A sensação de amar é ótima, quase perfeita. Mas a sensação de suportar tudo e continuar amando e então, por merecimento ou sorte, reconquistar o direito de estar com seu amor é simplesmente impagável. Como quando a vida separa os dois e, sabe-se lá porquê, o amor não deixa de existir.
Em se tratando de pessoas, isso só aconteceu comigo uma única vez: de a vida me afastar e eu sobreviver longos meses sem nem mesmo duvidar de que ainda era tudo a mesma coisa aqui dentro de mim, se é que não se havia fortalecido aquele amor com tamanha dose de saudade. Isso aconteceu entre quatro de novembro de dois mil e nove e quatro de junho de dois mil e dez, data em que saí do coma, rs.
Se falarmos de coisas, pequenas ou grandes, dessas que cabem em caixas ou daquelas que não caberiam nem num alfinete nem no mundo todo, porque não são possíveis de se pegar com as mãos: ontem fiz minha primeira aula de ballet de verdade depois de quinze meses. Como aluna, como matriculada, como bailarina.
A sensação foi de completo desnorteio: não sabia o que eram os nomes novos que surgiam, não sabia os passos novos, muitas coisas meu alongamento, ainda que bom, não me permitiu fazer. Mesmo assim, na hora, só conseguia me olhar no espelho - de rosa e roxo - de meia calça, collant e coque. Alongando, me via mais magra, com mais cara de bailarina, com mais vontade de dançar, com a pele mais lisa, com a perna mais dura, com a barriga mais pra dentro, com os braços mais longos e as mãos mais delicadas. Via tudo aquilo que rezei meses para poder ver. Claro que bateu a insatisfação, o desespero, a contrariedade, a raiva de não conseguir realizar tudo com perfeição, mas foi só minha primeira aula e sei que terei um tempo de adaptação, antes de conseguir fazer as coisas direitinho.
Hoje a professora citou a palavra ponta. Mas não repetiu quando eu quase infartei. Comentou algo sobre o fato de que todas nós teremos. Nessa hora, infartei mesmo.
Jurei um tempo atrás que quando conseguisse voltar para o ballet, se é que um dia conseguiria, iria emagrecer e me dedicar como nunca. E é o que farei, bailarina do coque à sapatilha.
Beeijos, Jaqueline.
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