Acabei de ver uma daquelas campanhas sensacionais da Dove, sobre fortalecimento de auto estima, e apareceu escrito "nem sempre o que elas falam é tudo o que sentem". História da minha vida.
'Pra namorar com você o cara tem que ter três bolas', me disseram.
Eu ri, porque é bem verdade que eu não sou uma pessoa fácil. Daí senti que precisava escrever sobre o assunto...
Depois, fiquei sabendo que era um elogio, mas aí o texto já estava escrito e não se pode voltar atrás com a palavra dita...
Depois, fiquei sabendo que era um elogio, mas aí o texto já estava escrito e não se pode voltar atrás com a palavra dita...
Bom, eu poderia simplesmente dizer que sou escorpião com ascendente em capricórnio e lua em virgem e encerrar esse texto. Mas vamos lá falar um pouco sobre mim.
Eu não sou exatamente uma pessoa fácil e, por isso, tenho uma tendência desgastante (pra mim) de querer facilitar a vida da outra pessoa, como se isso fosse tornar a minha presença mais agradável (o que é uma bobagem sem tamanho, visto que eu sou uma pessoa agradável). Isso significa que, do café ao currículo, da faxina ao muro das lamentações, de levantar sua bola pra você ser mais positivo (mesmo eu sendo uma pessoa pessimista e mal tendo otimismo pra mim) a reorganizar a minha agenda louca pra estar com você, de divulgar o seu negócio pra sua vida financeira melhorar a pensar nos seus boletos que vencem hoje e você provavelmente esqueceu: eu faço tudo. E faço não porque você pediu, ao contrário: faço tão de coração que vou fazendo, vou ajudando, e quando vejo estou fazendo tudo pelo outro.
Até aí você deve estar pensando como isso deve ser delícia. Como deve ser perfeito ter alguém ao lado tão disposta a fazer tudo por você. Tenha calma, jovem. Não estou falando do seu lado da história.
Acontece que o pulo pro outro lado da fronteira é muito fácil de dar.
O primeiro pé, é bem rápido: eu faço tanto pela outra pessoa que espero ser retribuída na mesma moeda. E é aí que nasce a frustração - o segundo pé.
Sobre o primeiro: ser eficiente me faz ser insuportavelmente exigente. Por dentro eu fagulho, querendo mais. Mais olhar, mais atenção, mais tempo na sua agenda, mais organização, mais memória sobre as coisas importantes, mais demonstrações, mais abraços inesperados, mais animação, mais palavras escritas, mais. Mais você na minha casa, mais você nos meus shows, mais você nos meus planos. Por fora, um eu-blasé que jamais falará uma palavra enquanto suportar segurar, porque - lembram? - eu quero ser uma pessoa fácil de lidar. E sigo fazendo tudo. Cálculos, planos, balizas, contatos profissionais. Eu acordo mais cedo, durmo mais tarde, fico dias fora de casa com uma sacola de roupas, volto de viagem e vou correndo pra você. E não exijo nada. Não cobro nada. Fico em silêncio, pra não incomodar, não pesar, não doer, não afastar. Mas por dentro eu estou gritando...!
E eu não quero mais pouco
Eu forço a barra. Eu sou uma pessoa presente demais. Eu sou tudo ou tudo. Não sei deixar a pessoa quieta no canto dela e não sei ficar quieta no meu. E eu sou escorpiana né. Eu simplesmente sei quando você diz que está tudo bem, mas não está. E o simples fato de você não querer me falar, não ter me falado sem eu perguntar e insistir em não dividir o que está acontecendo quando perguntado acende luzes vermelhas e me faz desejar essa informação até o inferno. Afinal, tá escondendo o que? Hein? O que tá pegando que você não quer me falar? Então você não confia em mim pra te ajudar com os seus problemas? Então você tá me escanteando? Então eu só sirvo pra beijinhos e carinhos sem ter fim e na hora do vamo ver você fica aí carregando o mundo nas costas? Se eu não pergunto você não me fala né? Hein? É isso que é namorar pra você?!?!
