quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Ele, o parto
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
ela, a barriga
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Amanhã é 23
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
O segundo foi que foi
Hoje, começo a vigésima oitava semana. O que significa que estamos no sétimo mês de gestação e daqui 9 semanas (quando completar 37), a gestação estará "à termo", ou seja: a partir daí qualquer hora é hora, basta o bebê querer nascer. Eu, ansiosa que sou, nem fico me falando muito isso não. A conta é sempre até as 40 semanas: faltam 12!
FALTAM DOZE SEMANAS PARA O NATAL, MEU POVO! (Sim!)
No segundo trimestre o medo de abortar foi embora. O medo de enjoar foi embora (embora tenha rolado uma ou outra azia, mil xixis por noite e, de vez em quando, até insônia). A barriga estranha que parecia só sedentarismo foi embora. A coisa foi crescendo e arredondando e um dia eu acordei e me deparei com uma barriga de grávida. Uma inquestionável barriga de grávida. Que delícia.
Já desisti de fechar as calças... Fico bem irritada quando preciso me vestir e preciso trocar de roupa várias e várias vezes porque as coisas não ficam mais tão bonitas ou confortáveis. É bem chatinho... Mas, vivo basicamente de pijamas, então, vida que segue. Enquanto isso, lavar e dobrar roupinhas de bebê virou uma espécie de hobby. Depois da crise do "ai meu Deus, eu não fiz nada ainda", chegou o berço, a cômoda passou a abrigar roupinhas delicadamente lavadas e dobradas e organizadas e separadas por categoria (#luaemvirgem), o quarto já tem quadros e pelúcias e sabonetinhos de bebê e sapatinhos e um milhão de fraldas de boca e toalhas de banho e toda a sorte de coisas bordadas, personalizadas, com crochê e fita - e, juro, tem mais coisas pra chegar, porque aparentemente essa criança será a mais mimada da face da terra.
Ainda faltam, sim, algumas coisas pra serem providenciadas. Coisas que, as vezes, as contas do mês não permitem que você resolva logo. Mas dá tempo e não estou mais agoniada com o tempo que ruge.
O segundo também foi de muito mato. Espinafre e abóbora e vitaminas de mamão com iogurte e frutas no café da manhã e tudo o mais. Nunca antes um pacote de batata palha durou tanto nessa casa, juro. Mas essa semana, confesso, eu tô tão de saco cheio da cozinha, que não consigo mal entrar lá.
Também teve muito mais choro. De amor, de alegria, de raiva, de solidão. Com comercial de maquiagem, com vídeo sobre educação de crianças, com basicamente qualquer coisa. É um misto de estar grávida com estar em distanciamento social. Mar de Hormônios na Praia de Sozinha o Dia Inteiro. É bem difícil. E tem dia que tá suave. Vai entender...
Teve muito chute. Que estranho e que gostoso é sentir um bebê mexendo dentro da sua barriga. Sabe nos desenhos animados quando as barrigas ondulam, pra demonstrar fome? É exatamente assim, depois de algumas semanas! O bebê encosta em tecidos que a gente não costuma sentir. A história deles sapatearem nas bexigas, é real. E dá pra sentir e é imediata a vontade de fazer xixi, é divertidíssimo, apesar de ser a milésima vez que vou ao banheiro na última meia hora....
Ah e teve um susto também, quando, um dia desses, subi no banquinho pra pegar o liquidificador no armário e aquela coisa virou e me esborrachei de costas no chão. A bunda deu uma amortecida na queda, mas a cabeça também bateu. Fiquei deitada no chão, esperando a adrenalina baixar - meu coração estava disparado - e tentando entender o que tinha, de fato acontecido. Comecei a chorar e respirei fundo pra me acalmar. Esperei e dor nenhuma veio. Alisei a barriga, o neném chutou. Pensei: "tá tudo bem" e levantei devagar. Desisti do suco que ia tomar e fui pro sofá, ver se ia sentir alguma coisa estranha. A bunda doeu um pouco e de resto, ficou tudo bem. Levei uma bronca de um marido bem bravinho - como se eu tivesse outra opção a não ser subir no banco pra pegar coisas no alto - e agora toda vez que faço isso, o faço com atenção e medo redobrados.
