As vezes a gente acredita. A gente vai, se esforça, engole sapos, enfrenta problemas, salta obstáculos, caí, rala os joelhos, sangra, mas levanta e continua, porque acredita. As vezes somos taxados de idiotas, otários, submissos, sem opinião, sendo que, na verdade, somos nós os decididos, os perseverantes, os apaixonados, os que tem motivos pra não desistir jamais.
As vezes, a gente cala, a gente consente, a gente suspira, a gente chora escondido. De vez em quando a gente rouba e finge que não escutou aquela besteira, finge que não viu aquela careta, que não quer falar aquele palavrão, que não precisa muito socar alguma coisa.
As vezes a gente agüenta. Suporta. Supera. Entende. Reza. Passa raiva sozinho. As vezes, a gente tem vontade de sair correndo, mas fica. Espera. Ama. Acredita.
Mas as vezes, quando fazemos todas essas coisas, porque acreditamos em algo com força e sinceridade, a gente sente que está sendo tudo em vão. Sente que não vai resistir, que foi baleado e vai acabar despencando. A gente teme não ter mais forças pra segurar todas as pontas, pra costurar todos os buracos, pra apagar todos os erros, pra retocar todas as imperfeições e pra continuar insistindo naquilo em que se acredita.
As vezes, achamos que não há correspondência. Achamos que estamos sozinhos, remando contra a maré, contra o vento, contra os deuses, contra você mesmo. As vezes a gente se pergunta se aquilo vale mesmo todo aquele esforço, toda aquela guerra contra tudo e contra todos.
As vezes a gente duvida, pragueja. Mas mesmo assim, apesar de todas as borboletas no estômago, toda a ânsia de acertar e todo medo de estar errado o tempo todo, a gente continua acreditando, tentando, querendo que dê certo.
Porque a gente acredita. Ama. Quer. Sonha. E por isso a gente suporta, agüenta. Supera. Chora. Crê.
Ontem eu quase infartei duas vezes, de verdade, cuidei de bêbados, de amigo machucado, amarrei sutiã de irmão postiço, ouvi desabafos, discuti relacionamentos alheios, dei conselhos, ouvi críticas, enfrentei fila no banheiro, fiz o cara lavar pra gente usar (afinal, eu tinha pago), machuquei o dedo (sangrou, doeu), ajudei um casal a fazer as pazes, discuti horóscopo e combinações astrológicas, fiquei vigiando marmanjos, correndo atrás da irmã mais velha e vendo minhas amigas santinhas bêbadas (sendo que eu tava sóbria). Tomei chuva, saí fantasiada sozinha, andei a pé pra caramba (dor na perna horrorosa hoje). Roubaram meu Trident, passei fome e frio, fingi a noite inteira que tava me divertindo sendo que tudo o que eu queria era sumir daquele lugar. Fiquei preocupada com primos que não são meus, bêbados e de paradeiro desconhecido. Fui xavecada por homens não interessantes, enquanto o único príncipe que me encanta estava dormindo tranquilamente em seu castelo. A hora que cheguei em casa, capotei. Suja, molhada, cansada, chateada, triste e preocupada. Dormi quatro horas e fui trabalhar. E mesmo assim, esqueci a Lei de Murphy - aquela sobre tudo poder piorar e blá blá blá.
Mesmo assim, foram só outros vinte e cinco por cento do meu carnaval. HAHA e há de vir mais dois dias pra fazerem companhia para as coisinhas boas que aconteceram sábado e ontem, como rever e pessoas das quais eu gosto demais, tomar as tais caipirinhas de vinho (com pouco gelo e muito vinho, ta, moço) que eu estava querendo há dias, ouvir músicas que me fazem dançar e umas besteiras que me fazem rir. E digo pra vocês: na quarta de cinza estarei viva - ainda mais viva.
Tava assim ontem, ó:
Beeijos, Jaqueline - meio revolts, mas feliz.
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