(risos nervosos)
Quando você me conhece, me ouve reclamar da minha rotina, dos meus quatro empregos e do meu cansaço. De como tudo o que eu queria era dormir até meio dia ou passar o domingo de pijama. O que é verdade - até o capítulo dois. Me deixar por meses de pijama pode te custar caro. Chega uma hora que nem pentear o cabelo eu penteio mais. Não uso mais salto alto e viro parte dos móveis, igual aquela propaganda da OLX. Até que chega o momento em que eu simplesmente não aguento mais. E preciso sair. E de novo: pode deixar que eu dirijo e pago a conta. Não se preocupa não. Só vai comigo e fica feliz de estar comigo ouvindo uma música boa. Já tá ótimo pra mim!
E eu vou morrendo por dentro conforme a lista de coisas que eu faço com você e seus amigos vai ficando maior do que as coisas que você faz comigo e meus amigos - e essa diferença sempre cresce tão rápido e, quando eu vejo, só tenho os seus.
Sim, já aconteceu.
Eu sou prolixa. Falo demais, penso demais, sinto demais, pergunto demais. Sou um mar de perguntas desnecessárias, fui criada na filosofia. Sou medusa, petrifico com o olhar, ergo as sobrancelhas, julgo a roupa que você escolher pra sair comigo. Sou metódica, quero combinar tudo nos mínimos detalhes e tenho uma incapacidade enorme de trocar o planejamento pelo imprevisto. "Chegando lá a gente vê" é pedir por infarto.
Quero amar falando até a madrugada, conhecer todos os seus fantasmas, te reconhecer de longe, do avesso. E, mesmo assim, não sou tão simples assim de me deixar conhecer. Não vou te contar de cara qual foi a pior coisa que já fiz na vida e nem de qual mais me arrependo. Meus segredos você precisa conquistar... Mas quero os seus no primeiro encontro.
Coitado de quem se interessa pouco
Outra coisa é que, comigo, não é muito inteligente o esforço dos primeiros encontros - aquela coisa da arte da conquista sedutora - porque eu vou querer que você mantenha o nível. Eu sou da estabilidade. Gosto do que é conhecido, por isso sempre me meto em relacionamentos duráveis. Se você foi romântico, surpreendente, gentil e atencioso no primeiro encontro vou querer que assim seja até o fim. Não vem com essa de 'acabou a novidade' ou de 'já conquistei'. Eu sou mulher de ser conquistada todos os dias. Isso significa que é preferível que você me conquiste sendo mediano constantemente do que sendo incrível por duas semanas. Ao menos se você estiver preocupado com o meu sofrimento... Só seja você mesmo. Não faça joguinhos de sedução. Não me dê flores se você não for o tipo de cara que dá flores, porque quando você esquecer nosso aniversário de namoro ou qualquer coisa do tipo, eu vou sofrer em dobro, porque você me deu artifícios para criar expectativas. Altas.
Aqui caímos em um terreno minado. Jesus, que talento pra criar essa tal de expectativa. Pra fazer planos. Pra pensar em tudo com um tom de eternamente...
Enfim. Voltando...
Sei que estou tentando reconfigurar a minha programação mental pra aprender a dar um pouco menos das minhas vísceras e deixar que o dito cujo que se dispuser a estar comigo tome um pouco as rédeas da coisa - e conseguir relaxar, confiante de que ele sabe o que está fazendo.
Quero aprender a deixar que o outro cuide de mim também, mesmo que esse seja um aprendizado complicado pra mim. Aprender a confiar que o outro também pode resolver as coisas, que o outro pode ser responsável pelos nossos planos ou escolher o que vamos almoçar no domingo. Deixar que a pessoa no banco do passageiro coloque o halls na minha boca enquanto eu dirijo, pra não ter que soltar o volante ou tirar os olhos da estrada.
Tô tentando me desconstruir e abrir mão: do controle, das certezas, da ansiedade. Tô tentando não atropelar as coisas e nem fazer planos de pra sempre tão rápido (tô tentando há duas décadas e meia e falhando miseravelmente...). Tentando ficar sozinha no meu pra-sempre, pelo menos até ser inevitável ter companhia lá.
Tô tentando agir naturalmente. Tô tentando aprender com meus erros anteriores e deixar minha vida bem estruturada e o mais fortalecida e independente possível. Tô tentando não ter medo de ser insuficiente. Não ter medo de ser pouco...
Tentando não me cobrar tanto.
E - na boa - tentando cobrar mais de vocês.
Vai ter que rebolar muito pra por uma aliança no meu dedo, meu amigo.
