quinta-feira, 5 de junho de 2014

Eu aposto no oposto

"Eu, do fundo do meu coração, tenho um orgulho absurdo de ser quem eu sou. Não vou dizer que é fácil, e que nunca deu vontade de desistir, mas vale muito mais a pena continuar." 
(Tati Bernardi)

"Eu desejo que você saiba
O que significa ser quem sou
Então você ir ver e concordar
Que todo homem deve ser livre"
(Nina Simone)

Quando nos apresentamos a alguém, principalmente quando a pessoa em questão - seja macho ou fêmea e com o interesse que for - quer saber mais profundamente sobre você, praticamos um exercício que chamo de 'o que vale a pena contar sobre mim?'.

E, de fato, se feito com alguma sinceridade, você começa a perceber que há muito de bom em você. Seja lá o que você ache bom. 

Quando vou falar de mim, começo pelas coisas que faço. Acho que me representam: jornalismo, dança do ventre, tecido acrobático. E das coisas que já fiz, acho que me marcaram, de alguma forma: ballet, dança de salão, curso de culinária, trabalho voluntário, curso de turismo, teatro, ser candidata, daminha de honra, miss simpatia, presidente...

Falo, também, das coisas que gosto: fotografia, música, poesia, longos textos sobre amor. Livros e filmes de romance. Vinho suave, cerveja gelada, café forte e quente. Abraço apertado, beijo molhado, sorriso largado, corpo rabiscado. Sol se pondo no mar, na montanha, na janela, na tevê. Mensagem de madrugada, carta escrita à mão. Reciprocidade. Atenção.

Falo das coisas em que acredito: na justiça, no amor, na decência, na honra, na política de bem. Na educação, na gentileza. Acredito nas pessoas. Nas crianças. Que borboletas dão sorte. Que joaninhas dão sorte. Que passar embaixo de escadas pode ser desnecessário. Que Deus está sentado na nuvem colorida do céu. Acredito na sinceridade. Na leveza. Acredito que existem dois tipos de problema no mundo (os que são meus e os que não são). Acredito na amizade entre pessoas do sexo oposto. Acredito no poder de um banho quente. Que sexo e amor não são a mesma coisa. Que chorar limpa a alma. Que as pessoas mudam. Que o mundo pode ser melhor.

E vou vendo como somos mais, muito mais do que pensamos que somos. Mais do que lembramos normalmente. Não somos a jornalista, o padeiro, a aeromoça ou o advogado. Somos sutilezas. Detalhes. Quereres... Olhares. Somos milhões de pedacinhos reunidos. Milhões de palavras, de lembranças, de ideias. Milhões de segundos vividos, sonhados...

Somos mais. Maiores. Melhores. Mais fortes e bonitos. O mundo é que gosta de dizer o contrário. 



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