terça-feira, 28 de agosto de 2018

triste, louca ou má será qualificada

"Então pra você bancar uma quebra de padrão (...) tem que ter coragem, hein. Porque é muita gente em volta que não tá querendo bancar isso. Porque quando você fica em paz com uma coisa que você sabe que pode ficar em paz, mas que todo o resto do mundo não sabe... tem que ter coragem pra bancar. Tem que estar muito plena. Porque a galera tenta te desestabilizar. As pessoas querem te ajudar te atrapalhando. É muito complexo..."
(Jout Jout)


Estou aqui pensando em como começar esse texto, com tanta, tanta coisa na cabeça... Não sei muito bem por onde começar, sei que quero eternizar a frase acima, que eu mesma transcrevi de um vídeo, com seu contexto... 


Há um ano atrás, dei um importante passo na minha vida. E a noite que deveria ser de comemoração, virou um mar de lágrimas e gritos (meus), desrespeito e álcool (de outros). O padrão totalmente desenhado, tudo certinho, planejado. Quem olhava de fora, me via vivendo uma promessa de felicidade eterna. Eu, no entanto, via tudo ruir pouco a pouco ao meu redor. 

Eu fiz ser fácil para as pessoas imaginarem o quanto a minha vida devia ser perfeita. O quão cercada de amor, respeito, leveza e alegria eu era. Fui, até certo ponto. Fui, até deixar de ser. Mentia pras pessoas, porque precisava mentir pra mim também, porque quebrar esse padrão era - naquele momento - muito difícil pra mim. Sorria por fora enquanto por dentro via acabar toda a minha sanidade. Meses depois, desatinei, rompi os nós declarando guerra contra tudo o que cerceava minha energia vital. Julgaram-me louca.


Corta pra 2018. 

Finalmente as coisas pareciam estar sendo construídas sobre a rocha. Me sentia tão bem como nunca! Era alegria de viver vinte e quatro horas por dia. Apaixonada por cada detalhe... Encantada até mesmo com os defeitos. Eram muitas as fortalezas pra que eu não considerasse lidar com um único fator com potencial enfraquecedor. Logo eu, que demorei tanto pra desistir, mesmo com todos os alarmes apitando de que o prédio ia desmoronar, ia desistir de um lindo e forte castelo, que estava sendo construído, com tanta verdade?

Acontece que o que é, de novo, a gente só enxerga de dentro. Por fora, as pessoas insistem em ver teimosia, ruindade. Veem problema, empecilho, separação. Olhando daqui vejo a inocência que fez essa quebra de padrão nascer. Vejo a bondade e a empatia que vejo em quase ninguém. Vejo a maturidade e a sanidade irem se fortalecendo aos poucos. Vejo o tamanho da coragem de bancar isso...

A verdade, principalmente nesse caso, eu é que sei. Sei quais são os motivos que me mantém exatamente aqui. Sei cada um dos motivos que eu teria pra ir embora, mas também sei das perguntas que fiz e das respostas que obtive. Sei dos meus braços livres, que não prendem nada nem ninguém. E sei também do que eu ofereço: colo, apoio, honestidade, carinho, amor, força. Sei quem eu sou, sei o que estou fazendo, sei do amor que invisto em cada decisão que tomo e o quanto de mim eu doo a cada escolha. Onde você investe seu amor, você investe a sua vida, não é mesmo? Mas julgam-me má. 


As coisas acontecem como tem que acontecer. Deus dá os fardos conforme os ombros. Decida o que você quer, aceite as regras e trabalhe duro... Muitas são as frases de efeito que me fizeram, por meses, querer socar a cara de quem as diz (eu)... Nesse momento, no entanto, apesar de estar no meio de uma tensão pré menstrual, me sinto em paz. Não feliz da vida, nem soltando fogos. Só em paz por viver a minha verdade. Isso não significa ausência de incômodos ou tristezas daqui pra frente, simplesmente porque não é possível. Paz eterna, a gente só conquista morrendo - e esse não é bem um passo que eu estou querendo adiantar. 

