segunda-feira, 14 de março de 2011

Porto seguro



Você me tem em suas mãos
e me lê como a um livro.
Sabe o que eu ignoro
e me diz as coisas que não me digo.
Aprendo acerca de mim em você
mais que em mim mesmo.

JAIME SABINES




Me dá náuseas ver o quão pouco tenho me dedicado ao blog. Ele me faz companhia há quase três anos, não posso deixá-lo, assim, de repente. Não posso parar de alimentar, nem acomodar meu cérebro a rotina sem cor, nem acostumar a calar as menores ideias que me aparecem de vez em quando.

Tenho lido pouco, mas lido o que queria. Alguns poemas, coisas água-com-açúcar, alguns blogs cor de rosa, Martha Medeiros, eu mesma. Me tenho relido - e detestado cada vez mais. Talvez por isso o blog esteja com menos de dez atualizações. Incorrespondências está tão parado quanto o Amnésia - ou mais.

Prossigo frustrada com a ausência de emprego, de dinheiro, de novidade.

O ano, afinal, começa hoje. Já que brasileiro que é brasileiro emenda a terça de carnaval com a quarta, a quinta e a sexta - além da segunda, claro.

Dessa forma, vou começar a trabalhar nos meus projetos e a estudar mais e a me esforçar mais pra conseguir o que eu quero.

A Associação morreu - e ninguém me convidou pro enterro.

Meus pais deram de brigar, de novo. Meu melhor amigo resolveu demonstrar seu desafeto pela pessoa que eu mais tenho amado no último ano.

Nunca mais dancei.


Mas apesar de toda frescura, de todo o inverno fora de época, de todo o desabor, de todo o frio na barriga e todas as borboletas no estômago, de todos os palavrões e todas as maldades de todos os corações... apesar do rancor alheio e da falta de vontade de cuidar do próprio coração. Apesar de toda a preguiça, de todo o fado, de toda a demora, de toda a ansiedade, de toda a insônia... Ainda assim há o amor e os amigos e as ideias e os projetos e o Sol. E há a Lua e as estrelas e as crianças menores que os lanches do McDonnalds. E há o açúcar e os desafios e a vontade e a cara e a coragem e a saudade e a paixão e as conversas de madrugada, os sms, os fins de semana e os feriados prolongados. Há a saúde, a alegria, os abraços, as mãos enlaçadas, a mãe contente por nada, um livro de bolso com o valor de um diamante, os cães que lambem suas mãos, mesmo quando você os abandona o dia todo. Há a memória, a música, o vento no rosto, o pulsar do coração.

Há a vida. Cheia de pedras no caminho, de coisas chatas e irritantes, frustrações e tristezas, há sempre um par de olhos que nos tira dessa confusão toda e nos transporta prum universo paralelo onde nos esquecemos dos problemas. Há sempre duas mãos que te afagam o rosto e espantam as lágrimas. Há sempre - e eu sei porque eu tenho - um certo alguém que vira nosso porto seguro, que cuida da gente, simplesmente.

Beeijos, Jaqueline.

2 comentários:

Eliel Carvalho disse...

Que bom que você gostou, querida!!!! Essa é uma das minhas receitas favoritas... Sou apaixonado por cozinha indiana... Obrigado por tudo...

E você sabe que eu simplesmente amo o modo como você escreve...

Parabéns

Renato Violardi disse...

Preferível ter um porto seguro... para podermos nos agarrar, quando parece que não existe mais razão pra sermos nós mesmos...