Fui em direção à porta, com o coração ansioso. Pensava em aguardá-lo chegar. Quando saí, ergui a cabeça e, num pulinho, brequei o caminhar. Déjà vu. Lembrei da primeira vez que o vi, da primeira vez que seus olhos se conectaram com os meus. Eu entrava distraída; ele, de cabeça baixa. Parei em frente à ele e o olhei enquanto fingia inutilmente procurar um lugar pra sentar. Pensei se deveria dizer oi. Ele, com os cotovelos apoiados na mesa, os ombros erguidos e a cabeça baixa. De repente... Ele ergue a cabeça e me olha. Me vê. Me encara. Encarei de volta. Sorri. Sorrimos. Dei a volta na mesa e o cumprimentei com um beijo no rosto, daqueles em que os lábios mal tocam a pele e, sutilmente, me afastei, como se aquele brilho azul dos olhos dele não tivesse me cegado e como se aquele meu sorriso tivesse outro motivo pra existir. Você nem imagina o que te espera...
Não imaginava. E, se imaginasse, não acreditaria.
Quando saí, vi primeiro seus olhos. Depois aquela camiseta azul com minúsculos coqueiros que tanto destaca seus olhos e, em suas mãos, um generoso buquê delas, minhas preferidas. As rosas aparentemente refletiam nas maças do rosto dele e o sorriso fazia os olhos brilharem. Sim. Aquele brilho do déjà vu. Tudo aconteceu num segundo. Olhei para o lado, ruborizada, disfarçando as lágrimas que surgiram nos olhos e fiquei ali, parada, rindo, esperando as lágrimas evaporarem.
Fui até ele e o abracei, antes mesmo de pensar em lhe beijar ou pegar as flores. O mundo parou. Fiquei ali por um bom tempo, agradecendo. Obrigada, obrigada, obrigada. Não sei se em voz alta...
Hoje mesmo falei sobre a loucura dessa sintonia. Sobre a probabilidade quase nula de encontrarmos alguém com pensamentos, gostos e intenções tão similares aos nossos num raio de 10km. Se alguém me contasse essa história, eu duvidaria, pois sou uma cética. Há um mês atrás eu não acreditava em amor à primeira vista...
Pra mim, amor sempre foi construção. A questão é: quanto tempo leva pra construir algo que, aparentemente, você planejou por toda uma vida, mas para o qual você sequer estava dando atenção, há trinta dias atrás? Quanto tempo é o tempo certo?
"A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente." - Rubem Alves
Pra mim, amor sempre foi construção. A questão é: quanto tempo leva pra construir algo que, aparentemente, você planejou por toda uma vida, mas para o qual você sequer estava dando atenção, há trinta dias atrás? Quanto tempo é o tempo certo?
"A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente." - Rubem Alves
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