Por causa do caminho que trilharei, pelas futuras ausências e silêncios e até mesmo momentos de solidão, que certamente virão, aposto (pois já estive no lugar de quem vê de fora e acha que sabe o que se passa com o outro) que me julgarão triste. 

Triste, louca ou má? Talvez eu seja um pouco de cada, mas com certeza não sou exclusivamente nenhuma delas. No entanto, se me classificar assim te ajuda a dormir a noite, tá tudo bem. De verdade... Não me machucará mais ou menos. Porque eu finalmente entendi uma coisa que há muito meu terapeuta vem me dizendo: eu não preciso ocupar todo espaço em que me colocam. Não preciso morar em nenhuma verdade que não seja a minha.




Eu sou o meu próprio lar. 

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

eu quero estar cercado

Não me interessa ter inimigos. Não me interessa criar, da maneira que for, nenhum tipo de inimizade, constrangimento ou dor a ninguém - inclusive eu. Não saio da cama com a pretensão de invadir nada, de impor nada, de exigir nada, de magoar ninguém. Não penteio meus cabelos pela manhã planejando como atazanar a vida de pessoa alguma. Não me interessa guardar rancor, nem raiva, nem ranço.

A mim, não interessa mais entrar em longas discussões. Há uns dez anos atrás, dava um boi para entrar numa briga e uma boiada para não sair dela. Mas eu era só uma estudante, não é mesmo? Hoje, com quatro empregos que me exigem mente e corpo equilibrados, sequer tempo eu tenho pra longos debates. Quem dirá disposição.

A minha limitada energia não dá conta. Ou eu brigo, ou eu danço. Ou eu discuto política, ou eu escrevo sobre a Santa Casa. Ou eu tenho tempo para editar fotos ou fico disputando espaço. Ou eu descanso, ou fico brincando de polícia e ladrão. Sai fora...

A coisa mais preciosa que temos é nosso tempo. O preço das coisas está em quanta vida você dá em troca. E como não sabemos se daqui dez minutos não cairemos duros no chão, é conveniente não ficar perdendo tempo com picuinhas. Né.

A mim, interessa a paz. Interessa a calma. Interessa todo mundo convivendo em harmonia, cada um cuidando da sua vida e hidratando o próprio cabelo. Mas também interessa que as pessoas contem umas com as outras. Interessa que se falem, que confiem, que peçam ajuda. A mim, interessa ter pra onde voltar. Um lugar tranquilo pra chamar de lar. Me interessa ter saúde e energia pra fazer o que me faz feliz - e são tantas essas coisas. Me interessa a proatividade.

Eu sou uma artista. Sou uma pessoa flexível. Sou uma pessoa compreensiva. Existem poucas coisas que eu não admito nessa vida. Me faz um café, me explica a questão e dificilmente eu não vou calçar seus sapatos e procurar entender. Eu sou uma fazedora. Sou boa em fazer as coisas funcionarem. Sou uma analista: com todos os detalhes, sou capaz de traçar belos planos e fazer a coisa toda dar certo. Me treinei a vida toda em literatura: sou boa em enxergar os detalhes das entrelinhas que muita gente não vê. 

Me interessa que confiem em mim. Por isso, confio nos outros - apesar do risco envolvido. Me interessa que acreditem em mim. Então, acredito nos outros. Não importa que de vez em quando eu me engane com alguém: não deixarei de conceder o benefício da dúvida aos outros, por conta disso. 

Me interessa a reciprocidade: ainda assim, eu teimo em ser honesta comigo e fazer o que acho que tem que ser feito, mesmo quando não recebo na mesma quantia. A mim, interessa a coragem. Interessa a decência. Interessa a verdade. Passei do tempo de viver em fantasia e projeções. A mim, interessa o real. Mesmo que seja ruim. Mesmo que doa. 

A mim, interessa a aventura. Mesmo que ela venha em forma de turbulência no voo Rio Branco-Porto Velho. Porque depois que passa, me interessa rir. Me interessa guardar as boas recordações...

Sou estranha, meio mal humorada e intensa (e nem é da Dolce Gusto...).
Tudo pra mim queima e arde e explode e brilha e faísca.

