quinta-feira, 4 de julho de 2019

metade


porque metade de mim é o que penso

e a outra metade é um vulcão

(O. Montenegro)

Notem: metade desse triste ano (acabei de ler uma matéria de política, desculpem...) passou. Sobrevivemos ao primeiro semestre do governo Bolsonaro (sim, sim, à duras penas, mas sobrevivemos) e hoje o dia começou inspirado pelo mais belo sotaque do mundo: o português. 

Ao som de Tiago Nacaratto, Ana Bacalhau, Antonio Azambujo e outros portugueses, cáixtôu refletindo sobre esse primeiro semestre. Longe de querer fazer um texto com tom natalino, penso, penso e não escrevo. Mas quem disse que só em dezembro é que podemos fazer análises e retrospectivas?! Enfim, ainda assim, não é o que quero.

Só queria registrar - aqui, pra mim: dois mil e dezenove está sendo, como previsto e desejado em janeiro, um ano de colheitas! Plantei tanto e muito e agora fico cada dia feliz por uma colheita nova, uma nova flor ou mesmo os pequenos brotinhos que vão surgindo - figuradamente e também os literais da bela samambaia que agora adorna o meu banheiro. 

Eu tenho vivido momentos de imensa gratidão e felicidade. Olho pro Guilherme penteando o cabelo de manhã para ir trabalhar e sinto felicidade. Penso: "que sorte a minha! Como eu te amo! Olha que lindo, aff Maria!" . Olho pra minha samambaia toda prosa, com as folhinhas felizes pra cima  e sinto felicidade. Penso: "ai que linda, toda verdinha, toda feliz, toma uma aguinha fresquinha pra você, que lindeza!". Vou pra sala, sento no sofá azul e sou grata pelo conforto. Olho pro lado e penso "ai como eu amo essa parede cinza!". Olho pro outro: "vou amar quando essa for azul...!". As vezes, mesmo meio mal humorada, lavando a louça n'água gelada, penso "eu amo essa panela". Olho o gato que acabou de mijar no tapete e pra outra que comeu a ração golfada e penso "eu amo esses pestinhas". 

Amor. Volto a citar Osho:"Tudo o que lhe der paz, tudo o que o deixar em estado de graça, tudo o que lhe der serenidade, tudo o que o aproximar da existência e de sua imensa harmonia, é amor e será bom."

Eu batalhei muito pra ter o meu apartamento. Minha casa. Meu lar. E mais ainda: batalhei pra ter essa paz no coração. Pra me sentir confortável. Essa serenidade de saber que pode vir o B.O. que for que eu dou um jeito, nem que o jeito seja fingir demência pra não gastar o réu primário. Batalhei pra ouvir uma mentira sobre mim e, minutos depois, conseguir dizer "ok, se é o que você acha, paciência!", tranquila por não ocupar um lugar que não é meu.

Claro que eu ainda não virei orquídea, existindo em perfeita harmonia. Eu também tenho dor nas costas, garganta inflamada, medo. Mas olhando com honestidade, eu vejo que tenho muito mais força e potência do que fraquezas. Muito mais jogo de cintura que rigidez. Muito mais borogodó que medo de ser feliz. 

Esse semestre foi uma loucura de lindo. Esse trimestre então, nem se fale! O combo casa-marido-gatos é muito melhor do que eu pensava! Só consigo sentir gratidão, mesmo quando ela está toda bagunçada e faltam móveis rss









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