amálgama
substantivo de dois gêneros
1. quím liga metálica que contém mercúrio.
2. miner liga de prata e mercúrio, cristalizada no sistema cúbico, por vezes encontrada nas jazidas de cinabrita.
3. fig. mistura de elementos diferentes ou heterogêneos que formam um todo.
Origem
⊙ ETIM pelo lat. dos alquimistas amalgama, este prov. do ár. al-madjmaHa 'fusão'
De que mistura você é feito?
Eu sou feita de mal humor matutino e palhaçada na hora do almoço.
Tenho pitadas dos livros que eu fingi que li, mas parei na metade. E carrego em algum lugar um sutil perfume das lascas cítricas dos livros que li, mas não me lembro.
Sou feita de textos hipocondríacos adolescentes, cartas em formato de coração, desenhos e declarações de amor eterno. De agendas com frases filosóficas. De Grécia e Raul Seixas.
Sou feita da guerra do Kossovo.
Sou feita de beijos sob o céu azul, sentada na grama ou em frente ao hotel.
Confeitada de músicas que eu escuto todo dia e que me adoçam e complementam como açúcar e canela em volta do bolinho de chuva. Tem uma parte de mim que é feita de poesia. Pessoa. Florbela. Clarice. Cecília.
Sou feita de odiar cebola mas gostar de cebola. Sou feita das minhas contradições. Das minhas mudanças de ideia.
Da minha auto estima de dar inveja e da minha mágoa quando não falam comigo.
Sou feita de planilhas, listas, calendários.
Sou feita de suco de maracujá, cerveja de milho e hambúrguer gourmet.
Sou feita de cada receita que aprendi a cozinhar. Sou feita de panquecas e creme de milho.
Sou feita de areia.
Sou feita de cabelos caídos pelo chão e preguiça de falar com estranhos.
Sou adornada pela convicção de sorrir pra desconhecidos e de dar chances para as pessoas.
Sou feita de política e leis.
Sou feita de moedas separadas para pedintes no semáforo.
Sou feita de café expresso sem açúcar e de observar pessoas.
De intensidade, eletricidade, choque, potência.
Sou criatividade.
Sou vontade zero de transpirar sem inspiração.
Uma parte de mim é feita da dor de não ter mudado o mundo. Outra parte, feita das pequenas alegrias da vida. Sou feita do orgulho de ter o respeito de algumas pessoas inteligentes, o carinho de algumas crianças.
Sou feita de convicções.
Sou feita de família que nem sempre eu entendo e pra quem, nem sempre, me explico.
Minhas mãos são feitas de ansiedade. Meus dedos, de juntas desgastadas. Meus pés, de veias saltadas. Minha virilha, de alongamento.
Sou feita de dança. Sou feita de movimento. Sou feita, aos poucos, por cada professora que passou por mim.
Sou feita de bilhetes no meio da aula. De amigos que se foram. De amores que acabaram e nem sei porquê.
Sou feita de admirar. A natureza. As pessoas. Suas bocas. Suas palavras.
Sou feita de moedas separadas para pedintes no semáforo.
Sou feita de café expresso sem açúcar e de observar pessoas.
De intensidade, eletricidade, choque, potência.
Sou criatividade.
Sou vontade zero de transpirar sem inspiração.
Uma parte de mim é feita da dor de não ter mudado o mundo. Outra parte, feita das pequenas alegrias da vida. Sou feita do orgulho de ter o respeito de algumas pessoas inteligentes, o carinho de algumas crianças.
Sou feita de convicções.
Sou feita de família que nem sempre eu entendo e pra quem, nem sempre, me explico.
Minhas mãos são feitas de ansiedade. Meus dedos, de juntas desgastadas. Meus pés, de veias saltadas. Minha virilha, de alongamento.
Sou feita de dança. Sou feita de movimento. Sou feita, aos poucos, por cada professora que passou por mim.
Sou feita de bilhetes no meio da aula. De amigos que se foram. De amores que acabaram e nem sei porquê.