Demorou, mas passou. Foi que foi, que nem vi. Cada dia, a sensação é diferente e estranho estar num momento tão... Libriano rss
Que venham as próximas semanas, de crescimento, de ansiedade, de emoções à flor da pele. Que nem o inferno astral tire o brilho desses dias tão únicos.
E que o umbigo demore pra saltar. Amém.
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
Mas quem é que nunca se sentiu assim?
Ando tão à flor da pele, que qualquer inseto na varanda me faz chorar...
E mesmo eu, com toda a terapia, já entendo quem diz que grávida tem medo de tudo. Mesmo assim, sigo escolhendo confiar na natureza do meu corpo pra cuidar de tudo.
Ao longo da gestação, já caí - literalmente - três vezes e foram momentos bem assustadores. Cada um com a sua intensidade. Mas nada é tão assustador quanto aquelas lágrimas que sobem da garganta, ardem o nariz e escorrem desavergonhadas e mudas. Mudas porque não falo. Não sei que dificuldade é essa de dizer o porquê choro. Já tá chorando mesmo, desgraça, se fosse pra disfarçar, que engolisse as lágrimas, como a humanidade vem fazendo há milênios.
E aí, porque não falo, a garganta arde e se aperta.
Me sinto só.
Só, com a torneira que não funciona, com a bagunça que não acaba, com a sujeira no chão e a pia cheia. Me sinto só com os chutes de dentro pra fora, com a grana que não chega no fim do mês. Me sinto só com a comida por fazer, com a falta de ar sob a máscara, em ser a única sem cerveja no almoço de domingo. Me sinto só. Em não me encontrar nas conversas dos homens sobre futebol e nem no futrico feminino lá na sala. Me sinto só no movimento de estar junto. Em tantos momentos que já nem sei se a coisa é assim mesmo ou se estou exagerando por causa dos hormônios. Me sinto só.
Só no sofá. Só na insônia de madrugada. Só na preocupação.
Parece que aos poucos a mulher vai ficando mais e mais opaca, mais e mais transparente e invisível. Talvez pra dar lugar à mãe. Imagino que o processo pra ambas coexistirem demore a acontecer... Não queria. Acho que a mãe se sentirá só sem a mulher.
Me sinto só. Me sinto infantil diante das minhas tantas necessidades emocionais. Diante de tantas demonstrações que espero receber. Me sinto só por estar fisicamente bem e não poder me vangloriar mas, também, não poder reclamar. Me sinto só.
Como se ninguém entendesse o quanto de coisas acontecem sob um corpo grávido. Parece, pra quem olha de fora, que estou apenas grávida. Algo mais natural impossível, certo? Mas, definitivamente, esse processo visível vem acompanhado por uma porção de outros, cada vez mais intensos.
E nem os gatos ligam mais pra mim, habituados que estão com a minha constante presença em casa durante a pandemia. E ao redor de casa, tudo é silêncio. Crianças não gritam, mães não falam ao telefone, furadeiras cansaram de trabalhar. O silêncio é absurdo. Por isso fico tapando ele com músicas e podcasts. Hoje, que não o fiz, me sinto só.
Só. Somente só.
Queria colo, queria ser mimada como se estivesse a fazer - e estou - o mais importante dos trabalhos e todo o resto pudesse esperar porque agora só me mimar importava. Queria ser constantemente abraçada e que me lembrassem de beber água, com o copo já na mão. Peguei pra você. Quer sim! Queria não ter tempo pra sentir falta dessas miudezas. Queria não ter que fazer pedidos.
E além de só, queria não me sentir culpada por cada um desses sentimentos. Queria não ter vergonha e nem pensar que, ao sentir-me assim, magoo alguém que, de repente, acredita que está fazendo o que deve como deve. Me sinto só e culpada. Me sinto carente e nunca gostei de ser essa pessoa - talvez por isso ainda seja...
Sinto o inferno astral se instalado com força. Os fins dos ciclos são sempre pesados, pra quando acabar mesmo, a leveza se instalar.
É como dizem... Vai passar.
Mas enquanto não passa, é isso.
