O tic tac do relógio que comprei para a cozinha ecoa pela casa. É incrível como o silêncio amplifica as pequenas questões. Está tudo escuro, a não ser pela luz da tv, que há muito nao ligamos. Da sala, além do relógio, ouço as respirações daqueles que dormem, principalmente do marido e de um dos gatos.
Fecho os olhos e respiro fundo. O sono até vem. O cansaço me dói as pernas e braços e músculos vários. Mas quando fecho os olhos, fico esperando meu bebê acordar. Ele gosta de fazer isso quando estou prestes a pegar no sono. Só hoje, já acordou mais de cinco vezes nas últimas três horas. Quem dorme, desse jeito? Se bem que acordar não é a palavra exata pra um bebe dormindo e sonhando e se debatendo e chorando que só acalma no colo, no peito, no cheiro de mãe. Na última, o ninei sentada, ele escorregando do meu peito para o meio das minhas pernas. Quase 70 cm de criança. Um bebê robusto, pesado, que me pesava o braco esquerdo. Ele mamou e dormiu. Antes de suspirar, dava sorrisinhos, acalmando sua expressao no sono. Uma imagem que fotografei com os olhos pra nunca esquecer...
Entre o tic tac do relógio e o ronco dos que dormem, sigo. Pensando na vida, nas contas, nas brigas, nos próximos capítulos. Tentando dormir. Tendo sede. Não conseguindo...