sábado, 4 de junho de 2011

Cinquenta e duas

"Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo, de repente eu me vi assim: completamente seu. Eu vi a minha força amarrada no seu passo, sem você não há caminho nem me acho, vi um grande amor brotar dentro de mim, como eu sonhei um dia."

Pra quem não sabe, tive quatro namorados. O primeiro me dava cartas de amor. O segundo, flores. O terceiro me deu um anel e o quarto, esse malandro, sem dar nem satisfação, roubou meu coração.

Mal chegou e já pegou, sem sequer pedir emprestado. Eu pensei que já fosse devolver, mas há mais de ano que não tenho nem sinal do meu coração. Acho que nunca mais vou tê-lo de volta. Aliás, nem acho que seja meu mais, de tanto tempo que está com ele, já virou dono do meu pobre coração.

Pouco depois de roubar meu coração, algumas luas depois, me arrancou também algumas lágrimas, mas depois fez sarar uns medos que me preocupavam, como o de ele não querer que eu, de repente, assim, quem sabe, lhe roubasse também o coração e lhe fosse senhora e dona e rainha e amante. E, de qualquer forma, eu nem queria mesmo só o coração: queria roubar-lhe os olhos, com ou sem óculos, cegos de amor ou não. Queria que a única coisa que ele visse fosse eu. Queria roubar suas mãos, pra que elas aparassem somente a mim. Queria que seus ouvidos fossem só da minha voz. E queria - ahh, como eu queria! - que todas as mulheres da sua vida virassem pó - já que nos meus pesadelos elas são mesmo muito mais magras e sensuais e importantes e por ele amadas.

Queria roubar pra mim todos os seus pensamentos, emoções, vontades. Ser dona de toda sua atenção, todo seu desejo, toda sua pressa, sua vontade de ficar, sua sede, seu calor. Queria assistir todos os seus sonhos.

Enfim, posso querer o que quiser.

Acontece que esse meu namorado, magicamente, fica mais bonito a cada vez que eu o encontro. E faz com que eu, tão prolixa e cheia de vocábulos, me cale perante tal excelência. Aquele par de olhos castanhos, sérios, brilhantes e observadores, destroem meu mistério, minha ousadia, minha fala, minhas ligações cerebrais. Não penso, não falo, às vezes sequer respiro. Qualquer um desses movimentos bruscos pode me acordar e levá-lo embora, então por quê arriscar?

Só eu sei quanto medo tive de nunca poder dizer pra ele aquelas tais três palavras que toda mulherzinha que se preze sonha em poder ouvir. E só eu sei o prazer de ouví-las da boca desse que hoje chamo de amor.

Mas como ia dizendo no princípio, tive quatro namorados. Outros três, além deste que ainda tenho. E, desculpem os anteriores pela confissão, nenhum deles me fizeram sentir como agora, nem mesmo o primeiro, com quem, na inocência, achei que ficaria pra sempre. Não havia o medo de perder, o anseio de encontrar, a saudade seca corroendo o coração, a alma. A sensação dos minutos demorarem horas pra passar na ausência, e milésimos de segundos na presença.

Com os três, sempre fui briguenta. Pirracenta. Não suportava cobranças, ciúme, demora, que podassem-me os amigos. Com esse, tudo o quero o tempo todo é que me roube do mundo e não deixasse ninguém mais sequer me olhar.

Mas a verdade verdadeira é que a gente sempre quer muita coisa, mas quando se ama pra valer a gente aceita o outro do jeitinho que ele é. Cantando errado, bebendo muito, vendo lutas na televisão, esquecendo da data do seu aniversário, perdendo hora, querendo sair sozinho... O amado não perde seu posto. Mesmo quando tudo o que você quer é acreditar que ele é um idiota, pro caso dele te dar um pé na bunda. Daí a amnésia passa e você lembra das palavras, do jeito que ele segura sua mão - que faz você acreditar que nada de ruim vai acontecer, do jeito que ele olha pra você e segura seu rosto pra te beijar. Você lembra das ligações, das mensagens, dos telefonemas, das madrugadas, das manhãs, dos almoços em família - com a dele e a sua - dos presentes, das cartas, dos domingos, das quartas em que a gente mata aula só pra poder ficar junto.
 
 
Hoje, faz um ano que estamos juntos e nos damos o nome de namorados. Cinquenta e duas semanas em que eu pude, feliz, tê-lo como primeiro pensamento do dia e, sem pudor algum, lembrar dele o tempo todo até dormir. Foi, posso dizer com certeza, o ano mais feliz da minha vida. Milhões de momentos importantes e especiais que passamos juntos. Espero, sinceramente, que esse seja o primeiro de muitos aniversários que a gente comemore. Obrigada por tudo querido. Pela paciência, pela atenção, pelo carinho. Obrigada por me deixar encostar o meu destino no seu.
 
Com amor, muito amor,
 
Jaqueline.

Um comentário:

Celso disse...

Rss, desculpem os outros 3, mas eu sou foda mesmo! hahaha, deculpa eu tinha que falar. Brincadeira, não é uma questão de ser ou não "O CARA" rs, msa sim de ter afinidade, uma questão de amor, uma questão do coração. E sinceramente não acho que palavras possam descrever quaisquer situações relacionadas ao coração, essa, são simplismente inexplicaveis, e as vezes a gente apenas tem que seguir o que ele nos diz, dai nessas cituações acontecem essas coisas, como um namoro tão gostoso e real, não virtual rss (em off, como dizem), fico muito muito feliz por todas essas palavras que escreveu a mim amor, gostaria de ter capacidade para escever tão graciosamente como você, só as vezes que fosse, mas...o que queres que eu diga se apenas digo que te amo?...né?! bjooo grande e muito especial por esse nosso primeiro ano, primeiro, não apenas "um", vivendo o momento, tão tão maravilhoso, te amo minha bobinha!