terça-feira, 4 de setembro de 2018

Aceita ou sofre

É, Amnésia! Aqueles tempos dos textos melancólicos e hipocondríacos que ninguém lê voltaram! Novamente seremos eu e você e as palavras bagunçadas, cheias de drama e fumaça. Os textos de amor vão continuar aparecendo, mesmo que nas entrelinhas, daquele jeito que só eu e você saberemos... Mas ainda assim, a falta de cor certamente afastará os contáveis leitores. Tudo bem. A solidão não é um problema que a gente tem que resolver.


Aceita ou sofre.
Foi o recado que veio antes.
Junto com o copo de café, o veredicto.
Nem lembro se terminei de beber, enquanto segurava minha dignidade.
Quando ela começou a escorrer pelos olhos, saí.
Enchi a mochila com o que pude encontrar antes do abraço inesperado que me desabou.
A melhor de todas me abraçou, tentando pegar um pouco daquele peso pra si e, mesmo sem saber por quanto tempo, já se despedindo.
Um abraço verdadeiramente importante. Mais um detalhe pra me dar a certeza de que dessa vez foi diferente. Mias um dos detalhes que tornam essa loucura ainda mais arrasadora.

Mais um tanto de conversa no velho banco de madeira, cercada pelos gatos que pareciam já saber que não me veriam mais com tanta frequência...
Escorri lágrimas mas dentro de mim encontrei força pra desejar o bem. Lembro da primeira vez que te vi chorar por mim - e como esses dois momentos foram diferentes. Na primeira você estava com medo. Nessa, apenas triste. O medo de me dizer adeus já não era maior do que o de não dizer, então você disse. Tinha que dizer.

Eu entendo, mas ainda não sei aceitar. No fundo, eu não me conformo.
Não sei o que fazer com essa informação. Não sei colocá-la em uma frase simples.

Não sei como fazer café sem a garrafa vermelhinha e o olhar gentil da sua mãe, dizendo pra encher bem ela de água.
Não sei como passarei na sua rua as quartas feiras sem olhar pro lado.
Não sei como assistirei aos shows daquela lista que fizemos juntos.
Não sei sequer o que fazer com os ingressos que já comprei pro show do Caetano (talvez você não lembre, mas foi a primeira referência musical que você me deu).
Não sei como olhar meu apartamento agora, sem a promessa de nós dois lá.
E até as panelas amarelas perderam um pouco o charme... rs

Não sei mais abrir o Youtube porque a sua playlist está lá. Nossa playlist é a mesma e agora isso é um pouco irritante.
E todos os cadastros que fiz com seu nome nas senhas, o que fazer com eles?
E a argola de ouro, que agora jaz no guarda roupa? Que fazer com ela?

Que fazer com todos os planos não vividos?
Não pulamos de paraquedas, nem fomos à praia, muito menos acampar.
Não te levei pra sua primeira viagem de avião.
Você não me levou naquele reggae, nem no castelo.

Mais um abraço, na melhor das melhores. Outro, no último gato - ele pareceu tão inconformado quanto eu. Recusou meu colo, se contorceu pra sair como se fosse absurda a despedida ("cala a boca, se não eu acordo você com a minha fuça a dois centímetros da sua as cinco e meia da manhã", ele deve ter praguejado). Me senti acolhida. É também acho absurda, Branquelento. Também acho...

Em você sei que ainda darei vários abraços. Serão várias mensagens de bom dia, vários momentos em que, descabida, vou querer saber se você dormiu bem ou se comeu. Vai demorar um pouco pra aprendermos a ter outros papéis na vida um do outro - ou a não ter. Vai demorar pra esse nó sair da minha garganta e pros meus olhos voltarem a serem marrons. Vai demorar pra eu aprender a não te contar cada segundo do meu dia e cada plano louco. Vou demorar a aprender a ser só eu de novo. Vou demorar pra não querer te ver ou não querer te ouvir cantar. A grande questão é que eu vou aprender. A gente vai aprender. Já estamos aprendendo. 

Dizem por aí - e eu, a rainha das frases de efeito não poderia deixar de repetir - que o que não é benção é lição. Eu acredito piamente que tudo o que passou foi benção. Tudo o que vivemos em cada um desses 5 anos e 6 meses e 22 dias rs, desde que nos conhecemos. E sei que ainda seremos luz na vida um do outro, mesmo que de longe, mesmo que só nas lembranças...

Somos a prova de que existe.

De que é possível ser foda. 
É possível ser top. 
É possível ser verdadeiro, ser profundo, ser leve, ser feliz, ser honesto, ser gentil, ser a gente mesmo.
É possível. 
A gente viu com os próprios olhos, não é? Tocou com as próprias mãos. 

Não perca nunca essa fé... é real. Existe mesmo! 
E pode ser como todos sonham... Como todos desejam. 
Porque foi. 



Obrigada por tudo.




Mas não tem revolta não
Só quero que você se encontre 
Saudade até que é bom 
Melhor que caminhar vazio
A esperança é um dom que eu tenho em mim
Eu tenho sim
Não tem desespero não
Você me ensinou milhões de coisas
Tenho um sonho em minhas mãos
Amanhã será um novo dia
Certamente eu vou ser mais feliz









Neoqueav.

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