Chato, um pouco cansativo, mas essa sou eu. Meio pancada da cabeça. Uma artista-racional, mas isso é culpa da minha lua em virgem... Quem se atrever a me olhar com carinho vai ver que eu sou uma pessoa do bem...






Acredite.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

só você é você

Se você não para de pensar em uma coisa: decida-se.
Mas se você já se decidiu, não pense mais nela.

Não importa o que os outros acham. Se você tem um sonho, se você tem um amor, se você tem algo que faz o seu coração vibrar: siga em frente. Não importa o que vão dizer. No fim, é só você quem sabe da história toda, dos dias de luta a que precisou sobreviver pra viver esse dia de glória.

Não importa se os outros acham que você é louco. Louco você seria se não insistisse, se sequer tentasse, indo contra seu coração e sua própria natureza. Não importa que as pessoas não entendam, apenas não esqueça do que te fez escolher esse caminho. De como foi difícil sair da inércia, acelerar, mudar. E agora, quando olhar pra trás, repare em quantos problemas gigantescos você tirou de letra, apesar de muitos te dizerem o contrário.

Não importa se te disserem que você não vai dar conta. Se você quer, apenas continue. Se não der conta, pelo menos estará certo de que fez o que pode. E se der, saberá que pode muito mais.

Dane-se quem pensa que você é fraco. Que é pequeno. Que não consegue. Dane-se quem acha que todo seu esforço é vão e que não vale a pena correr atrás do que se quer. Dane-se os que tem preguiça pra correr atrás dos próprios sonhos mas não para praguejar os sonhos dos outros.

Coloque o mundo no mudo e ouça a única pessoa que importa, nesse caso. A pessoa que irá conviver para sempre com um fardo de arrependimento se desistir: você mesmo.

Decida o que você quer.
Aceite as regras.
Trabalhe duro.


O mantra eh simples, mas eficaz. Fazer a coisa certa pelo motivo certo.

Sempre. Pra sempre.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

seis meses mágicos


Guilherme... Ah, Guilherme! Até agora não sei o que veio primeiro, se foi a admiração ou o amor. Mas acho que, primeiro, admirei sua sinceridade. Sua coragem. Suas cicatrizes. Eu, que sempre escondo do mundo todas as minhas dores, vi você se abrindo para uma pessoa no segundo encontro como não vi ninguém se abrir, mesmo em anos. 

Naquele momento, em que você me contou sua história eu me senti acolhida. Me senti autorizada a ser eu e aquilo abraçou minh'alma de um jeito que nunca vou esquecer. Você me ensina tanto... a desfazer meus preconceitos. A ouvir com o coração, pra entender, não pra responder. Você me ensinou que, mesmo o mundo estando cheio de gente que não está disposta a ouvir, a entender, a aceitar... você está. Você me faz sentir tão segura... Tão... realizada! Que só tenho a agradecer.

Obrigada, Gui!! Obrigada pelas risadas de doer a barriga, por me segurar tão firme entre seus braços e pelo jeito com que você desliza as mãos pelas minhas costas. Obrigada por estar comigo na minha casa. Obrigada por me ouvir e rir da minha tpm, mesmo que na hora eu não goste muito. Obrigada por esfregar minhas costas no banho e deixar eu esfregar as suas. Obrigada por me beijar quente e calmo. 

Obrigada pelos cafés e encontros de terça-feira. Obrigada por me levar para Primeiro de Maio. Obrigada por ter paciência com as minhas ansiedades. Obrigada por ser tão você!! 

Obrigada por ter parado de fumar e buscar ser sempre melhor: você me inspira tanto!! Eu olho pra você e quero ser melhor. Obrigada por trabalhar com o que você ama. Obrigada por confiar que esse é o caminho, mesmo tendo outros lugares que pagam melhor. Isso me permite, me autoriza, me incentiva a fazer o mesmo. Obrigada por ser responsável, por ser tão divertido. Obrigada pelo aconchego. Por me escolher. 

Obrigada, obrigada, mil vezes obrigada por ter concordado em vir me ver naquela terça de carnaval, seis meses atrás.

