sempre guardadas pra datas especiais ou momentos oportunos. De olhar pras coisas doloridas e pras coisas leves. Hoje é o dia pra fazer o que você não achou que faria tão cedo. Dizer o que parece sem sentido dizer. Aprender. Superar. Mudar...

Se hoje é tudo o que temos, o hoje é também um presente. Tivemos um dia a mais. Acordamos. Não acredito que um dia a mais seja também um dia a menos. Não temos prazo de validade. Temos apenas a promessa de que, um dia, essa aventura louca que é a vida acaba - e que pode ser hoje mesmo. Assim, como esperar? Como deixar pra depois? Como não carregar uma bagagem cheia de urgências?

Assim, como não prestar atenção ao primeiro pensamento do dia, aquele que vem antes mesmo de abrirmos os olhos? Como não prestar atenção nas mãos que se procuram e se encontram durante o sono na madrugada ou na tarde de domingo? Como não ouvir com muito mais atenção cada música? Como não fazer doer as bochechas com tão largos sorrisos? Como não procurar entender o outro e as surpresas que a vida impõe com um pouco mais de serenidade? Como não se permitir ser um tolo, romântico, apaixonado...? Como poderíamos?

Sabendo que o hoje é tudo o que temos, como nos preocupar com as regras? Com as bobagens que aprendemos sobre o que pode, quem pode, quando pode...? Como poderíamos viver os dias economizando - tempo, entrega, histórias, elogios, sorrisos e até mesmo lágrimas que nos "expõe" e nos "deixam vulneráveis"?  Sabendo que o amanhã pode não chegar, como poderíamos...?

Foram quarenta dias em que dois desertos que se encontraram e, juntos, se descobriram oásis. De onde jorrou água e luz, verdade e desejo. Onde um despertou - sem ter pretendido - o melhor do outro e o melhor em si. Trinta dias de olhos e ouvidos atentos.

O Amnésia não viu nem relatou nenhum outro envolvimento tão intenso quanto esse - algo me diz que nunca o fará -  tão rápido ou tão louco. Nunca me senti tão pertencente a mim quanto hoje e ao mesmo tempo nunca estive tão empolgada com a possibilidade de partilhar - minha vida, minha história, meus sonhos, meu futuro -  com ninguém.  Ainda me assusto quando penso que conheci minha sogra no segundo dia, fui pedida em namoro no sétimo, te apresentei pros meus pais no décimo... E ainda me surpreendo com meus pensamentos à longo prazo, sempre com você.

Mas se o hoje é tudo o que temos... como poderia ter deixado cada uma dessas coisas pra amanhã?

O amanhã não existe. Mas sinto que, se existir, estarei exatamente aqui, olhando pra você.



"Quando seu lugar de paz não for um lugar... Fique. "

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