As vezes, a gente cansa. A gente corre tanto e carrega nos ombros fardos que não são nossos. Depois, derrubamos tudo, porque não damos conta. Depois, percebemos que nossos braços são curtos - ou estão ocupados - e não podemos abraçar o mundo. Aí, a gente cansa. E quando cansa, perde a fé, o brilho, o charme, o rebolado, a gente desiste. Simplesmente deixa pra lá.
Antes deixar pra lá fosse mesmo a atitude dos covardes, dos fracos, dos sem personalidade. Seria, ao menos, fácil. Mas abrir mão, deixar ir, desistir, é coisa pros fortes. Tem que ser muito inteligente pra ver que dar murro em ponta de faca só faz cortar as suas mãos. E tem que ser muito corajoso pra passar de covarde, mesmo sabendo que você não é, e desistir. É preciso ser muito confiante para virar as costas - certo de que nada vai te acertar. E muito humilde pra saber que sua história tem que andar e que as coisas vão continuar caminhando sem você.
Tem que respirar fundo, se olhar no espelho e ter a força de dizer: "você é substituível, meu bem!" Essa é a parte mais difícil, mais dolorosa. Queremos ser únicos. Aquelas pessoas que passam na tv, que conseguem mudar o mundo e estão sempre sorrindo.
Mas eu sou só a garota insone com dor de estômago e tensão nos ombros. Eu sou substituível. E você também é. E outros serão depois de nós. Não somos importantes. Não fazemos história. E não faremos mais do que a nossa própria história - o que já está de bom tamanho, não é?
É preciso deixar ir. É preciso ter coragem de se atirar ao mar. Ou de virar as costas e voltar pra praia.
Coisas precisam ir para outras coisas poderem chegar. Histórias, destinos, pessoas, empregos, escolas, amigos, livros, caminhos... Não se pode estar em dois lugares ao mesmo tempo e (como aprendemos desde cedo) cada escolha, uma renúncia.
Então, as vezes, vemos alguém desistir. Ir embora. Deixar pra lá.
Mas talvez esse alguém só esteja dizendo sim pra outra coisa.
Pense: do que você abriria mão para ter o que quer?
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