Querido Papai Noel,
Espero que esteja tudo bem aí com o senhor. Sei que não escrevi ano passado – confesso que me decepcionei pelo seu esquecimento, mesmo sem a carta, achei que fosse se lembrar de mim, seu chatinho – mas aqui estou eu.
Não sei se posso dizer que fui uma boa menina esse ano (o que definitivamente não tem NADA a ver com não merecer presentes, viu), mas que eu tentei, eu tentei (é que minha mãe dificulta as coisas, sabe). Fui direitinho o ano todo na escola e passei em todas as matérias sem PO3, um mérito incontestável (e nem venha dizer que isso é só minha obrigação, ou corto essa sua barba branca enquanto você estiver dormindo!).
Também fiquei, bonitinha, aqui na loja todos os dias do ano todo! Dá pra imaginar quantos dias isso soma?? É mais dias do que o senhor trabalhou nesse século que eu sei! Ok. Briguei algumas vezes com a minha mãe e umas a mais com o meu irmão caçula. Sim, eu lembro que falei mal das pessoas e cheguei tarde em casa sem autorização. E sei que roubei doces e não devolvi a caneta da Ana antes dela trancar a faculdade, eu sei!
Mas eu quase que fui uma boa menina: tentei o tempo todo ser boa e amiga, justa e sincera. Só não consegui, ué! Mas o que vale não é a intenção? Minha mãe que disse! Lógico que é, ow!
Mas chega de blábláblá (não pense o senhor que eu vou esquecer de pedir meus presentes!!!) e vamos ao que interessa!
Esse ano, faz favor de não me aparecer com bicicleta!
Faça um embrulho bem bonito (numa caixa, por favor, com fita e laço) e bota dentro muita música, muito ritmo e muita cor. Aproveite, se couber, e coloque umas pilhas e lápis de cor a mais, pro caso da música parar ou o mundo descolorir. Providencie, inclusive, uma daquelas borrachas que não borram, nem se for lápis 6B, pro caso de eu resolver apagar essa ou aquela palavra, erro ou lágrima.
Veja se tem aí no estoque e me mande também um coração novo (não que o meu esteja quebrado, não tá não) é que queria guardar umas pessoas e aqui tá cheio delas, já. Mas se não der, tudo bem, a gente aperta. Se achar pelo caminho, quero também um potinho (pode ser de plástico, pra não quebrar) de paciência, umas pílulas de coragem e um daquele pozinho mágico que faz a gente ter sonhos bons quando dorme. Esses, eu prometo dividir com quem estiver precisando mais, tá bom?
Quero uma dose de adrenalina e um caminhão de determinação.
Pro mundo, se me permite estender minha carta um bocadinho, manda um pouco de decência, tá bom? Joga um pouco em cada chaminé, coloca nas caixinhas de correio, nas meias na lareira. Estamos precisando. Se puder, coloca junto um pouco de educação – assim, só pros vizinhos darem bom dia uns pros outros e pra pararem de jogar lixo no chão - eu agradeço.
Pros políticos: bom senso e caráter. Pros pais e mães, carinho pra dar e vender e uns ouvidos bem apurados, pra que possam ouvir suas crianças. Pros filhos: educação e obediência. Pros namorados e amigos: sinceridade e presença. Pros professores: paixão. Pros trabalhadores: dedicação. Pros jovens: sonhos.
Pra todo mundo o direito de sonhar com um mundo melhor. E a vontade de realizar. Muita saúde, paz - com ou sem o BOPE. Esperança, justiça, fraternidade, sabedoria. Amor. Muito, muito, muito. E luz. Pra que sejamos pessoas iluminadas e distribuamos nosso brilho onde quer que passemos e que cada dia seja um dia novo e uma nova oportunidade de fazer alguém feliz.
Se for possível, querido Papai Noel, é isso que quero.
Com amor e meus mais sinceros votos de que você e seus duendes tenham um Feliz Natal,
Jaqueline.
2 comentários:
Nossa, Jaque!
Que texto maravilhoso!
Adorei!
Tá cada dia mais talentosa :)
Parabéns, querida!
Se me permite, junto-me a você e reforço o coro desses pedidos ao bom velhinho (ou então às pessoas mesmo, né^^)
Beijos!
Eline.
Muito muito muito lindo mesmo.
Adorei sua narrativa.
beijos
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