(risos nervosos)
Quando você me conhece, me ouve reclamar da minha rotina, dos meus quatro empregos e do meu cansaço. De como tudo o que eu queria era dormir até meio dia ou passar o domingo de pijama. O que é verdade - até o capítulo dois. Me deixar por meses de pijama pode te custar caro. Chega uma hora que nem pentear o cabelo eu penteio mais. Não uso mais salto alto e viro parte dos móveis, igual aquela propaganda da OLX. Até que chega o momento em que eu simplesmente não aguento mais. E preciso sair. E de novo: pode deixar que eu dirijo e pago a conta. Não se preocupa não. Só vai comigo e fica feliz de estar comigo ouvindo uma música boa. Já tá ótimo pra mim!
E eu vou morrendo por dentro conforme a lista de coisas que eu faço com você e seus amigos vai ficando maior do que as coisas que você faz comigo e meus amigos - e essa diferença sempre cresce tão rápido e, quando eu vejo, só tenho os seus.
Sim, já aconteceu.
Eu sou prolixa. Falo demais, penso demais, sinto demais, pergunto demais. Sou um mar de perguntas desnecessárias, fui criada na filosofia. Sou medusa, petrifico com o olhar, ergo as sobrancelhas, julgo a roupa que você escolher pra sair comigo. Sou metódica, quero combinar tudo nos mínimos detalhes e tenho uma incapacidade enorme de trocar o planejamento pelo imprevisto. "Chegando lá a gente vê" é pedir por infarto.
Quero amar falando até a madrugada, conhecer todos os seus fantasmas, te reconhecer de longe, do avesso. E, mesmo assim, não sou tão simples assim de me deixar conhecer. Não vou te contar de cara qual foi a pior coisa que já fiz na vida e nem de qual mais me arrependo. Meus segredos você precisa conquistar... Mas quero os seus no primeiro encontro.
Coitado de quem se interessa pouco
Outra coisa é que, comigo, não é muito inteligente o esforço dos primeiros encontros - aquela coisa da arte da conquista sedutora - porque eu vou querer que você mantenha o nível. Eu sou da estabilidade. Gosto do que é conhecido, por isso sempre me meto em relacionamentos duráveis. Se você foi romântico, surpreendente, gentil e atencioso no primeiro encontro vou querer que assim seja até o fim. Não vem com essa de 'acabou a novidade' ou de 'já conquistei'. Eu sou mulher de ser conquistada todos os dias. Isso significa que é preferível que você me conquiste sendo mediano constantemente do que sendo incrível por duas semanas. Ao menos se você estiver preocupado com o meu sofrimento... Só seja você mesmo. Não faça joguinhos de sedução. Não me dê flores se você não for o tipo de cara que dá flores, porque quando você esquecer nosso aniversário de namoro ou qualquer coisa do tipo, eu vou sofrer em dobro, porque você me deu artifícios para criar expectativas. Altas.
Aqui caímos em um terreno minado. Jesus, que talento pra criar essa tal de expectativa. Pra fazer planos. Pra pensar em tudo com um tom de eternamente...
Enfim. Voltando...
Sei que estou tentando reconfigurar a minha programação mental pra aprender a dar um pouco menos das minhas vísceras e deixar que o dito cujo que se dispuser a estar comigo tome um pouco as rédeas da coisa - e conseguir relaxar, confiante de que ele sabe o que está fazendo.
Quero aprender a deixar que o outro cuide de mim também, mesmo que esse seja um aprendizado complicado pra mim. Aprender a confiar que o outro também pode resolver as coisas, que o outro pode ser responsável pelos nossos planos ou escolher o que vamos almoçar no domingo. Deixar que a pessoa no banco do passageiro coloque o halls na minha boca enquanto eu dirijo, pra não ter que soltar o volante ou tirar os olhos da estrada.
Tô tentando me desconstruir e abrir mão: do controle, das certezas, da ansiedade. Tô tentando não atropelar as coisas e nem fazer planos de pra sempre tão rápido (tô tentando há duas décadas e meia e falhando miseravelmente...). Tentando ficar sozinha no meu pra-sempre, pelo menos até ser inevitável ter companhia lá.
Tô tentando agir naturalmente. Tô tentando aprender com meus erros anteriores e deixar minha vida bem estruturada e o mais fortalecida e independente possível. Tô tentando não ter medo de ser insuficiente. Não ter medo de ser pouco...
Tentando não me cobrar tanto.
E - na boa - tentando cobrar mais de vocês.
Vai ter que rebolar muito pra por uma aliança no meu dedo, meu amigo.
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