Obrigada por me emprestar sua blusa, naquele dia frio. E obrigada por ter me deixado te buscar em casa na quinta. Obrigada (obrigada, obrigada, obrigada) pela belíssima rosa vermelha. Obrigada pelos áudios no WhatsApp e pelos vídeos cantando. Obrigada por ser o marido com que eu venho sonhando. Obrigada por ser o pai que eu quero pros meus filhos. 

Obrigada por me condenar a ser feliz! Obrigada por aceitar fazer parte disso!! 

Obrigada por fazer um simples show no Sesc ser tão importante. Obrigada por me visualizar professora de dança, antes mesmo do que eu. Obrigada pelo Rodrigo Alarcon, pela Vanessa da Mata, pela Liniker. Obrigada por cada foto, cada aplauso e cada sorriso no final de cada dança. Obrigada por todos os domingos de faxina. Por cada strogonoff. Por estralar minhas costas e dançar reggae.

Obrigada por ser tão musicalmente perfeito. 

Obrigada por tocar violão. Obrigada por ser tão sabido e competente. Obrigada pela manha. Pelo charme. Por seus olhos brilharem quando me veem chegar de viagem. Obrigada... Por me provar que você existe. Que a gente existe! Que é possível, é de verdade, é nosso!

Obrigada por ser meu noivo. Por ser tão carinhoso, por me amar tanto e por deixar que eu te ame tanto - exageradamente, como é do meu feitio. Com foto, fala e textão. Obrigada pelo respeito que você tem comigo. 


Obrigada por não ser um zé ruela! hahaha
Obrigada por ser o homem da minha vida!! 

Obrigada!! Obrigada!! Obrigada!!

Obrigada, Deus. Obrigada, Tinder!
Obrigada, Gui!




NEOQUEAV.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

cabô que agora eu gosto de couve

É, terráqueos...
Se esse dia ainda não chegou pra você, certamente vai chegar. 
O dia em que você percebe que tem uma porrada de gostos iguais aos da sua mãe.
Você percebe que o tempo passou pra você.

Que você também xinga quando tropeça num tênis no meio do quarto. 
Que você também separa o lixo reciclável e agora se sente mal com o que sobra na bandeja depois de um big mc com batata grande e coca - e que as vezes escolhe comer por kilo, só pra poder empanturrar o prato de salada.
Aquele dia...
O dia em que você se pega fotografando orquídeas. 
Ou reclamando que as pessoas não saem do celular.
Ou falando que a sobremesa se come depois do jantar.
Ou pior: comendo fruta de sobremesa.

Você acorda e está cheia de manias da sua mãe. Ou do seu pai. Ou daquele chefe.
Enfim: de gente mais velha.

Chega um dia que você simplesmente se pega falando pra alguém que café bom é sem açúcar. 
Ou pior: coando seu próprio café unitário no coadorzinho de pano, acertando perfeitamente a quantidade de pó  (e não mais numa experiência maluca com cara de feira de ciências, que te obriga a fazer caretas bebendo tinta preta ou água suja ao invés de café).
É esse o dia em que você se descobre uma prevenida. Uma pessoa que tem sempre uma blusa de frio ou um guarda chuva no carro. Que vê a previsão do tempo antes de fazer as malas.
Alguém que pensa em creme de espinafre e panqueca de abobrinha.
E que em breve, muito provavelmente, estará chorando com Augusto Cury.
Alguém que tem botas (e talvez peças de roupas) marrons (!!!) e que pesquisa sobre cremes antiidade.

Alguém que almeja uma horta, usa colares de pedra e não faz ideia do que significam diversas palavras que os adolescentes usam.
Alguém que tem uma planilha de gerenciamento do próprio dinheiro.
Uma conta numa corretora de valores.
Alguém que declara o Imposto de Renda contratando um escritório de contabilidade.
Alguém que, do nada, resolveu que adora couve refogada, sabe.
E temperos naturais, em detrimento do Sazon.
E suculentas e sol da manhã.
E casa limpa e gavetas arrumadas e toalhas secas.