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
É menino!
Um amigo que eu não cheguei a conhecer mas que, pelo que seu pai conta, foi uma pessoa corajosa, serena e cheia de sabedoria pra compartilhar. E foi uma pessoa muito sorridente - daquelas que sorriam sempre. Isso eu não tenho tanta certeza, mas gosto de imaginar assim, pois só o vejo nas fotos com o sorriso bem aberto, daqueles sorrisos que franzem até os olhos. Então, acho que essas quatro características fazem dele merecedor dessa homenagem. Com certeza seu pai vai poder te contar muitas outras...
De uma certa forma, acho que isso representa também a importância que têm os amigos de verdade. Demora até que a gente os encontre e os perceba, filho. Muitos amigos vão e vem com o tempo. Mas alguns estarão sempre conosco, mesmo que não estejam por perto. E isso tem uma força, uma magia...
Agora, que sabemos que você é o Davi - e até temos alguma ideia de como é o seu rosto - a ansiedade em te encontrar cresceu ainda mais. As pessoas já dizem com quem você se parece e seu quarto já começa a tomar forma. E eu estou aqui, ainda em quarentena, escrevendo, sentindo seus chutinhos e tentando imaginar como será quando você nascer.
E já imagino a gente em diversos lugares, vivendo várias aventuras - e você recebendo amor de todos os lados. Você já é muito amado e querido e esperado. E quando você chegar, o que não vai faltar é colo e abraço e beijo e brincadeiras e sorrisos pra você.
Espero que você chegue num mundo mais saudável, mais tranquilo. E que a gente possa ir ao parque, piscina, praia, na casa do vô, na pracinha. E brinque de carrinho e leia histórias e faça cabanas e acaricie gatos e ouça música e cante e converse e sonhe.
E tomara que seu pai toque cada vez mais violão pra você - porque eu também amo! - e que ligue a moto pra você dar risada do tremelique do motor. E que seu vô deixe você brincar na grama e depois puxar folhas das árvores do pomar. Que seus tios te carreguem nos ombros, que suas avós te encham de beijos nas bochechas e mimos. E que a gente possa ser cada vez mais feliz - mesmo diante das dificuldades e perrengues.
Mamãe te espera ansiosa, filho! Cresça bem gostosinho aí na barriga. Curte essa água e esse escurinho, que eu te espero numa boa. Quando chegar a hora, pode vir, que eu te carrego. Te nino e te ajudo a entender esse mundo doido, iluminado, barulhento e meio frio, as vezes.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
a neura nossa de cada dia
domingo, 9 de agosto de 2020
Escolhas
E aí fiquei pensando... Quando eu estava pra nascer não sabia que família me receberia. A gente normalmente atribui essa escolha a Deus - uma força do universo que deixou tudo preparado para a nossa chegada. E fui muito bem recebida. Tive e continuo tendo todo o amor, carinho e apoio da minha família - pai, mãe, irmãos, tias... Mesmo meus avós, que já se foram, sempre foram queridos e cuidadosos (minhas principais memórias com meus avós maternos são meu avô me recebendo na casa dele com chocolates e minha avó me fazendo roupas na sua velha máquina de costura ou bolos na sua cozinha).
Hoje, no entanto, é o primeiro dia dos pais que passo com um filho na barriga. Um bebezinho, que ainda está se formando e crescendo e se preparando para estrear nesse mundão de meu Deus.
E aqui, talvez, eu decepcione um pouco o leitor desavisado. Explico: eu sei que a gente tem, por unanimidade, um certo apreço pelas histórias cheias de conveniências do destino, acasos inexplicáveis, almas gêmeas que a vida tenta separar mas não consegue e coisa e tal. Mas hoje quero falar sobre escolhas.
Eu - escorpiana, com ascendente em capricórnio e lua e virgem, ou seja, a rainha do controle - deixei sim o destino fazer sua mágica, mas fiz, principalmente, escolhas. Tomei decisões. E escolhi, com todas as letras, quem haveria de ser o pai dos meus filhos.
