sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Aquela

Sou aquela jornalista metida a besta e mal humorada que, minuto sim, minuto também, está com o sangue fervendo, reclamando de algo que a deixa inconformada. Também sou aquela que vez ou outra faz piada de si mesma, faz os outros rirem e exagera no último cada cena. Sou a que devia estar escrevendo óperas melodramáticas, não releases, ou ganhando dinheiro com teatro, porque, olha... Haja drama!

Sou aquela que vira  e mexe tem vontade de largar tudo, dar uma de Natália Piassi, mudar pra Araraquara e estudar dança. Sou a mesma, aquela mesma garota que queria mudar o mundo, aprender a fazer tranças embutidas no próprio cabelo mas também sou a que não tem paciência nem para assistir o comercial inteiro sem mudar de canal.

Sou a criança que assiste desenhos e quase chora – na verdade, eu choro – no final. Sou a pré adolescente que ainda acredita que Harry Potter nos ensina lindas lições de amizade e coragem.

Sou aquela que pende entre a inocência de acreditar que tudo na vida tem um lado bom – e que todos merecem a chance de provar que são dignos de qualquer tipo de afeto – e aquela que, cansada, as vezes desiste de lutar, as vezes chora, as vezes grita, as vezes manda tudo de f***r.

Sou a que não deixa calar um instinto, não esquece nunca do sexto sentido e que gasta até a última moeda e a última gota de energia pra fazer o que acredita e pra mimar quem admira. Sou a que coleciona amigos de longas datas que, mesmo distantes, nunca são esquecidos.

Sou a que, normalmente, se irrita, se dói, se doa. Sou a que conta os dias praquela cerveja gelada com as amigas, acompanhada por porções generosíssimas de risadas. Sou a que valoriza qualquer pessoa que, ao cruzar com alguém no corredor ou no estacionamento, diz bom dia. Sou a que segura a porta pesada do banco pra pessoa atrás de mim entrar também. Sou a menina que quer viver aventuras, mas também a velha que não quer nem saber de programa nenhum que implique em dormir depois das nove.

Sou a que se regozija com o volante e que anda esperando a hora certa de partir. Aquela que esta ficando cada vez mais surda, dado o volume nos fones de ouvido. Sou também a que, as vezes, coloca o fone no ouvido, mas esquece de por a música pra tocar. E fica puta porque a p*%$@ da música não toca.

Sou a que vive de sentimentos extremos. Raivas, medos, alegrias, amores. Tudo tão escorpiano, tão Jaqueline... Mas não aconteceu nada demais, não. Estou só sendo eu mesma.

Mas eu tento ser um pouco das pessoas que admito: aquela mulher forte, aquela destemida, aquela confiante, aquela que se ama e se valoriza; a que tem jogo de cintura, senso de justiça aguçado e uma honestidade irônica. 

Tento ser aquela feminista que, ao invés de gritos exagerados, prefere implantar em seu dia a dia as coisas em que acredita. Tento ser aquela cidadã responsável que  zela pelo que é de todos. Ou aquela que faz o bem sem olhar a quem.

Tento ser aquela que não sofre por antecipação ou por ciúme doentio. A que tenta ir pra academia - não estou tentando tanto assim - e evitar aquela coxinha suculenta. A que gostaria de passar mais tempo lendo, calada, que gostaria de gastar mais tempo consigo.

Sou a que reza baixinho quando as coisas extrapolam. A que chora por mil motivos diferentes. A que gostaria de fazer amizade na fila do pão, mas que está sempre mal humorada demais ou com pressa demais.

Sou a que ainda sonha com a França e a que ainda tem medo de montanhas russas. A que valoriza cada pessoa, cada livro, cada momento. Na hora, sou a que reclama e xinga. Mas depois, sou a que admite que, naquela situação, havia algo a ser aprendido ou ensinado.

Sou a que acha que as coisas acontecem como tem que acontecer. Sou a que tenta aprender com os erros e não sofrer com o que não é possível mudar. Sou aquela que envelhece todo dia 23. E que comemora todos os dias 4 e que conta os anos de amizade.

Sou a que não consegue aceitar elogios, mesmo que acredite que eles sejam verdadeiros (o que a gente faz quando alguém te elogia? Sorrir e dizer obrigada parece tão absurdamente difícil na prática...) A que sofre por não ter o reconhecimento ou apoio dos queridos. A que fica o tempo todo tentando se superar e provar o seu valor.

Sou a que quer dançar. Quer andar de avião. Quer conhecer o mundo. 


Sou tantas coisas ao mesmo tempo... E cada coisa pesa mais ou muda, dependendo de quem vê. Sou aquela que não sabe se explicar. Aquela que não faz ideia... 

Sou aquela que quer correr e não sai do lugar.  E, definitivamente - basta ler isso pra saber - sou aquela que não sabe mais como amnesiar.



Se sou essa ou aquela não sei, mas que fui essa garotinha charmosa aí da foto, ah, isso eu fui! hahaha 



Um comentário:

Celso Duarte disse...

Que bb mais linda *...*, e confusa né?! Meu Deus, vc é aquela que é mulher, mal sabe o q quer, porém, tem certeza que sabe. Parabéns, adorei a forma de se expressar, bobinha, parabéns, continue escrevendo mais, sinto falta dos seus textos!