segunda-feira, 14 de junho de 2010

Janelas

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”
(Amyr Klink)

Ou, conhecimento empírico.

*

Quando viajo, sento sempre na janela. Detesto o corredor. Corredores são somente passagem, gente que levanta, anda e torna a sentar. O legal dos carros, ônibus e afins é a janela. A janela, o outro lado, as coisas passando correndo na diração contrária - quando era pequena achava que as árvores corriam de verdade, rs - as coisas escritas nas placas, as setas, os carros, as vitrines das lojas, a gente esquisita pelas calçadas.

Quando viajo, sento sempre na janela. Pra poder olhar, entende. Não resisto a tentação de imaginar coisas sobre as pessoas que eu vejo, tentar adivinhar porque escolheram essa e não aquela camiseta, inventar histórias sobre imagens vistas por segundos.

Aquela loja ali, ali ó, tem uma vendedora triste. Ela está triste porque perdeu um livro. E o livro que ela perdeu tinha sido presente da sua vó. E aquele vestido ali, na vitrine. A moça provou ele, mas ficou grande. E a coitadinha, magra magra, se achando gorda em frente o espelho, pecado. Depois acabo rindo daquele cachorro feio, imaginando o dono dele, esquisito e de óculos, lutando pra por aquela roupa feia no coitadinho, que deve estar todo incomodado, xingando o dono à beça.

Ah sim... quando viajo sento na janela e escuto música. Janela pra poder olhar e a música pra embalar minha imaginação não tão fértil assim. E é engraçado quando, meses depois, ouvimos aquela música e lembramos, não do destino, mas da viagem, do trajeto, da janela.

Adoro janelas.
Na escola, sempre sentei na janela. Na van, idem.

Janelas são fascinantes.

*

"(...) O príncipe encantado pode não perceber que você cortou três centímetros do cabelo e nem lembrar o aniversário de namoro, mas ele segura tua mão olhando pra tela do cinema. E não é apenas pelo fato de segurar as mãos, é o jeito de segurar, que dá a impressão que se o mundo caísse ali, só eu me salvaria. (...) Devo comemorar por ter alguém que não me dê flores e nem me leve pra jantar, mas que me escuta, me aconselha, e que me faz acordar todos com uma felicidade matinal pra lá de irritante, ainda que eu odeie pessoas felizes de manhã. O príncipe encantado é aquele que te abraça quando você estava mesmo pensando em pedir pra que ele fizesse isso. O príncipe encantado joga bola com os amigos, gosta de beber com os amigos e tem dias que acorda de mau humor e não quer conversar com ninguém, nem com você. O príncipe encantado é aquele que está do seu lado... Ele tem rinite, canta errado, baba quando dorme, gosta de filmes de guerra, comete erros, tenta consertar e erra de novo... E ele não vem de cavalo branco como você imaginava... Ele vem de pára-quedas e cai na sua vida quando você menos espera."
(Príncipe encantado existe!, por Vanessa Pinho do maravilhoso blog Mulherices, que vocês deveriam visitar qualquer hora dessas.. ;))

Fim de semana foi mui.to bom.
;)

Beeijos, Jaqueline.

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