O leitor mais informado pode achar estranho, porque sabe que a gente tem uma história cheia de amor à primeira vista, paixão avassaladora, coincidências e entregas - e dramas - dignos de um filme da Disney. Mas conforme a coisa foi rolando e paixão e drama foi se consolidando em amor, admiração, parceria, companheirismo... Eu fui, dia após dia, escolhendo esse homem para ser o meu companheiro de vida. Meu marido. Meu abrigo. Meu parceiro na criação de crianças incríveis.
Quando ele me pediu em namoro ele me disse "me sinto feliz por ser VOCÊ". Claro: sempre quis ser mãe, mas na minha cabeça isso vinha depois de uma série de acontecimentos e vinha com uma noção bastante clara das premissas primeiras - daquilo que eu esperava daquele que estaria do meu lado. E é assim que eu me sinto nesse momento: feliz, sim, muito, por estar grávida. Mas feliz, principalmente, por ser de um filho dele. Do meu marido, meu melhor amigo, meu amor. Por estarmos na nossa casa, nosso canto, nosso aconchego. Construindo nossos sonhos - os individuais e os conjuntos, juntos. Por rirmos tanto - e por eu poder chorar no seu ombro também.
Hoje eu tenho exatamente a vida que eu sonhei, desejei e planejei - ao lado da pessoa como eu sempre sonhei. Então, é isso: nesse dia dos pais, um brinde de cerveja zero álcool ao pai que Deus escolheu pra mim e ao pai que eu escolhi pro meu filho!
Um brinde ao destino e às escolhas, que nos trouxeram exatamente até aqui.
Um brinde a esses homens maravilhosos que acrescentam tanto à nossa vida.
A esses dois - meu pai Carlos e meu marido Guilherme - todo meu amor e toda a minha admiração sempre pra sempre.
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Te vi lutar
Fizemos faxina, tomamos café, nos vestimos e fomos passear. A rua distraiu você. Fomos comprar coisas fofas de bebê e comemos lanche e visitamos meus pais e fomos na loja e escolhemos seu presente do dia dos pais - um tênis, claro.
Quando chegamos em casa, o piriri voltou. O hábito demora pra ser remodelado, eu sei. E era só o primeiro dia. Mesmo assim, fui dura com você. Mesmo assim, fiquei meio brava com o pedido. Até que me rendi e te dei um cigarro. E disse, ainda, como quem acha que manda, "só esse hein".
Você disse que sua boca encheu-se d'água quando viu o cigarro. O sorriso que você deu e o brilho nos olhos, foi até bonito de ver. Caímos na gargalhada. Quem é que saliva por um cigarro, meu Deus? E rimos e rimos.
Foram dezesseis horas sem cigarro, já que o último fora perto da meia noite... Eu sei, foi difícil. Está sendo um pouco ainda. E sei que você está fazendo isso pelo nosso bebê. E te agradeço. Te agradeço muito. Te agradeço pois tenho muito claro o quanto isso será importante pra você, pra mim e o Bolis. A curto, médio e longo prazo.
Saiba que, dessa vez, essa decisão não poderá ser revogada. Mas saiba também que logo ficará mais fácil e já já será natural. E que ver a saúde do teu filho crescendo ao teu lado será uma bela recompensa por essa decisão tão madura.
Eu te vi lutar essa semana toda. E no terceiro dia você já conseguiu ficar sem nenhum cigarro. E hoje já é o quinto dia sem fumar nenhunzinho!
E por essas e outras te amo cada dia mais.
Não esquece.
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Carta da metade que já foi
sexta-feira, 17 de julho de 2020
Dia cento e vinte
Meu marido perguntou o que tinha acontecido, que eu estava chorando. Só consegui dizer: "não aguento mais ficar em casa." Ele me fez cafuné e concordou. "É, tá foda..." Depois, dormi no melhor abraço do mundo e meu coração sossegou.
Sim. Tá foda. Tá difícil e eu fui liberada oficialmente pelo meu terapeuta para reclamar o quanto eu quiser! haha Agora que minha barriga tá toda redonda e toda roupa me deixa com cara (e pancinha) de grávida, tudo o que eu queria era estar desfilando ela, eventualmente, por aí.
