Começar o dia com Beyoncé é sempre bom. Mas hoje (e ontem e antes de ontem..) estou encanada. Encanada com meu corpo, com as regras que impus pra mim, com a cobrança de perfeição (que, lembrem-se, vem de nós mesmos e não do mundo) e tudo mais. Continuo incomodada de ter que ser a filha perfeita, a jornalista perfeita, estudar bastante, ser bastante gentil e simpática e sorridente, guardar bastante dinheiro na poupança, lavar a louça do almoço, arrumar a cama, fazer um tcc digno, etc etc etc.
Mas, ao mesmo tempo, estou sentindo muita falta dos alongamentos dolorosos, de enrijecer os músculos puxando ferro. Sinto falta de andar de bicicleta. E estou incomodadíssima com meu cabelo curto, meus sisos empurrando meus dentes da frente, minha pele oleosa, minhas unhas fracas.
Vem cá, como aquelas garotas conseguem estar lindas e maquiadas o tempo todo, sempre de unhas impecáveis e magras? Aff.
O drama do momento (depois de ter carinhosamente pago vários reais pra fazer a sobrancelha) são meus dentes; SISOS MALDITOS QUE NÃO SERVEM PRA BOSTA NENHUMA ALÉM DE DOER, INFLAMAR E F*$%# OS OUTROS DENTES! Hunf. Enfim. Vou amanhã pra Itu resolver essa parada. Fazer a porcaria da radiografia, depois arrancar os quatro bonitinhos. E esse mês ainda, porque em mês de Oktoberfest analgésico vai passar longe desse corpinho.
Uma fortuna e meia depois, e... meu maior medo da vida... vou ter que colocar aparelho. Sim, o fixo. Sim, aquele que corta a boca e deixa a gente falando estranho. Sim. Nem lembro como a gente chamava as crianças de aparelho na escola. Lembro do fatídico quatro olhos - que eu fui depois desse época maldita de bullying. Sei que, ao fim das contas, sempre que penso nisso caio naquela: de aparelho e óculos? Meu irmão gritou ao fundo "anda carregando livros, bem NERD". Gente. Para. Eu quase sempre to "carregando livros igual nerd". Para o mundo que eu quero descer! E DAÍ??? Malditos estereótipos.
E o pior: por que ligamos pros malditos estereótipos? Quer dizer que não posso ser uma mulher incrível, uma namorada incrível, se usar aparelhos nos dentes e óculos?
Eu nunca vou ser aquela garota de unhas feitas e cabelos soltos, liso na raiz e cacheado nas pontas, num salto alto glamouroso, aquele tipo que se vestir saco de batatas faz o saco virar última moda. Eu nunca vou ser assim porque não tenho tempo pra isso. Porque estou ocupada rindo, tomando cerveja, andando de moto, vendo sites de compras (sim), dançando, tentando aprender o camelo, escolhendo a próxima viagem.
(E também porque estou no vermelho porque gastei todo meu dinheiro pra arrancar os sisos...)
Sei lá. De novo, volto ao post anterior: nos cobramos de coisas que, no fim das contas, nem queremos ser...
Já pararam pra pensar nisso? É você que não gosta da sua barriga ou você acha que é o seu namorado que não gosta? O cabelo curto te incomoda ou você acredita que vão te achar mais bonita de cabelos compridos? Você quer mesmo fazer administração ou, no fundo, queria fazer teatro, mas largou o sonho pra agradar seus pais...? Hum... pensem nisso, por favor, meus poucos leitores...
Hoje, EU estou incomodada com os meus dentes. E por isso vou passar anos gastando fortunas com eles. Eu estou incomodada com meus cabelos curtos, com minhas pernas flácidas, com minha pele oleosa,... Apesar das pessoas continuarem me elogiando por aí.
Ano que vem, GRAÇAS A DEUS, já terei terminado a faculdade. Aí sim, vou conseguir malhar, fazer jazz, dança do ventre, ballet, Yoga, musculação ou o que eu quiser. Não vejo a hora... Essa coisa de dançar só de sábado tá me matando. Essa coisa de ser tão crítica e correr tanto está me matando. Preciso diminuir o ritmo. Cozinhar mais, curtir mais o momento.
Sabe aquele momento em que você fecha os olhos pra sentir um perfume (seja do namorado, de uma flor, de alecrim e tomilho...): então, são de momentos assim, lentos, gostosos, sem pressa, que eu preciso. Todo dia.
Pelo menos pra eu me sentir melhor de aparelhos.
Aff. Já estou sofrendo com antecedência. Ninguém merece. Tenho pressa até pra isso.
Tchau!
Jaqueline Rosa.
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