É como correr. Não que eu goste de correr, mas imagino que a sensação pros que gostam seja parecida. É liberdade. Mesmo sem o vento contra o rosto e com muito suor fazendo brilhar a tez pálida, o que nos domina é a liberdade. A mente trabalha a mil por hora; estratégia, visão de jogo, domínio do corpo, força; músculos e entranhas, nervos, sangue, coração. Mente e corpo unidas pela batida do gunga. Liberdade de pessoas que não estão mais aqui e a nossa própria.
Capoeira é liberdade; é a beleza do que é singular. Ninguém joga igual ninguém, disse meu professor quando começei, quase dois anos atrás. Tá, Cláudia, senta lá. Não acreditei. Hoje, vejo que é aí que mora a graça. Golpes, esquivas; aprendemos todos as mesmas coisas, os mesmos movimentos, mas não jogamos igual. É como crianças que aprendem as mesmas palavras mas que falam de maneiras completamente díspares.
Como pessoas que aprendem a ler na mesma escola mas leem coisas diferentes.
Nosso jogo é nossa mensagem. Não é pancadaria - não precisamos disso. Não é defesa pessoal - capoeira estuda não fica pra rua procurando briga. Não é só dança - apesar da música.
É luta, é jogo, é mandinga. É malícia. É testar a atenção do companheiro - não do adversário, mas do camarada, do irmão. É testar seus próprios limites. É evoluir.
Capoeira só faz sentido quando a gente decide evoluir. Aprender, independente das nossas limitações. Adptar movimentos. Criar. Inovar.
Capoeira é cantar, tocar. Ficar com dor na mão de tanto bater palma. É tirar mil sons duma corda só. É minha grande paixão.
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Beeijos, Jaqueline.
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