quinta-feira, 13 de maio de 2010

Escrever e amar

"Se me perguntas por que escrevo
Eis a resposta
Escrevo para que eu não envelheça
Escrevo para gritar
Aos quatro cantos
Que eu existo
Escrevo para revelar sonhos incontidos
Vontades reprimidas
Escrevo para que chores comigo
E rias também."
(João Reginaldo de Melo)
 
"Só o desejo inquieto, que não passa,
faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
pela doida aventura da caçada...!"
{Mario Quintana}
 
E antes de mais nada, desculpar-me pela hipocondria poética que cá publico.
Não é que, necessariamente, me encontre nesse estado d' espírito.
Muito pelo contrário, as coisas andam melhorando por aqui.
 
Ando tendo um sério problema com aquela timidez represada. Sim, aquela que ninguém acredita que eu possua. Essa semana, acho que bati meu recorde de comentários. Uma atualização teve quatro. Nossa! Pro Amnésia, acreditem, é um recorde.
 
E sei que alguns alguéns entram aqui invisivelmente. Anonimamente, nas pontas dos pés. E depois, saem pela janela, pela porta dos fundos. E confesso nunca ter ficado tão orgulhosa de tantas visitas, mesmo às escondidas, e comentários. De certa forma, penso eu, se alguém entra aqui uma vez, é curiosidade. Se entra duas, é porque gostou. Então, apesar do péssimo gosto de vocês, por lerem as bobagens que eu escrevo aqui, obrigada! Vocês fazem com que eu avance, com que não desista dos meus propósitos.
 
Por outro lado, não posso deixar de pensar que, poxa vida!, é inevitável sentir essa vergonha, dessas que deixam as bochechas vermelhinhas, de que me decifrem assim, sem o menor pudor.
 
Porque escrevo com a cabeça, alma e coração. Me desnudo completamente em meus textos e quem me conhece me encontra neles com uma facilidade incontestável. Nua. Entregue. Sou tão sincera no que escrevo que me envergonho dessa transparência, dessa intensa vulnerabilidade.
 
Ao mesmo tempo, acredito que nem todos conseguirão me ler de primeira. Vão ter que aqui voltar mil vezes mais pra tal e até lá já terão enjoado das minhas babaquices. E há a possobilidade de interpretarem errado e, então, nunca se darem conta de que falo de mim ou de algum de vocês.
 
Mesmo assim, a vergonha. O pudor, a timidez.
 
Ando me esforçando pra que isso - a ideia de que alguem realmente me leia - não me atrapalhe na hora de criar. Que minha inspiração não seja vetada pelo medo de ser mal interpretada, amém. A cada nova atualização, um novo desafio. Livrar a mente dos rostos que me intimidam, esquecê-los por um momento ou dois e, então, escrever. Desprender-me daquilo que percorreu a tríade alma-mente-coração. Dispor de tudo, juntar em letras, traduzir.
 
Sou um paradoxo.
 
Abaixo, um de Florbela e um dum anônimo.
 
"Eu queria mais altas as estrelas,  
Mais largo o espaço, o Sol mais criador,
Mais refulgente a Lua, o mar maior,
Mais cavadas as ondas e mais belas;
Mais amplas, mais rasgadas as janelas
Das almas, mais rosais a abrir em flor,
Mais montanhas, mais asas de condor,
Mais sangue sobre a cruz das caravelas!
E abrir os braços e viver a vida:
- Quanto mais funda e lúgubre a descida,
Mais alta é a ladeira que não cansa!
E, acabada a tarefa… em paz, contente,
Um dia adormecer, serenamente,
Como dorme no berço uma criança!"
(Florbela Espanca)
 
"Não vou mais dizer que gosto de você. Que sinto sua falta, que você é importante ou especial. Sem querer, disse uma vez (escapou-me dos lábios) e nunca mais. Foi-se. A piada, o irônico, é que sei que é isso que você vem querendo me dizer há vários meses. Mais óbvio que a falta que lhe fiz nesse meio tempo... Será que existe maior transparência? Ou acha que os comentários não foram trazidos a mim pelo vento, passarinhos verdes ou amigos em comum? Pode piamente acreditar que não, mas (sim!) eu o conheço e sei seu modo medroso de evitar sentimentos, evitar subir às alturas por alguém que possa a qualquer momento lhe empurrar lá de cima e você, barranco à baixo, se arrepender. Você tem medo, isso sim. Tem medo de cair e ralar seu joelhinho, rasgar sua calça jeans. É uma lady que pensa que a vida pode ser vivida solitariamente, mas que no fundo sabe as dores que isso causa. Sabe bem quantos livros e litros são preciso pra se distrair da saudade. O que o torna absurdamente óbvio aos meus clínicos e míopes olhos, que contraditóriamente querem e não querem olhar os teus. (...) Cada vez mais me vejo forte e independente de você. E não, não quer dizer que não o queira mais. É mais uma questão de querer que de necessitar. Não é mais água pra matar minha sede, é só meu sabor de suco favorito, o que eu prefiro sorver. (...) Sendo assim, lhe deixo caber a decisão de viver ou ver a vida passar. De se entregar a mim ou a si, solidão."
(?)
 
Beeijos, Jaqueline.

2 comentários:

Unknown disse...

Ficar nua assim é atentado ao pudor! - Só pq antes de ser serio eu preciso fazer uma piada

Olha... sou o primeiro a comentar haha

Inspiraçao é facil de se conseguir.... dificil é conseguir colocar o que nos foi inspirado no papel (ou na tela no pc, ja que somos mais moderrrninhos) e isso vc sabe fazer, moça

Erick

ps: antes de enviar o comentario vou dar um CTRL C no que escrevi pq sempre erro essas letrinhas malditas, dae se der erro nao preciso escrever de novo

Luiz Loureiro disse...

haha viva viva... vai escrevendo muito bem jaque, se isto aqui for vc nua, de fato vai sempre muito bem, nesse caso, em todos os sentidos hehe

mas deixo de elogios, pq palavras se gastam, e nao é isso q nós queremos, sim?

o fato é que vais sim muito bem, e o seu estilo de escrita e entrega da verdade de do sentimento as palavras é alem de caloroso, mui agradavel sim... parabens!

a vergonha é pra os fracos nao é? hehe só devemos nos envergonhar do que é feio, todo resto é santo-sacro hehe

bjo!