"Ontem fiz aula de capoeira (de graça) pra ver se eu gostava. Realmente é muuuito tudo de bom! Mas dói muito a perna!! Sem falar nas bolhas que formam nos pés.... Mas fora isso é muito boom... ^^ Talvez eu comece pra valer, já que parei o Jump. O Fabrício (professor) falou que eu tenho jeito pra coisa... Vai saber, neh?"
(09 de setembbro de 2008)
Hoje é meu aniversário de capoeira. Dois anos. E ó que eu conheço uma galera que não botava fé nem que passasse dos dois ou três primeiros meses e - quem diria - ainda estou aqui.
Fico surpresa de não ter desistido - depois de tantos roxos, dores musculares, bolhas nos pés e a infinita ausência de qualquer tipo de incentivo familiar. Pois só eu sei o quanto é fácil pra mim mandar tudo às favas. Esquecer, abandonar, arrumar uma desculpa e ir embora. Pegar meu salto alto e ir sambar em outra gafieira.
Aprendi a tocar atabaque. Mal, bem mal, mas toco. HAHA. E agora consigo cantar ao mesmo tempo - mal também, porque Deus não pode dar tudo pra todo mundo, né.
Ganhei dores nos joelhos - agora o esquerdo também dói - no tornozelo, de vez em quando, nos pulsos - sempre. Os ombros fazem toc várias vezes, incansáveis, e a coluna chora depois de três ou quatro pontes. Constatação, não reclamação.
Ser capoeira é vencer os limites do próprio corpo - é ter a alma mais forte e a mente mais controlada que ele. É entender o movimento do companheiro, prever seus golpes, defender-se deles e contra-atacar. E fazer tudo isso de um jeito solto e bonito, que faça tudo parecer uma dança ou brincadeira. Graça, leveza, eficiencia - golpes certeiros e esquivas ágeis; e uns floreios pra enfeitar.
Ser capoeira é ser único - ninguém joga igual a ninguém. Podemos aprender os mesmos golpes e movimentos, treinar na mesma academia com o mesmo professor e ainda sim jogaremos de maneiras distintas. Porque pensamos diferente, sentimos diferente. Temos ações e reações diferentes. Somos uma combinação única de ossos, carne e sangue. O alongamento do nosso corpo, a força, a resistência, o modo com que a mão abre ou fecha durante a ginga e a respiração: cada detalhe nos faz ser singular. Ser capoeira é ser especial - valorizar suas potências e trabalhar as falhas, as dificuldades.
Foi-se o tempo em que uma dorzinha maledita no ombro ou pulsos latejando me faziam sentar, chorar e pedir colo. Fato. O caminho e árduo, longo mas infinitamente satisfatório. Cada roda, cheia de energia boa; cada amigo; cada música; cada movimento... é uma sensação inigualável de que posso ter o que quiser, sou livre, sou capoeira.
Sem falar no som do berimbau - que é quem nos chama e nos dá força pra jogar - que arrepia...
Beeijos, Jaqueline.
Fico surpresa de não ter desistido - depois de tantos roxos, dores musculares, bolhas nos pés e a infinita ausência de qualquer tipo de incentivo familiar. Pois só eu sei o quanto é fácil pra mim mandar tudo às favas. Esquecer, abandonar, arrumar uma desculpa e ir embora. Pegar meu salto alto e ir sambar em outra gafieira.
Mas ainda estou aqui. E acho que se não desisti até agora, não o farei mais. Se levo jeito pra coisa, como o Palmito (vulgo Fabrício) - ou seria o contrário? - disse na minha primeira aula, ou não, pouco importa. O que conta é que, do ano passado pra cá, melhorei muito. Muito, pouco - tudo muito relativo. Mas o que importa não é o tamanho dos passos, mas a caminhada em si. Importante mesmo é não se deixar abater pelas dificuldades e erros.
Nesses dois anos, nunca ouvi meia frase de apoio da minha família quanto à capoeira. Nunca, nem um "é isso ai", "vai lá sim", "bom treino". Quase chorei uma vez que meu digníssimo genitor se deu ao trabalho de andar 200m com a intenção de me ver jogar - mesmo que tenha chegado quando a roda já tinha acabado e o povo tava todo voltando pra Jundiaí. (Dizem que o que vale é a intenção, né?)
Esse ano, com a faculdade, treinando só aos sábados e puxando ferro durante a semana, a força aumentou, talvez a resistência muscular, mas as horas de sono reduzidas abalaram profundamente minha explosão. Cairam a velocidade, a vontade. Depois das férias, mais acostumada com o ritmo, voltei ao esquema de antes. Acho, sinceramente, ter melhorado no São Bento Grande - pernadas mais rápidas, equilibradas e alongadas.
Aprendi a tocar atabaque. Mal, bem mal, mas toco. HAHA. E agora consigo cantar ao mesmo tempo - mal também, porque Deus não pode dar tudo pra todo mundo, né.
Ganhei dores nos joelhos - agora o esquerdo também dói - no tornozelo, de vez em quando, nos pulsos - sempre. Os ombros fazem toc várias vezes, incansáveis, e a coluna chora depois de três ou quatro pontes. Constatação, não reclamação.
Ser capoeira é vencer os limites do próprio corpo - é ter a alma mais forte e a mente mais controlada que ele. É entender o movimento do companheiro, prever seus golpes, defender-se deles e contra-atacar. E fazer tudo isso de um jeito solto e bonito, que faça tudo parecer uma dança ou brincadeira. Graça, leveza, eficiencia - golpes certeiros e esquivas ágeis; e uns floreios pra enfeitar.
Ser capoeira é ser único - ninguém joga igual a ninguém. Podemos aprender os mesmos golpes e movimentos, treinar na mesma academia com o mesmo professor e ainda sim jogaremos de maneiras distintas. Porque pensamos diferente, sentimos diferente. Temos ações e reações diferentes. Somos uma combinação única de ossos, carne e sangue. O alongamento do nosso corpo, a força, a resistência, o modo com que a mão abre ou fecha durante a ginga e a respiração: cada detalhe nos faz ser singular. Ser capoeira é ser especial - valorizar suas potências e trabalhar as falhas, as dificuldades.
Foi-se o tempo em que uma dorzinha maledita no ombro ou pulsos latejando me faziam sentar, chorar e pedir colo. Fato. O caminho e árduo, longo mas infinitamente satisfatório. Cada roda, cheia de energia boa; cada amigo; cada música; cada movimento... é uma sensação inigualável de que posso ter o que quiser, sou livre, sou capoeira.
Sem falar no som do berimbau - que é quem nos chama e nos dá força pra jogar - que arrepia...
'Não foi só golpe, ginga e esquiva
que essa arte pôde me ensinar:
na capoeira aprendi a insistir,
a cantar, a ter fé, nunca desanimar.'
(Pra me convidar, Jaqueline Rosa -
4º lugar no 1º Campeonato de Música CECAB)
Beeijos, Jaqueline.
Nenhum comentário:
Postar um comentário