sexta-feira, 21 de junho de 2013

Contato

"Existem 400 bilhões de estrelas só na nossa galáxia, se apenas uma em um milhão tiver planetas, e se apenas uma em um milhão dessas tiver vida, e se apenas uma em um milhão dessas tiver vida inteligente, deve haver literalmente milhões de civilizações no universo."

"Se não houvesse vida fora da Terra, o Universo seria um tremendo desperdício de espaço."

Sou dessas que não sabe direito em que acredita. Se acredito em Deus? Sim, claro. Se acredito na teoria evolucionista de Darwin? Sim, é bem lógica essa linha de raciocínio. Se acho que Adão e Eva discutiram a relação no paraíso? Não, não, aí já é demais...

Mas afinal, por que não posso achar que, apesar de termos evoluído pouco a pouco até sermos os sapiens sapiens, há um Deus lá em cima, olhando a gente brincar de livre arbítrio?

Uma vez, li num dos meus livros de história do ensino fundamental a teoria do Deus relojoeiro. Um cara gordo e barbudo com longas vestes estilo Dumbledore, que com suas mini chavinhas de fenda constrói um belo e dourado relógio. Ele o fez e é seu dono. Quando termina e o mundo-relógio está pronto, ele simplesmente o pendura na parede ou no pulso e o deixa funcionar sozinho. Não há interferência do Criador para que nada aconteça. As vezes, ele dá corda, troca a pilha, conversa com o relógio... Mas nunca vai fazer com que o relógio frite ovos. Relógios marcam as horas.

Da mesma forma, acredito num Deus que sussurre amor e inspiração a nós, as engrenagens de seu relógio, para que tudo funcione bem, mas não num Deus que, de hora pra outra, vá desmontar o relógio e mudar suas funções. Não acredito tanto em milagres operados unica e divinamente por Ele. Nós somos seus milagres. Suas engrenagens que fazem os ponteiros trabalhar. E milagres acontecem quando nós, pecinhas tão miúdas nesse Universo de engrenagenzinhas, sorrimos, ajudamos o próximo, gastamos tempo sendo gentis, abrindo a porta do banco pra velhinha ou esperando o pedestre atravessar a rua. São dessas pequenas atitudes que nascem os milagres.

Pra mim, Deus não está nas igrejas. Deus está naquela nuvem brilhante que eu vejo num dia triste. Eu olho pra luz e penso: "obrigada por me fazer companhia, é bom não estar sozinha com a tristeza". Deus está naquela criança que, sem saber o que está acontecendo, abraça carinhosamente a mãe que chora. Ele está naquelas risadas gostosas, naquele dia difícil em que, no fim, ainda conseguimos pensar positivo. Deus está no amanhecer e no anoitecer. Está naquele pôr do Sol que vejo da minha janela. Está nos bichos e nas plantas e nas cores e nas crianças e nas amizades e nos livros e na leveza, na alegria, na dúvida e até mesmo na introspecção. Acho que Deus nenhum vai exigir de nós nem perfeição nem alegria o tempo todo. Deus deve entender nossas dores, nossas dúvidas, nossas lágrimas. Mesmo que não concorde com elas, ele entende.

O filme Contato, indicação/presente do querido Carlos Santiago, é realmente lindo. As cores, os céus... E a teimosia. Ser firme nos seus propósitos, nas suas convicções, mesmo quando tudo está de ponta cabeça. A gente sabe que remar contra a maré dói mais o braço. Mas pra sermos iguais a todos... Poxa, pra que estar nesse mundo, né?

Eu também acredito que Deus nos dê missões. Não aquelas tipo War, que você passa o jogo todo tentando cumprir. Mas algumas dicas de caminhos, de talentos... Tenho um amigo que é meio como um anjo. Todos que conversam com ele veem ali um alguém em quem se pode confiar. E dez minutos depois, estão compartilhando suas vidas. Ele tem o dom de trazer alegria. Eu queria ter esse dom, mas não tenho. Talvez meu dom, meu talento, seja essa coisa de querer sempre ajudar o próximo e essa capacidade de ver o melhor em cada pessoa. Sei lá... É nessa parte, pelo menos, que eu costumo prestar atenção. Eu confio em todos, num primeiro momento. E que se dane quantas vezes isso já me magoou. Vou continuar confiando. Mais e outra vez.

Isso é um dom? haha Deus deve gostar de gente que se esforça pra encontrar qualidades e motivos pra gostar das pessoas. Né?

Só Deus sabe das nossas conversas, que alguns chamam de orações. E mesmo que minha mãe chore quando eu não vou na missa, Deus sabe que eu gosto muito dele e que o tenho sempre bem perto de mim, como eu faço com os bons amigos.

Então, Deus deve entender que eu sou imperfeita e doidinha. Mas ele sabe também que esse é o meu jeitinho escorpiano de conversar com ele, de estar presente, de demonstrar que eu o quero pertinho de mim. E acho que ele me respeita e ama, desse jeito.

Recomendo o filme a todos, assim como o livro A Cabana.

Beijinhos, bom dia.

Jaqueline Rosa, de óculos vermelho.

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