domingo, 4 de fevereiro de 2018

dois cafés

"Feito essa gente que anda por aí
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro!
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
Duas mesmo que é bom
Ninguém vai me dizer que tem
Sem provar muito bem provado
Com certidão passada em cartório do céu
E assinado embaixo: Deus
E com firma reconhecida!
A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida"


Ele continua cruzando as pernas, não com um tornozelo sobre o joelho, mas joelho com joelho; cruzando um dos braços em frente a barriga e apoiando o cotovelo do outro sobre o pulso do primeiro; a mão do braço apoiado vai ao queijo e, ali, os dedos passeiam ora ao redor da boca, ora entre o queijo e a orelha, ora na barba, ora apenas parados por ali -  exatamente do jeito que imagino Caetano Veloso sentado num banco de madeira qualquer; ou como Freud certamente se punha pra pensar.

Os olhos continuam atentos. A conversa continua fluida. A adultice não lhe tirou a graça. Não houveram piadas sobre deuses e nem uma pitada de Kossovo. Tampouco falamos de Pessoa ou dos tempos do colégio. A vida ruge...


A calma continua a mesma, mas mais consolidada. Nem uma gota de insegurança. Café, só se for o mais café dos cafés. Existe uma confiança na voz, mais firme. E tanta história pra contar...


Esses dias li que não há coisa melhor do que tomar um café com um velho amigo. E de fato: foi tão bom, que tomei dois.

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