Cabô que agora, vira e mexe eu penso em comer menos carne.
Em beber menos e falar menos palavrão.
De repente começar a meditar...

De repente, não mais que de repente, eu prefiro doce de abóbora a bolo de chocolate.
E sucos naturais ao invés de refrigerantes.
E água saborizada não é coisa de outro mundo.
E você tem suas próprias receitas preferidas - e, claro, as cozinha com tranquilidade.

De repente, você é uma pessoa que não vê televisão.
Uma pessoa que não conhece os carinhas do stand-up.
E a ida à Disney fica cada vez mais no fim da lista.
(E nem é só uma questão de ser adulto, porque Las Vegas vem ainda depois!!)


O dia em que você percebe que está quase sempre cansado e o sofá é seu novo melhor amigo: ele chega. O dia em que não te passa mais pela cabeça se auto proclamar jovem.

Você finalmente se tornou quem você mais desejava e, claro, quem você mais temia.




Você é um maldito adulto.
Com boletos, louça suja, bigode chinês, dor nas costas.
Um adulto, cara. Eternamente condenado a descongelar a carne se quiser comer.





Bem vindo.

transtorno

Será que ela apenas potencializa quem nós já somos? Ou será que ela nos transforma, libera coisas que talvez até já estivessem ali, mas as quais nunca tenhamos prestado atenção ou deixado acontecer?

Quem costuma segurar o choro durante todo o tempo: com ela, costuma chorar?
E quem costuma engolir todos os sapos e aceitar calada todos os desaforos, de repente passa a bradar com os outros?
Os inseguros mascarados deixam aparecer todos os seus medos bobos, em palavras ou lágrimas?

Eu fico com ela, como um homem que dá de cara com um urso cego.
Imóvel. Tentando não existir enquanto ela não vai embora. Tentando não fazer nenhum barulho que atraia a atenção do urso. 

Claro que eu nunca fui boa de brincar de estátua. Mas eu tento.

Tento minimizar toda a avalanche dizendo pra mim que logo ela passa. E passa, eu sei. Mas só quem é atropelado por ela frequentemente pode ser capaz de explicar como é ser soterrado. A sensação de não ter controle do que acontece consigo... A sensação vulcânica de que tudo irá por água abaixo. Somada à ansiedade, que já é da família, ela faz com que tudo pareça insuficiente. Dentro dela, tudo são excessos. Comparado à eles, claramente, tudo que está fora só pode parecer pequeno. Mas as coisas são como são e o que mudou, no fim, foi só a perspectiva, que acaba voltando ao normal em uns dias. 

Quando ela vai embora, é como um vulcão que para de cuspir fogo. É como um suspiro aliviado de pulmões gigantes. O peso das costas diminui. O coração volta a caber dentro da caixa torácica, as coisas de dentro vão ficando menores e as de fora crescem. E, imediatamente, parece que nossa energia vital começa a se restabelecer. 

Não é à toa que lhe chamam de tensão. Eu, hoje, a chamo transtorno. Incômodo. Contratempo. 

Quando ela se vai, toda a tensão é sentida pelo corpo. Doem as pernas, os ombros, as costas, a cabeça, o ventre. É como se, ao ver o urso indo embora, a mente voltasse aos poucos o foco ao corpo e sentisse finalmente todas picadas de inseto, a dor no trapézio, a dor de barriga, o frio cortando a pele. 

A dor emocional dá lugar à dor física, que - felizmente - também passa.

E há, ainda, quem diga que ela não existe. Que é desculpa, conversa fiada - mas era de se esperar que um país que desmerece investimentos em ciência acabe por desconfiar de coisas comprovadas em teoria e prática. Também é de se esperar que ela assuste quem com ela não convive. Assusta até a mim.

Mas, acredito: aos poucos aprenderemos a conviver. Afinal, calei-a por meia década ou mais. Ela demorou pra ser ela mesma, aprender a falar. E agora, estou no processo de aprender a lidar com ela. É dificil, mas é melhor assim.

Até a próxima, querida. Nos vemos no fim do mês.