quarta-feira, 27 de julho de 2011

O que te faz feliz?


Se quer saber, um bocado de atenção, além de me fazer feliz, lubrifica minhas cordas vocais com a alegria de quem é ouvido, de quem faz sentido. Educação e sinceridade no bom dia me fazem acreditar na capacidade do ser humano de evoluir. A gentileza de segurar a porta pra alguém passar ou parar o carro pra alguém atravessar a rua me faz sonhar com uma gente mais bonita, mais simpática, mais verdadeira... mais feliz. Não jogar lixo no chão me faz feliz. Não perder as esperanças me faz ter forças de respirar, de viver, de lutar. E sem respirar, viver e, claro, lutar, não dá mesmo pra ser feliz.

Mingau de aveia me faz feliz. Sorvete de flocos me faz feliz. Cartões escritos à mão me matam de felicidade. Matéria no jornal, comentário no blog, scrap no orkut, brigadeiro, telefonema. Livrarias me fazem feliz. Bibliotecas me fazem viajar e viajar me faz feliz. Janelas me fazem feliz. Amigos me fazem ter certeza de que a felicidade existe.

Duvidar não me faz feliz. Mas a dúvida é o caminho pra se questionar e descobrir. E conhecer me faz feliz. Aprender me faz feliz. Mudar... Mudar faz parte do caminho pra felicidade. A cada dia que passa, mais entendo o quanto preciso me esforçar e cobrar de mim pra seguir adiante, porque não me contento com pouco e, então, se eu não me policiar pra alcançar aquelas minhas metas, nunca vou poder ser feliz - porque nunca vou me contentar com tão pouco...

Conquistar, crescer, ajudar - isso me faz feliz, mesmo que antes eu me contorça de gastrite nervosa e chore e trema e caia e sinta e doa. Amar me faz feliz - e ser amada, ainda mais. 

Beeijos, Jaqueline.

PS: felicidade de hoje foi subir na balança e, descontando os oitocentos gramas do All Star de couro, pesar menos que sessenta quilos.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Cartão

Sou do tempo em que se escreviam cartões de aniversário, de natal, de feliz qualquer coisa, mas em conflito com a distância daqui até a papelaria mais próxima e a pressa com que meu cartão não chegaria as mãos do seu destinatário, permito-me contrariar o meu princípio a respeito de palavras escritas à mão e providenciar uns cumprimentos virtuais àquele que, também virtualmente, conheceu primeiro meus textos, depois a mim e que com o tempo se tornou o que eu chamo não mais de amigo, mas de conselheiro.

Um alguém a quem muitas vezes já faltei, mas que sempre esteve lá pra me salvar, me dar um mapa mostrando o caminho, tirar a venda dos meus olhos e me fazer enxergar. Um alguém sempre sorridente, mesmo preocupado. Sempre atento, mesmo com tantas coisas na cabeça. Um alguém que me orienta e me inspira a ser uma pessoa melhor, uma cidadã melhor. Que me faz ter pesadelos, mas, ainda sim, a lutar pelos que precisam. Que pergunta no mínimo três vezes por conversa se está tudo bem mesmo com você.

Ao Renato Violardi, esse alguém tão tão precioso na minha vida, ficam os meus votos de paz, tranquilidade, sucesso, saúde e perseverança; se não perdermos a fé, nada mais poderá nos abalar. Lembre-se que a fé ri das impossibilidades, que o impossível é só questão de opinião.

Muito obrigada por tudo o que  você faz por mim, por todo carinho e atenção. Obrigada por confiar em mim e não desistir dos meus sonhos, mesmo depois de eu tê-los esquecido.

Um beijo, amigo.

Jaqueline.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Meu filho, você não merece nada!!

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada.

Por ELIANE BRUM

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

Beeijos, Jaqueline.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Amarras

Acho que poderíamos riscar, nessa manhã de céu azul,
do texto Alfabeto os itens d, e, f, g, l, m, n, tx e z.

Estou tentando, com paciência e, juro, uma força de vontade que não sei direito onde estou buscando, desamarrar essas amarras mentais. Metade das coisas que me aflingem são resultado de uma preguiça estúpida de me esforçar mais. Quero livros, quero teses, quero escrever mais. Quero transformar minha faculdade na melhor opção que poderia ter feito. Quero exigir que meus professores lecionem. Quero mandar às favas todos os que não trabalham pelo bem comum. Quero fazer minha parte sem cobranças e sem gastrite. 

Quero estudar, conhecer, descobrir. Quero aprender. Quero ver os filmes que não vi, dançar as músicas que eu tanto gosto, subir naquela sapatilha de ponta, mudar a cor da corda.

Quero ter forças pra assumir responsabilidades. Quero ter fé pra acreditar nos sonhos. Quero ter com quem me divertir de vez em quando.

Quero. E querer, Jaqueline, não se esqueça, querer é poder.

Beeijos, Jaqueline.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Citação

"É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. Mas amor, você sabe, amor não se pede."

(Tati Bernardi)

sábado, 16 de julho de 2011

Alfabeto

Há duas noites só durmo quando beira as duas horas da madrugada, depois de chorar copiosamente e, aos soluços, divagar pela maior gama de pensamentos negativos dos últimos tempos.

Penso que essa será a terceira noite.

