Hoje comprei uma coxinha de presunto e queijo pro meu noivo e, quando ele mordeu, era de frango.
Fiquei pensando nisso, por horas. Na analogia que a vida me deu, logo pela manhã. Pensei em quantas vezes, no dia a dia, eu entrego uma coisa a alguém achando que terá um sabor e, quando essa pessoa recebe e da a primeira mordida, é outro.
Pensei em todas as vezes que achei que estava entregando convites, mas na verdade era egoísmo, carência. Nas vezes que pensei entregar carinho e na verdade entreguei invasão. Nos dias que achei que dava oportunidades de se abrir e na verdade foram apenas cobranças. Pensei nas vezes que pensei estar ajudando mas na verdade estava me metendo.
E ainda, nas vezes que dei sinceridade, mas deveria dar silêncio. Nas vezes que quis dar colo, mas devia ter dado espaço.
Eu erro demais. Erro o tempo todo. Trago coxinha de frango, mas juro que pedi de presunto. Fico frustrada porque erro tentando acertar. E só percebo que erro quando já é tarde demais e já errei.
Nesse caso vale ainda a boa intenção (da qual dizem que o inferno esta cheio) ou só valem as ações quando saem como planejado?
E não seria a busca por tantos acertos a real causa de tantos erros?
Não sei... sei que sou absolutamente imperfeita, errada, errante (mas nem sempre na estrada e quase nunca distante). Sei que minha intensidade pesa. Sei que minha presença preenche espaços demais. Sei que sou espaçosa e falante e cheia de perguntas inconvenientes e medos dramáticos. Peço perdão.
Sigo na luta, buscando um caminho de equilíbrio entre a fala e o silêncio, a presença e a distância, o aperto e o espaço. Sigo buscando uma forma de libertar sem abandonar. Apoiar sem pressionar, ajudar sem dizer o que fazer. Ouvir sem interromper, falar sem criticar, conhecer sem julgar.
E nessa jornada de auto conhecimento e de amadurecimento, vou errar demais. Ainda vou errar muito. Peço perdão. Peço paciência. Peço gentileza com o meu processo de aprendizado. Só posso prometer seguir em frente nessa busca de ser melhor que eu.