quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

amálgama

     amálgama


substantivo de dois gêneros

1. quím liga metálica que contém mercúrio.

2. miner liga de prata e mercúrio, cristalizada no sistema cúbico, por vezes encontrada nas jazidas de cinabrita.

3. fig. mistura de elementos diferentes ou heterogêneos que formam um todo.

Origem

⊙ ETIM pelo lat. dos alquimistas amalgama, este prov. do ár. al-madjmaHa 'fusão'



De que mistura você é feito? 

Eu sou feita de mal humor matutino e palhaçada na hora do almoço.
Tenho pitadas dos livros que eu fingi que li, mas parei na metade. E carrego em algum lugar um sutil perfume das lascas cítricas dos livros que li, mas não me lembro. 
Sou feita de textos hipocondríacos adolescentes, cartas em formato de coração, desenhos e declarações de amor eterno. De agendas com frases filosóficas. De Grécia e Raul Seixas.
Sou feita da guerra do Kossovo. 
Sou feita de beijos sob o céu azul, sentada na grama ou em frente ao hotel.
Confeitada de músicas que eu escuto todo dia e que me adoçam e complementam como açúcar e canela em volta do bolinho de chuva. Tem uma parte de mim que é feita de poesia. Pessoa. Florbela. Clarice. Cecília. 
Sou feita de odiar cebola mas gostar de cebola. Sou feita das minhas contradições. Das minhas mudanças de ideia.
Da minha auto estima de dar inveja e da minha mágoa quando não falam comigo.
Sou feita de planilhas, listas, calendários.
Sou feita de suco de maracujá, cerveja de milho e hambúrguer gourmet. 
Sou feita de cada receita que aprendi a cozinhar. Sou feita de panquecas e creme de milho.
Sou feita de areia. 
Sou feita de cabelos caídos pelo chão e preguiça de falar com estranhos.
Sou adornada pela convicção de sorrir pra desconhecidos e de dar chances para as pessoas.
Sou feita de política e leis.
Sou feita de moedas separadas para pedintes no semáforo.
Sou feita de café expresso sem açúcar e de observar pessoas.
De intensidade, eletricidade, choque, potência.

Sou criatividade.
Sou vontade zero de transpirar sem inspiração.
Uma parte de mim é feita da dor de não ter mudado o mundo. Outra parte, feita das pequenas alegrias da vida. Sou feita do orgulho de ter o respeito de algumas pessoas inteligentes, o carinho de algumas crianças.

Sou feita de convicções.
Sou feita de família que nem sempre eu entendo e pra quem, nem sempre, me explico.
Minhas mãos são feitas de ansiedade. Meus dedos, de juntas desgastadas. Meus pés, de veias saltadas. Minha virilha, de alongamento.

Sou feita de dança. Sou feita de movimento. Sou feita, aos poucos, por cada professora que passou por mim.
Sou feita de bilhetes no meio da aula. De amigos que se foram. De amores que acabaram e nem sei porquê.
Sou feita de admirar. A natureza. As pessoas. Suas bocas. Suas palavras.

Na mistura vão as opiniões sobre tudo e o silêncio e atenção que me fazem ouvir.
Mas o ingrediente principal, em mim, são as pessoas.

Cada pessoa com a qual interagimos, deixa em nós um pouco ou muito de si. É impossível não absorver o doce ou o amargo de uma pessoa em nossa própria receita. Porque estamos em constante mudança. Em constante construção.

As pessoas que você amou. Que você defendeu. Que você deixou para trás. As brigas em que se meteu. As conversas inspiradoras que teve. As companhias. Os estranhos com quem se divertiu. Os taxistas. Atendentes de telemarketing e chefes. Seus pais. Os parentes que você não suporta. Professores. Bons e ruins. O dono da banca de jornal. Aquele homem que virou seu amigo na fila do correio. Seu primeiro cliente. Seu melhor amigo. O melhor amigo do seu amor. Seus vizinhos. E até mesmo aquelas que você não sabe definir bem o que são pra você. Quem você decepcionou. Quem magoou você. Seu terapeuta. Sua ginecologista. Cada pessoa que te indicou um livro. Cada uma que te escreveu um cartão de Natal. Cada uma que te aplaudiu no fim da sua dança. Seus afilhados. Seus padrinhos. Aqueles que já morreram. Aqueles que você adotou em segredo, desejando que fossem seus avós. As crianças da sua rua. A família do outro, que você queria pra você. O tio emprestado, os amigos em comum...

Muitas vezes, esses temperos são colocados por outros em nós. Mas é possível que escolhamos de quais pessoas nos aproximar. Com quais amigos vamos conversar. Que estranhos vamos olhar nos olhos. Quem vamos visitar numa quarta-feira qualquer, pelo simples prazer de estarmos juntos. 

Podemos, da mesma maneira, deixar ir. Nos libertar, em determinado momento, do que, do outro, não faz mais sentido em nós. Acho que é o que chamam de perdão. Ou maturidade. Entender que só é nosso o que a gente aceita, não tudo o que nos dão.

Somos amálgama de tudo o que vivemos e de todos que nos tocaram.
Somos amálgama do que jogaram em nós e dos ingredientes que selecionamos - cheirando e provando seu sabor...
As vezes, certos de que é daquilo que a receita precisa para ficar boa...







Noutras, apenas torcendo pra ficar comestível. 

