Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua."
Martha Medeiros
E finalmente, acima de toda e qualquer coisa, a delícia incomensurável do fim da semana de provas, das aulas chatas, das legais que enjoaram, das cobranças, das obrigações escolares, das somas das notas, dos problemas, das picuinhas, das bobagens. Faculdade é simplesmente uma das melhores coisas da vida, não há como negar. É uma fase em que já se é adulto o suficiente pra pelo menos saber de sua importância e da falta que ela fará um dia. Mas uma hora ou outra todos nós precisamos parar, esquecer.
Abandonei a musculação com uma dorzinha de quem sabe que não tem apoio de ninguém, assim como não teve quando quis começar. Mas como é o que quero fazer agora, não ligo. Hoje, me deu vontade de comer x-salada e beber suco de laranja. Noutras épocas passaria fome contando as calorias ou as moedas. Hoje, fui lá e comprei. E comi cada pedaço na maior boa vontade que se espera de quem faz algo que quer.
Estou de saco cheio, sentada sozinha no corredor da faculdade, não me importando se minhas pernas esticadas atrapalham a passagem. Gostaria de estar em casa, tomada banho. E não essa mistura de suor, chuva e hamburguer. Vim pra cá, inicialmente, porque gosto de conversar cm o professor Pedrão, então vim procurá-lo. Ele estava ocupado, vim sentar aqui fazer lição de inglês. Fiz cinco frases. Faltam umas cinquenta. Não me importo, não quero fazer. Vou fazer amanhã no ônibus.
Do meu lado do corredor, só eu. À minha frente, dois malucos jogando video game, uma garota com cara de depressão e outros três babacas batucando sem parar.
Estava falando com Pedrão, mas ele me abandonou.
Vou voltar pra chuva, acho.
Não pensem que estou triste, depressiva, melancólica. Só queria mesmo estar em casa, ou aconchegada num determinado abraço. A faculdade já deu o que tinha que dar, esse ano. Quero o futuro, o depois, quero a mudança, quero mais!
Quero dois mil e onze.
Beeijos, Jaqueline.
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