No momento estou me sentindo a) frustrada com a minha realidade intelectual, b) medíocre em relação aos grandes projetos de vida profissional dos meus amigos, c) abandonada, já que "saudade é uma palavra forte demais" e as pessoas só lembram de mim quando me vêem comentar o quanto me esqueceram, d) desvalorizada, já que só vale a pena me buscar porque acabou a cerveja e alguém vai ter mesmo que pegar o carro, e) largada, já que meus problemas parecem ser motivo de desvios negativos no humor alheio, f) desencorajada, visto que dizer "calma, querida, estou com você, tudo vai dar certo" parece ser uma tarefa irrealizável e muitíssimo mais difícil que criticar e dizer "eu bem que avisei", g) gorda, pois ando tendo que matar a solidão no carbocídio, h) ansiosa, porque ser jornalista, estudante, capoeirista, inspetora, bailarina, filha, namorada, voluntária, salvadora do mundo e, puts, promoter NÃO É FÁCIL.

Também estou me sentindo, se é que alguém consegue sentir tanta coisa ao mesmo tempo, i) carente de aventuras e magia, coisas pequenas e especiais, j) cansada de ouvir a palavra dinheiro, e a ideia de que isso é a coisa mais importante da vida, l) mendiga, já que ando suplicando atenções, beijos e saudades - em vão. M) frágil, como uma boneca de louça antiga, prestes a cair de cima da cômoda e, o que é pior, n) órfã, sem ninguém que possa simplesmente abrir mão de alguma coisa pra me abraçar enquanto todos os meus medos tentam explodir meu coração.

Ah sim, senhoras e senhores, ando sentindo o) um medo avassalador de chegar aos quarenta e cinco sem o nível intelectual que combinamos pro café filosófico, sem ter conseguido mudar um pedacinho do mundo sequer p) dor nas costas de tanto remar contra a maré, q) como se fosse a jogadora que chuta, cobra o escanteio, cabeceia, defende o gol e apita - e vibra na torcida.

Às vezes me acho r) fracassada, por ter um 5,5 no Portal Educacional, s) preguiçosa, por parecer que não faço o suficiente pra superar os obstáculos, t) má atriz, já que não ando conseguindo disfarçar minha tristeza, u) mulherzinha, esperando duas horas e meia o príncipe resolver aparecer.

Estou v) magoada, porque sei que tudo isso não vai desaparecer como as rosquinhas de leite da Panco que estavam em cima da mesma ontem, x) insone, mas graças a Deus tenho twitter no celular, y) carente, por necessitar de especial atenção nesse momento da minha vida e z) sozinha: afinal, os ouvidos que deviam ouvir meu desabafo, estão ocupados com solos de guitarra e risadas histéricas, as mãos que deviam afagar meus cabelos para que eu dormisse sem chorar estão em volta de uma lata de alumínio, os olhos que eu esperava que vigiassem atentos, para o caso dos monstros saírem de baixo da cama, estão meio fechados e sem foco, por causa do álcool. A boca que eu esperava que pudesse me dar um beijo suave e dizer pra não pensar em nada disso, que ele estava ali para me proteger, deve, nesse momento, estar falando bobagens para homens igualmente bêbados, bravo por ter sido contrariado.

De qualquer forma, sobreviverei.

Beeijos, Jaqueline.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A que na vida não tem norte

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!


(Florbela Espanca)

Só que as pessoas me veem, sim.
E sei muito bem por quais motivos choro.

Beeijos, Jaqueline.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Sair só

"Apaixonar-se, mas apaixonar-se de verdade, significa jogar o próprio coração no abismo — e só depois saltar atrás dele..." Edson Marques

Hoje, estou tal qual um ser em coma que, calado, só respira. Estou poupando minhas cordas vocais, que paradas já doem o suficiente, pras palavras necessárias e meus ouvidos pro piano da aula de hoje a tarde. Estou ligeiramente triste. Delicadamente irritada. Brutalmente suave. Tentei ter a simpatia que me esperam, mas, sem retorno, desisti. Mas não me dei ao trabalho de não o ser, também. Não estou me dando ao trabalho de nada. Só escrever e pensar. Se parasse, poderia chorar. Mas não seriam lágrimas verdadeiramente tristes, só teimosas.

Não estou magoada, nem a chateação dura mais do que o perímetro do trabalho. Nem é ansiedade, nem tensão, nem saudade. Talvez fisessem bem uns chamegos, resultados, retornos, uma gente bonita e responsável, umas horas correndo mais depressinha. Ou um balde de beijinho (desde que doce, literal ou figuradamente).

Ao mesmo tempo que podia morrer, desmaiar ou virar uma estátua, queria mesmo era correr, gritar, resolver todos os problemas e ainda ir na aula de ballet. Ou talvez coma um chocolate e fique olhando o teto do meu quarto, com o Lenine gritando em meus ouvidos.

De qualquer forma, hoje é terça feira. Dia de pagar o cartão de crédito e ficar triste porque o dinheiro acabou.

Beeijos, Jaqueline. 

PS: Não demora eu tô de volta. Tchau! Vai ver se eu to lá na esquina, devo estar. Já deu minha hora e eu não posso ficar. Tchau! A lua me chama, tenho que ir pra rua.

2ª Festa Julina do Vale Verde