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

me condenso nas palavras





As pessoas vivem me dizendo que eu não paro. Me perguntando como eu aguento, como dou conta. Apontando, surpresos, minha multiplicidade. A resposta pra todos esses anseios é simples. Eu faço o que preenche meu coração de alegria. Eu escrevo, leio, tiro fotos, danço. Minha transpiração vem da minha inspiração. Eu faço aquilo que sinto correr nas veias. Aquilo que me faz ser quem eu sou. E tenho vivido isso da forma mais "Jaqueline" possível: intensamente. Cada sonho, cada objetivo, cada desafio, vêm carregado de entusiasmo, de brilho nos olhos, de felicidade. O ócio é importante. Necessário, até. Mas é no agito que eu me acho. Nas conversas, que eu me compartilho. Nas danças, que eu sinto. Nos textos, que eu me condenso...

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

'what doesn't kill you makes you stronger' ou 'novelo de lã'



Você já tentou desembramar um novelo de lã? 

Quanto maior a bagunça, maior tem que ser a determinação e a paciência para encontrar o caminho de desfazê-la.

Tem um momento (quando a coisa está tão feia, tão bagunçada, que da vontade de desistir) em que você precisa respirar fundo (você até fala uns palavrões e tal). Precisa ter muita vontade de resolver aquilo. Você acha que não vai mais dar certo, mas continua tentando e aí, quando parece que nada mais vai se resolver, você enxerga o fio da meada passando por dentro de um outro, onde todo o nó começa. E pacientemente, calmamente, você - alegre com a descoberta da solução - vai lá e desfaz o problema.

Você se sente tão feliz e satisfeito por ter resolvido o problema, que nem lembra mais do problema em si e fica só com a alegria de estar tudo bem... E a paz reina novamente. E mesmo você sabendo que o novelo pode ter nós futuros, você se regozija com o sossego de um fio sendo enrolado direitinho, ao redor dos seus dedos, sem nenhuma intempérie.




Ou então você simplesmente percebe que aquela merda não tem solução e mete a tesoura nesse caralho e fala "ah, que se foda esse tricô, não tenho paciência pra essas merdas."





Escorpiana, né, mores. 


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

só pense naquilo que quer que aconteça

prepara, que esse texto tá cheio de frases motivacionais

Você tem que falar sobre o que você ama. Você tem que falar sobre o que você ama pra trazer o que você ama pra sua vida. Pra se tornar realidade. O pensamento atrai, cria, transforma. Toda ação começa com um pensamento, diz meu amigo Renato Dantas, porque o pensamento gera uma emoção (ou a emoção gera um pensamento: eu acredito nos dois caminhos) e essa emoção vai fazer nascer em você um sentimento, que vai motivar um desejo, que fará você tomar uma atitude, que acarretará num resultado. É daí que vem a teoria da gratidão. Quanto mais grato, mais você recebe. Porque sua cabeça - e, portanto, suas ações - estão em celebrar, viver, agradecer, aproveitar. E quanto mais você calibra seu olhar para ver as coisas boas, mais coisas boas você vê.

Quando você sorri pra vida, você acaba vivendo uma vida pela qual vale a pena sorrir. 

Ontem suspirei: 'Que loucura!' Já parou pra pensar que louco é um sonho de infância se tornar realidade? Nada contra os sonhos de adulto. Não é isso. Mas os sonhos de infância carregam consigo uma magia. Um mistério feito de pó de fada, pois eles são, em sua maioria, simples em sua definição, bastante claros, e sem nenhum 'mas'. Não tem 'se eu puder', 'se desse certo', 'se não fossem os boletos'. Os sonhos de infância são diretos como uma escorpiana-analista: 'eu quero ser isso'.  Ponto. Fim. Mais alguma pergunta?

Astronauta. Bombeiro. Bailarina. Quem não carregou consigo sonhos como esses? As vezes, a gente esquece deles. Vai ser advogado, matemático, atendente de telemarketing. As vezes, os sonhos deixam de fazer sentido, porque crescemos. E aí, sonhamos novas coisas. Mas... Muitas vezes o sonho está lá, adormecido, descansando, esperando a hora dele, como uma flor que desabrocha ou uma lagarta que sai do casulo, borboleta. E então, nosso sonho passa a ser real.

No coração, sinto que uma flor desabrochou. Nasceu o primeiro maracujá do pé plantado há pouco mais de um ano no quintal. Brotou a primeira flor do pessegueiro, terminaram de cair as folhas do ipê amarelo, deixando uma nuvem de flores nos galhos. 

Só pense naquilo que você quer que aconteça - em momentos diferentes, pessoas diferentes fizeram essa mensagem chegar até mim. Hoje, nada faz mais sentido. Pense só no que você quer. Não pense no custo, no que pode dar errado, nas horas sem dormir, no recalque, no mal olhado. Pense no que você quer pra você. E deixe isso te preencher de determinação, de paz, de alegria, do que for. Porque quando a gente decide o que quer (e aceita as regras e trabalha duro, fazendo nossa parte) o Universo responde colocando as pessoas certas no nosso caminho, nos deixando prontos, na hora certa, no lugar certo. Aceite isso. As coisas que são suas, dão um jeito de chegar até você. ESCOLHA quais são as suas coisas. Qual é o seu lugar. Viva seu sonho na sua mente e no seu coração, mesmo que ainda não tenha acontecido.

Você já está no caminho.