Eu não sei que merda eu fiz, mas meu projeto Incorrespondências está em branco. Sumiu tudo. Cada linha, cada palavra sentida ou inventada. Eu fiz textos novos, salvei e estava tudo lá. E agora não está mais. Isso é o destino dizendo que essas cartas nunca serão mesmo entregues? É um sinal de burrice pura ou de que é melhor deixar pra lá essa história de escrever livros?... Ahhhhh!
quarta-feira, 30 de abril de 2014
segunda-feira, 28 de abril de 2014
decisões
Decidi comprar um carro, em mil parcelas, pra sempre. Decidi comprar um carro porque quero instalar nele um rádio e sair com meus óculos escuros, ouvindo deliciosas músicas brasileiras, rumo à qualquer lugar. Decidi comprar um carro pra poder de vez em quando sair de casa e dirigir no ritmo da música, com os olhos na estrada e nas árvores que correm ao meu redor sem saber pra onde ir ou ter hora pra voltar. Quero abrir os vidros e sentir o vento no meu rosto e conversar comigo mesma. E ao chegar ao meu destino, sentar em um café e ler Platão, Pessoa ou Leminski e ver o dia acabar com uma promessa gostosa. Quero ser minha melhor companhia. Quero me divertir comigo mesma. Me chamar pra sair e passar horas ouvindo o que tenho pra falar. Quero me apaixonar... por mim.
Também resolvi que quero estudar. Quero ler, aprender e tentar, ao menos tentar, fazer o que não tive coragem aos meus dezessete: ir. Ir e estudar o que eu quiser, onde eu quiser. Trabalhar, ralar, acordar cedo e lavar louça da semana pra poder ter onde beber água. Quero ter que lavar minhas próprias meias e suspirar de preguiça ao ter que fazer o almoço. Quero ter orgulho daquela coisa besta que chamam por aí de currículo e eu chamo de história. Que mania que a gente tem de ir tocando em frente, empurrando com a barriga, como se não tivéssemos controle sobre quem somos. Gente, bora ler Sartre, bora? Nós estamos condenados a liberdade. Somos os únicos responsáveis pelo nosso destino, pela nossa felicidade. Precisamos parar de ter medo de encarar os fatos: somos nós e a estrada. Ninguém pra nos dar a mão. Apenas nossos pés cansados e os ombros doloridos. E o horizonte.
Quero ver o MAM, a Galeria do Rock, a Liberdade. Quero ver Belém, Brasília e o por do sol na praia. Quero me rasgar inteira e sair. Me desprender, abrir as asas, voar. O mundo é grande, menina. O mundo é bom, Sebastião. E eu sou grande demais pra essa gaiola.
terça-feira, 1 de abril de 2014
Todo dia ela faz tudo sempre igual
Todo dia ela faz tudo sempre igual. Se sacode às seis horas da manhã, normalmente põe o celular no modo soneca e enrrola mais dez minutinhos. Aí levanta, vai no banheiro, volta pro quarto, troca de roupas, arruma a bolsa, checa se não está esquecendo de nada. Pega o celular, põe no bolso, vai pra cozinha. Vez ou outra calça o tênis na cozinha. Vai no banheiro, arruma o cabelo, volta pra cozinha. Pega meia caneca, daquelas de louça, de café recém passado, mas põe o adoçante antes do café, pra não ter que mexer com a colher. Escova os dentes, ultimamente deu de passar batom. Sai de casa com o pai e o irmão. Briga com o irmão pelo banco da frente do carro. Liga o rádio mesmo sabendo que é hora do intervalo e só está passando propagandas. Vai para o trabalho. Trabalha. Liga na mesma rádio todos os dias. Pensa nas mesmas pessoas. Sonha os mesmos sonhos. Come as mesmas coisas. Fala com as mesmas pessoas. E tem vontade de fazer tudo diferente.
Um dia, ela resolveu comprar um par de patins. Não, ela não sabe andar de patins, mas comprou mesmo assim (assim como comprou uma saia longa e vai ter que aprender a combinar com blusas).Caiu sete vezes na primeira vez que andou.
Outro dia, depois desse, foi na aula de tecido acrobático - sim, aquela coisa de circo que as pessoas escalam tecidos presos ao teto e fazem movimentos/manobras/doideras e trabalham a musculatura.
Depois, ainda, se inscreveu num curso online de Ciências Políticas, da USP. Sim, porque de graça até injeção na testa, não é? E viu algumas aulas e foi baixar as bibliografia recomendada. E começou a ler Sartre.
E Sartre diz que somos responsáveis por aquilo que somos. Que não há justificativas, nem desculpas, nem um Deus que define nosso destino, nem mesmo uma natureza humana em que podemos nos apoiar. Somos só nós, fazendo o nosso caminho, as nossas escolhas e nos definindo. E ele diz uma coisa linda: como não existem padrões e - na ausência de um Deus - regras ou definições de certo e errado, só temos a nossa escolha. Temos todo o caminho livre à nossa frente. E podemos escolher o que quisermos. Não existem possibilidades de julgamento, de críticas alheias quando, no fundo, tudo é possível e nada é recriminado. Podemos decidir ir ou ficar. E ninguém pode nos criticar, pois a escolha é nossa. Segundo Sartre, o existencialismo é a vertente mais otimista de todas, pois coloca nas nossas próprias mãos o nosso destino. Não precisamos, assim, nos render ao fado e nem torcer por uma misericórdia divina. Podemos, simplesmente, viver. Fazer nossas escolher e vive-las.
E eis que ficou pensando se está fazendo dela o que quer. Se está com as rédeas do próprio destino nas mãos.
E ela anda pensando muito nisso. E decidindo que caminhos tomar. Porque agora ela sabe: pode ir pra onde quiser.
Eu tenho o mundo.
Jaque.
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