"Não é que eu fiquei velho.
Eu já nasci assim."
De sábado pra cá andei pensando nas diferenças entre eu e outras pessoas da minha idade (e às vezes mais velhas que eu). Não me gabo por nenhuma das minhas escolhas, apesar de as ter tomado julgando-as melhores do que as outras opções. Muito pelo contrário, continuo duvidando de mim. E me julgando e xingando e exigindo. Mas simplesmente não dá pra ignorar que 99,9% das pessoas que eu conheço pensam absurdamente diferente de mim.
Sim, eu gosto de política. Sim, eu me engajo em atividades sociais, eu me preocupo com o meio ambiente, gosto de acordar cedo. Gosto de ler. Gosto de entender as coisas e não gosto de perguntar. Vou participar do concurso da CNN. Amo minha cidade, não quero morar em São Paulo. Tenho amigos de mais de 30 e menos de 15. Gosto de filosofia. De Ana Carolina, de Caetano Veloso, de poesia. Prefiro a Nobel à Le Postiche. Não passo sombra pra ir pra faculdade. Nem uso salto alto.
Busco, acima de todas as aquisições materiais e o acúmulo de dinhiero ou status, o engrandecimento psicológico e emocional. Quero minh'alma forte e elevada. Quero levar meus amigos pra mais perto da felicidade. Quero reconhecimento pelos meus méritos, mas só aqueles que merecerem, que forem conquistados com meu próprio labor.
Não critico nem difamo quem é oposto. Gosto de opostos. Só quero constatar, com este, o quão velha eu às vezes me sinto. Velha por dentro. Com a alma tão seca quanto as páginas dos livros que eu leio tão desesperadamente, pra citar JKR.
Às vezes me sinto velha, me sinto no lugar errado. Cercada por pessoas que curtem bandas pop-emo-colorido, mas que não tem a sensibilidade de ler um poema piegas de meio século atrás. Pessoas que veêm Avatar, mas que não pensam além do fim do filme. Pessoas que desistiram do teatro. Dos musicas e ballets. Que desistiram dos contos de fadas, dos desenhos animados.
Nessa hora, me sinto uma criança de seis, talvez cinco anos.
A juventude estagnou-se num período insossamente intermediário. Nem a alegria da infância, nem a garra e força da juventude, nem a maturidade da vida adulta, nem a experiencia da velhice. Não são nada. Nem alegres, nem esperançosos, nem guerreiros, nem cientes, nem prontos, preparados ou maduros.
Não são nada.
E assim, me sinto muita coisa.
Uma overdose de movimento. De sons, de passos, de gritos, de exclamações, pontos, vírgulas e reticências.
Sim, muitas reticências.
Mas não reclamo desta minha condição inominável. Gosto dessa miscelânia de conteúdo. Sim, às vezes cansa. Desgasta. Mas são ossos do ofício e, de qualquer forma, se pode mudar o que se tem, mas não o que se é.
"...não sabe viver gradualmente: ela quer comer a vida de uma vez."
Beeijos, Jaqueline.
Um comentário:
otimo texto jaque!!! como sempre, em grande forma e estilo! haha parabens!
qnto ao dito, concordo com vc! haha estranho eu concordar com alguem, não? haha mas com vc pode! hehe
bjos crida até a vista!
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