Sou feita de admirar. A natureza. As pessoas. Suas bocas. Suas palavras.
Na mistura vão as opiniões sobre tudo e o silêncio e atenção que me fazem ouvir.
Mas o ingrediente principal, em mim, são as pessoas.
Cada pessoa com a qual interagimos, deixa em nós um pouco ou muito de si. É impossível não absorver o doce ou o amargo de uma pessoa em nossa própria receita. Porque estamos em constante mudança. Em constante construção.
As pessoas que você amou. Que você defendeu. Que você deixou para trás. As brigas em que se meteu. As conversas inspiradoras que teve. As companhias. Os estranhos com quem se divertiu. Os taxistas. Atendentes de telemarketing e chefes. Seus pais. Os parentes que você não suporta. Professores. Bons e ruins. O dono da banca de jornal. Aquele homem que virou seu amigo na fila do correio. Seu primeiro cliente. Seu melhor amigo. O melhor amigo do seu amor. Seus vizinhos. E até mesmo aquelas que você não sabe definir bem o que são pra você. Quem você decepcionou. Quem magoou você. Seu terapeuta. Sua ginecologista. Cada pessoa que te indicou um livro. Cada uma que te escreveu um cartão de Natal. Cada uma que te aplaudiu no fim da sua dança. Seus afilhados. Seus padrinhos. Aqueles que já morreram. Aqueles que você adotou em segredo, desejando que fossem seus avós. As crianças da sua rua. A família do outro, que você queria pra você. O tio emprestado, os amigos em comum...
Muitas vezes, esses temperos são colocados por outros em nós. Mas é possível que escolhamos de quais pessoas nos aproximar. Com quais amigos vamos conversar. Que estranhos vamos olhar nos olhos. Quem vamos visitar numa quarta-feira qualquer, pelo simples prazer de estarmos juntos.
Mas o ingrediente principal, em mim, são as pessoas.
Cada pessoa com a qual interagimos, deixa em nós um pouco ou muito de si. É impossível não absorver o doce ou o amargo de uma pessoa em nossa própria receita. Porque estamos em constante mudança. Em constante construção.
As pessoas que você amou. Que você defendeu. Que você deixou para trás. As brigas em que se meteu. As conversas inspiradoras que teve. As companhias. Os estranhos com quem se divertiu. Os taxistas. Atendentes de telemarketing e chefes. Seus pais. Os parentes que você não suporta. Professores. Bons e ruins. O dono da banca de jornal. Aquele homem que virou seu amigo na fila do correio. Seu primeiro cliente. Seu melhor amigo. O melhor amigo do seu amor. Seus vizinhos. E até mesmo aquelas que você não sabe definir bem o que são pra você. Quem você decepcionou. Quem magoou você. Seu terapeuta. Sua ginecologista. Cada pessoa que te indicou um livro. Cada uma que te escreveu um cartão de Natal. Cada uma que te aplaudiu no fim da sua dança. Seus afilhados. Seus padrinhos. Aqueles que já morreram. Aqueles que você adotou em segredo, desejando que fossem seus avós. As crianças da sua rua. A família do outro, que você queria pra você. O tio emprestado, os amigos em comum...
Muitas vezes, esses temperos são colocados por outros em nós. Mas é possível que escolhamos de quais pessoas nos aproximar. Com quais amigos vamos conversar. Que estranhos vamos olhar nos olhos. Quem vamos visitar numa quarta-feira qualquer, pelo simples prazer de estarmos juntos.
Podemos, da mesma maneira, deixar ir. Nos libertar, em determinado momento, do que, do outro, não faz mais sentido em nós. Acho que é o que chamam de perdão. Ou maturidade. Entender que só é nosso o que a gente aceita, não tudo o que nos dão.
Somos amálgama de tudo o que vivemos e de todos que nos tocaram.
Somos amálgama do que jogaram em nós e dos ingredientes que selecionamos - cheirando e provando seu sabor...
As vezes, certos de que é daquilo que a receita precisa para ficar boa...
Noutras, apenas torcendo pra ficar comestível.
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