Eu não ia fazer isso hoje, mas eu fiz. Passei o dia ontem com dores estranhas, sensação de febre, muito sono. Na hora de dormir: nada. Um advil e um calmante natural pra dormir pra lá de meia noite. Hoje, caí da cama cedo para ir (figuradamente, pois só fui até o closet) pra terapia.
Estamos de quarentena desde o dia 20 de março, que foi meu ultimo dia de trabalho in loco. Depois disso vim pra casa e de lá pra cá mal saí. Tenho ido ao mercado, padaria, eventualmente na casa dos meus pais. Tenho feito comida. Pra alimentar, pra animar, pra distrair, pra deliciar. Fiz bolo e lasanha e parmegiana e mais. Tenho comido como se não houvesse amanhã. Foda-se. Quem consegue se preocupar com peso, com uma pandemia avassaladora tomando conta do planeta?
Hoje o dia foi pior que ontem. A terapia foi pesada, dei uma chorada e depois disso não consegui fazer nada a não ser me manter ocupada com serviços domésticos. Lavei a varanda, limpei a cozinha, aspirei o pó, lavei louça, fiz almoço, comprei areia pros gatos.
Tomei um banho daqueles que lavam até a alma. Quente. Calmo. Lavei os cabelos cada vez maiores, respirei fundo, apreciei o silêncio. Saí levemente revigorada...
Agora à tarde, voltei a me sentir fisicamente mal, dores no corpo, dor de cabeça, sono, muito sono. Coloquei o roupão - meu melhor amigo - deitei na cama e me cobri. Os dois gatos pretos se enroscaram em mim e eu quase cochilei.
E ai, num súbito, fiz o que disse que não faria até amanhã cedo. Fiz xixi num potinho e espetei um palito lá dentro. Quando coloquei o treco no xixi, fechei os olhos e contei dez segundos. Já fiz alguns desses na vida pra saber o spoiler que ele dá, conforme absorve o liquido e a macha rosa vai se espalhando até virar uma ou duas listras.
Coloquei o palito na horizontal assim que contei dez, ainda de olhos fechados. Terminei o xixi, me vesti respirando fundo. Que medo de olhar e ver - de novo - aquela listrinha solitária, aquele risquinho fajuto sozinho no mar rosa molhado de xixi. Que medo de ter sido precipitada (como quase sempre).
Foi tudo estrategicamente planejado: faço o teste, jogo fora e já tiro o lixo. Pelo sim, pelo não, fica o segredo. E se eu ficar desapontada, ninguém precisa ficar sabendo!
Abri os olhos e me virei. O gato estava impaciente, em cima da pia, esperando que eu abrisse a torneira pra ele beber água - maldito gato mimado!! Dois risquinhos dividiam, lado a lado, o palito branco. Corri pegar a caixa do teste no lixo, pra ver qual listra era do que, já que uma estava mais clara... "o tom pode variar conforme o nível de Hcg"... Oh my God. OHMYGOD. Permaneço séria. Registro o momento. O coração dispara. Meu primeiro impulso é pegar o computador e escrever.
Tomei um copo d'água gigante e corri pra cá.
Minha cabeça está agitada. Parece que não é real. Meu ímpeto é descer na farmácia comprar outro teste. Mas não, calma, cara pálida. Quais as chances de estar errado? "Respira, relaxa e curte o momento, que é seu", penso.
Em breve, eu vou dividi-lo com as pessoas mais importantes do meu mundo. Mas hoje, agora, esse deleite, essa alegria, essa novidade é minha. Só minha.
Estamos de quarentena desde o dia 20 de março, que foi meu ultimo dia de trabalho in loco. Depois disso vim pra casa e de lá pra cá mal saí. Tenho ido ao mercado, padaria, eventualmente na casa dos meus pais. Tenho feito comida. Pra alimentar, pra animar, pra distrair, pra deliciar. Fiz bolo e lasanha e parmegiana e mais. Tenho comido como se não houvesse amanhã. Foda-se. Quem consegue se preocupar com peso, com uma pandemia avassaladora tomando conta do planeta?
Hoje o dia foi pior que ontem. A terapia foi pesada, dei uma chorada e depois disso não consegui fazer nada a não ser me manter ocupada com serviços domésticos. Lavei a varanda, limpei a cozinha, aspirei o pó, lavei louça, fiz almoço, comprei areia pros gatos.
Tomei um banho daqueles que lavam até a alma. Quente. Calmo. Lavei os cabelos cada vez maiores, respirei fundo, apreciei o silêncio. Saí levemente revigorada...
Agora à tarde, voltei a me sentir fisicamente mal, dores no corpo, dor de cabeça, sono, muito sono. Coloquei o roupão - meu melhor amigo - deitei na cama e me cobri. Os dois gatos pretos se enroscaram em mim e eu quase cochilei.
E ai, num súbito, fiz o que disse que não faria até amanhã cedo. Fiz xixi num potinho e espetei um palito lá dentro. Quando coloquei o treco no xixi, fechei os olhos e contei dez segundos. Já fiz alguns desses na vida pra saber o spoiler que ele dá, conforme absorve o liquido e a macha rosa vai se espalhando até virar uma ou duas listras.
Coloquei o palito na horizontal assim que contei dez, ainda de olhos fechados. Terminei o xixi, me vesti respirando fundo. Que medo de olhar e ver - de novo - aquela listrinha solitária, aquele risquinho fajuto sozinho no mar rosa molhado de xixi. Que medo de ter sido precipitada (como quase sempre).
Foi tudo estrategicamente planejado: faço o teste, jogo fora e já tiro o lixo. Pelo sim, pelo não, fica o segredo. E se eu ficar desapontada, ninguém precisa ficar sabendo!
Abri os olhos e me virei. O gato estava impaciente, em cima da pia, esperando que eu abrisse a torneira pra ele beber água - maldito gato mimado!! Dois risquinhos dividiam, lado a lado, o palito branco. Corri pegar a caixa do teste no lixo, pra ver qual listra era do que, já que uma estava mais clara... "o tom pode variar conforme o nível de Hcg"... Oh my God. OHMYGOD. Permaneço séria. Registro o momento. O coração dispara. Meu primeiro impulso é pegar o computador e escrever.
Tomei um copo d'água gigante e corri pra cá.
Minha cabeça está agitada. Parece que não é real. Meu ímpeto é descer na farmácia comprar outro teste. Mas não, calma, cara pálida. Quais as chances de estar errado? "Respira, relaxa e curte o momento, que é seu", penso.
Em breve, eu vou dividi-lo com as pessoas mais importantes do meu mundo. Mas hoje, agora, esse deleite, essa alegria, essa novidade é minha. Só minha.
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