quinta-feira, 26 de julho de 2018

Mas é de frango

Hoje comprei uma coxinha de presunto e queijo pro meu noivo e, quando ele mordeu, era de frango.

Fiquei pensando nisso, por horas. Na analogia que a vida me deu, logo pela manhã. Pensei em quantas vezes, no dia a dia, eu entrego uma coisa a alguém achando que terá um sabor e, quando essa pessoa recebe e da a primeira mordida, é outro.

Pensei em todas as vezes que achei que estava entregando convites, mas na verdade era egoísmo, carência. Nas vezes que pensei entregar carinho e na verdade entreguei invasão. Nos dias que achei que dava oportunidades de se abrir e na verdade foram apenas cobranças. Pensei nas vezes que pensei estar ajudando mas na verdade estava me metendo.

E ainda, nas vezes que dei sinceridade, mas deveria dar silêncio. Nas vezes que quis dar colo, mas devia ter dado espaço.

Eu erro demais. Erro o tempo todo. Trago coxinha de frango, mas juro que pedi de presunto. Fico frustrada porque erro tentando acertar. E só percebo que erro quando já é tarde demais e já errei.

Nesse caso vale ainda a boa intenção (da qual dizem que o inferno esta cheio) ou só valem as ações quando saem como planejado?

E não seria a busca por tantos acertos a real causa de tantos erros?

Não sei... sei que sou absolutamente imperfeita, errada, errante (mas nem sempre na estrada e quase nunca distante). Sei que minha intensidade pesa. Sei que minha presença preenche espaços demais. Sei que sou espaçosa e falante e cheia de perguntas inconvenientes e medos dramáticos. Peço perdão.

Sigo na luta, buscando um caminho de equilíbrio entre a fala e o silêncio, a presença e a distância, o aperto e o espaço. Sigo buscando uma forma de libertar sem abandonar. Apoiar sem pressionar, ajudar sem dizer o que fazer. Ouvir sem interromper, falar sem criticar, conhecer sem julgar.

E nessa jornada de auto conhecimento e de amadurecimento, vou errar demais. Ainda vou errar muito. Peço perdão. Peço paciência. Peço gentileza com o meu processo de aprendizado. Só posso prometer seguir em frente nessa busca de ser melhor que eu.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

do primeiro jogo de panelas a gente não esquece

Domingo foi... Bom, domingo. Típico. Como é de se esperar que os domingos dos casais sejam (pelo menos dos casais cheios de trabalho e compromissos no sábado).

Não colocamos despertador. Dormimos até dizer chega e o corpo pedir pra ficar de pé. O sol já esquentava lá fora quando, descabelados, tomamos café. Um pouco de conversa, nossa playlist na tv, um cigarro. E de repente... faxina! Ela começou devagar e foi tomando ritmo e domando a casa: o chão da sala e do quarto, todas as partes do banheiro, a grama que precisava de corte, a área e até o cobertor da cachorra: tudo foi sendo resolvido com uma intenção ímpar. Do sofá, era um olho no peixe e outro no gato. Ou seja: um vendo Greys Anatomy e outro no gato fazendo faxina. Fica aí no sofázinho descansando, ele me disse. Engoli minha intromissão e me pus a admirar. Ele fica realmente sério quando está concentrado e não tem nada mais harmonioso do que aquele homem determinado, com a mão na massa.

A barriga roncou e era hora de ir pra cozinha, missão que assumi com alegria. Cozinhar é e sempre será uma forma de amar. Na comida você coloca sentimentos. Sempre acreditei nisso... Nada de mais: arroz fresquinho, brócolis refogado, uma omelete de queijo e tomate, salada de tomate e pepino. Aquele típico almoço que a gente faz com o que tem porque tá com preguiça de ir ao mercado. 

Em seguida, mais simplicidade. Eu lavei a louça, ele voltou pra arrumação. Depois, banho e Netflix. Nos olhamos e o desejo dos nossos corações foi proclamado: sobremesa! Fomos comprar sorvete e bolacha recheada (engraçado: o ânimo inexistente pra comprar coisas pro almoço renasceu fortificado a hora de ir buscar a sobremesa...). Sem dizer uma palavra, tiramos os carros da garagem e ele me deixou dirigir o carro dele. Fomos. Não há quase nada tão gostoso quando ir ao mercado com ele. Nossas mãos firmes um no outro. A minha na sua cintura, a dele sobre meus ombros, segurando minha outra mão. Não vejo a hora de fazermos nossa primeira compra, ele me disse... Eu também não, meu amor...

Voltamos pro sofá cada qual com um pote de sorvete com Chocolícias quebradas por cima. Me aninhei naquele colo, envolta naqueles braços, recostada no seu peito e lá fiquei. Durante a maratona, sentia seu cheiro, ouvia seu coração... Estava tão em paz, tão... Plena. Dizem que felicidade é um momento que você gostaria que durasse para sempre. Sim, eu poderia ficar pra sempre naquele domingo. Naquele abraço, naquele aconchego... Nos encaixamos tão bem...

E depois desse domingo caseiro, cheio de conversas adultas sobre um breve e lindo futuro que aponta no horizonte, eis que comprei meu primeiro jogo de panelas. Um belo kit que me fez sentir tão animada com todas as perspectivas... E já as imagino sobre nosso fogão, de onde um delicioso strogonoff sairá, pra afagar meu coração faminto e celebrar mais um domingo feliz. 





Você já era meu lugar de paz, muito antes de ser qualquer outra coisa.
Você já estava predestinado a mim, muito antes do seu caminho se cruzar com  meu.
Eu já era sua, muito antes de saber que você existia.

Tudo está certo. Tudo está como deveria estar. As coisas acontecem como tem que acontecer.

E seremos - como já somos - inquestionavelmente felizes.




Neoqueav.

Que venham os próximos domingos.