terça-feira, 11 de setembro de 2018

simplesmente

O que há que o primeiro abraço é sempre tímido? 
E o que faz com que, de repente, seja diferente?



Existem vários tipos de abraços, mas tem um, específico, que é o meu preferido. É um abraço que faz o queixo encaixar no ombro do outro, tão próximo, tão grudado... Aquele abraço em que os braços enlaçam as costas e as mãos agarram, de dedos abertos, as costelas. É aquele abraço que tem um apertãozinho extra, no começo ou no final. 

O ouvido fica colado e dá pra sentir no peito a respiração da outra pessoa e, as vezes, no soltar, aquele pedacinho que não é nem trapézio nem pescoço, aquela curvinha - um dos melhores lugares do mundo - ganha um beijo.

As vezes, fico na ponta dos pés, pra abraçar com ambos os braços passando ao redor do outro, por cima dos ombros, uma mão repousando nas costas, a outra carinhosamente passando pelos cabelos - se houver -  ou naquele finzinho de pescoço... Assim, como quem não quer nada, acabo deixando minha cintura livre pra ser enlaçada. E como é bom quando os braços são suficientemente grandes pra dar a volta em mim...

As vezes, é um braço que passa por cima e outro por baixo, em um xis que permite segurar as próprias mãos nas costas do outro.

Eu, que tenho braços compridos e mãos grandes, me satisfaço nesse momento, o do abraço. Gosto de longos abraços. No café, na rua, no sexo. Gosto de agarrar o outro enquanto ele lava louça ou pica a carne do churrasco. Gosto de esperar na fila do cinema toda enroscada. E de dormir cercada por braços ou com a pessoa entre os meus. Não me vem com esse papo de cada um virar pro seu lado - isso é fim decretado...! 

Se a pessoa é mais alta, que satisfação envolver sua barriga e repousar a cabeça no peito! Mais ainda se ela me abraçar os ombros ou fizer cafuné. Beijo no alto da cabeça dentro desse abraço é um passo rumo ao céu, não posso negar é algo que me preenche... E se não, que satisfação ter os lábios na mesma altura...




Aparentemente, o mundo precisa dar muitas voltas até que a gente encontre um abraço em que a gente realmente encaixe. E, aparentemente, a gente não pode querer se acostumar a abraços realmente muito bons, porque só Deus sabe até quando aquele lugar estará disponível pra gente. 

Ainda assim, é preciso lembrar, com uma ligeira esperança: o carrossel nunca para de girar. 

E os bons abraços que vão, dão lugar a bons abraços que chegam - seja só por hoje, seja pra sempre, pela primeira vez ou mais uma, depois de tanto tempo.

E nossos vazios vão sendo preenchidos, a medida em que nosso corpo é gentilmente - ou vorazmente - abraçado. 





Um bom abraço é, definitivamente, o que eu classificaria como um lugar de calmaria.

Um lugar de paz.












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