Quero ir em lojas ver coisas fofas e minúsculas. Quero fazer aulas de pilates. Quero a visita na minha maternidade. Quero rodas de conversa no pré natal, quero participar da Semana Mundial do Aleitamento Materno. Quero ver gente e quero que gente me veja.
Já deu de isolamento!
QUERO BOTAR MINHA PANÇA NO SOL!
segunda-feira, 22 de junho de 2020
É tri!
domingo, 14 de junho de 2020
graças a deus a adolescência demora
domingo, 31 de maio de 2020
Enxoval da índia-parideira
segunda-feira, 20 de abril de 2020
Bolotinha
Mas será?
Alô, alô, teste
Estamos de quarentena desde o dia 20 de março, que foi meu ultimo dia de trabalho in loco. Depois disso vim pra casa e de lá pra cá mal saí. Tenho ido ao mercado, padaria, eventualmente na casa dos meus pais. Tenho feito comida. Pra alimentar, pra animar, pra distrair, pra deliciar. Fiz bolo e lasanha e parmegiana e mais. Tenho comido como se não houvesse amanhã. Foda-se. Quem consegue se preocupar com peso, com uma pandemia avassaladora tomando conta do planeta?
Hoje o dia foi pior que ontem. A terapia foi pesada, dei uma chorada e depois disso não consegui fazer nada a não ser me manter ocupada com serviços domésticos. Lavei a varanda, limpei a cozinha, aspirei o pó, lavei louça, fiz almoço, comprei areia pros gatos.
Tomei um banho daqueles que lavam até a alma. Quente. Calmo. Lavei os cabelos cada vez maiores, respirei fundo, apreciei o silêncio. Saí levemente revigorada...
Agora à tarde, voltei a me sentir fisicamente mal, dores no corpo, dor de cabeça, sono, muito sono. Coloquei o roupão - meu melhor amigo - deitei na cama e me cobri. Os dois gatos pretos se enroscaram em mim e eu quase cochilei.
E ai, num súbito, fiz o que disse que não faria até amanhã cedo. Fiz xixi num potinho e espetei um palito lá dentro. Quando coloquei o treco no xixi, fechei os olhos e contei dez segundos. Já fiz alguns desses na vida pra saber o spoiler que ele dá, conforme absorve o liquido e a macha rosa vai se espalhando até virar uma ou duas listras.
Coloquei o palito na horizontal assim que contei dez, ainda de olhos fechados. Terminei o xixi, me vesti respirando fundo. Que medo de olhar e ver - de novo - aquela listrinha solitária, aquele risquinho fajuto sozinho no mar rosa molhado de xixi. Que medo de ter sido precipitada (como quase sempre).
Foi tudo estrategicamente planejado: faço o teste, jogo fora e já tiro o lixo. Pelo sim, pelo não, fica o segredo. E se eu ficar desapontada, ninguém precisa ficar sabendo!
Abri os olhos e me virei. O gato estava impaciente, em cima da pia, esperando que eu abrisse a torneira pra ele beber água - maldito gato mimado!! Dois risquinhos dividiam, lado a lado, o palito branco. Corri pegar a caixa do teste no lixo, pra ver qual listra era do que, já que uma estava mais clara... "o tom pode variar conforme o nível de Hcg"... Oh my God. OHMYGOD. Permaneço séria. Registro o momento. O coração dispara. Meu primeiro impulso é pegar o computador e escrever.
Tomei um copo d'água gigante e corri pra cá.
Minha cabeça está agitada. Parece que não é real. Meu ímpeto é descer na farmácia comprar outro teste. Mas não, calma, cara pálida. Quais as chances de estar errado? "Respira, relaxa e curte o momento, que é seu", penso.
Em breve, eu vou dividi-lo com as pessoas mais importantes do meu mundo. Mas hoje, agora, esse deleite, essa alegria, essa novidade é minha. Só minha.
quinta-feira, 19 de março de 2020
Eu e as Anas
terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
carne com batata
Quando foi que virei a pessoa que preza por cada um dos minutos dentro de casa? Que recusa vento na cara ao som do batuque carnavalesco e pensa na gripe e no sofá. Não que isso seja, necessariamente, ruim... Não que isso seja, necessariamente, bom. Mas é. Só é.